Mulheres, Artistas e Brasileiras.

O Beijo, de Ana Maria Tavares (no fundo à esquerda) está entre as obras prediletas da presidenta Dilma. Foto: Paula Pratini.
Renato Acha
Fotos: Paula Pratini

A exposição Mulheres, Artistas e Brasileiras foi aberta no Salão Oeste do Palácio do Planalto na quarta (23) a partir da iniciativa da presidenta da República, Dilma Rousseff, com o objetivo de estreitar a relação entre o governo e a classe artística do país. A mostra foi organizada pela Presidência da República em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e contou com apoio do Ministério da Cultura (MinC), por meio do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Obras de Beatriz Milhazes, Leda Catunda e Maria Leontina. Foto: Paula Pratini.

Com 76 obras de 49 artistas, o público tem uma rara oportunidade de entrar em contato com um panorama do trabalho feminino nas artes visuais do Brasil do século XX e início do século XXI. A curadoria de José Luis Hernández Alfonso, diretor do Museu da Arte Brasileira da FAAP atendeu o pedido da presidenta e reuniu pinturas, gravuras, desenhos, tapeçarias, esculturas e objetos advindos de acervos de órgãos públicos, como o Banco Central do Brasil, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e dos acervos do Museu da Arte Brasileira da FAAP, do Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, do Museu de Arte de Brasília (MAB), do Museu Castro Maya e do Museu da República.

O curador José Luis Hernández Alfonso. Foto: Paula Pratini.

Na coletiva de imprensa na terça (22) o curador contou detalhes do processo de montagem e da relação da presidenta Dilma com a arte brasileira, bem como do marcante momento em que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama e sua esposa, foram recebidos no país e tiveram a visita à exposição como primeiro evento de sua movimentada agenda no país.

“A exposição foi um pedido especial da presidenta Dilma para mostrar os acervos de diversas instituições brasileiras. Ela esteve no espaço de montagem por diversas vezes antes da visita de Obama, é uma amante das artes e conhece nomes e sobrenomes das artistas. É a primeira vez que uma visita de um chefe de estado a um país começa por uma exposição, assim que Dilma cumprimentou Obama ela o trouxe para a galeria. Ela mostrou através das obras as características do Brasil, um país formado por diferentes componentes étnicos. É uma grande homenagem à cultura brasileira em uma notória visita. Eles gostaram muito quando souberam que ao chegar visitariam uma mostra de artistas mulheres. Michelle Obama logo disse ‘Yes’, ao saber da surpresa. Eles fizeram um percurso rápido mas interessante, que permitiu mostrar a diversidade cultural do Brasil de forma democrática, com obras do universo culto e da cultura popular. Eles foram muito acessíveis e mostraram que são pessoas que entendem de arte”.

Bonecas do Vale do Jequitinhonha. Foto: Paula Pratini.

José Luis Hernández Alfonso falou sobre a vinda do quadro O Abaporu, cedido pelo presidente do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, Eduardo Constantino, para ser exposto no Brasil. A sensibilidade da presidenta Dilma e seu conhecimento sobre arte também foram destacados pelo curador:

“A exposição é fruto de um esforço pessoal da presidenta Dilma. Ela conhece a arte e sabe da importância de O Abaporu para a cultura nacional. Em uma exposição de mulheres, no mês das mulheres seria muito importante a presença desta obra. Ela gostou muito de duas outras obras aqui presentes – uma pintura à óleo de Noêmia Mourão (Paisagem Marítima com Duas Moças – 1937) e a escultura O Beijo, de Ana Maria Tavares – que chamaram sua atenção, uma é clássica e a outra moderna e ambas têm muito lirismo. A presidenta é mais ligada a obras líricas, de cores suaves, voltadas à sensibilidade. A cor da obra de Noêmia Mourão foi o referencial para a escolha do tom rosa claro presente nas paredes do espaço expositivo.”

Em destaque a pintura de Noêmia Mourão. Foto: Paula Pratini.

A obra de Tarsila do Amaral é emblemática. O presente dado ao seu então marido, Oswald de Andrade, foi chamado de O Abaporu, pois representa o homem que devora outros homens, uma referência que posteriormente serviu como modelo para o Manifesto Antropofágico, texto icônico escrito por ele e que serviu, ao lado da pintura de Tarsila do Amaral, como principal referencial para o modernismo brasileiro.

A identidade brasileira se reafirma nesta exposição que celebra a chegada da mulher ao cargo máximo da política nacional. Dilma, que indicou uma mulher para o cargo de Ministra da Cultura, lança um novo olhar para o país e questiona, por meio desta mostra, como as questões de gênero devem ser repensadas em um país em constante mutação. Fato que deve ocorrer não somente no campo das artes, mas em todas as instâncias, primordialmente a social. Que a mostra Mulheres, Artistas e Brasileiras seja também uma anunciação de um maior respeito à cultura tradicional e popular de um país rico em sua diversidade.

A escultura é representada em diferentes gerações de artistas: Maria Martins, Luíza Luena, Nina Baar, Ana Maria Pacheco, Lygia Pape e Regina Silveira. Foto: Paula Pratini.
Pinturas em diversos gêneros, que variam, entre do abstracionismo à nova figuração, entre outras escolas. Foto: Paula Pratini.
O núcleo de Arte Naïf enfatiza a força da arte popular . Foto: Paula Pratini.

Serviço: Mulheres, Artistas e Brasileiras

Data: Até 5 de Maio.

Visitação: Diariamente, incluindo sábados, domingos e feriados, das 10 às 16 horas, e no horário noturno, de 18 às 20 horas.
Local: Salão Oeste do Palácio do Planalto Praça dos Três Poderes.