Museu da República recebe três novas exposições.

Até 19 de janeiro.

Rubem Valentim. Divulgação.

O Museu Nacional da República vai abrir três exposições nesta terça-feira (19) no Conjunto Cultural da República, próximo à Rodoviária do Plano Piloto. Mestre Didi (1917–2013) e Rubem Valentim (1922-1991) são dois artistas baianos que vão dividir o expositivo principal em “Simbólico Sagrado”. Um conterrâneo deles, Antonio Luiz Morais de Andrade (1953), o Almandrade, terá seus trabalhos exibidos na Galeria Acervo na mostra “Pensar o Jogo”. O mezanino recebe a mostra “Doações 2019”, que apresenta ao público obras cedidas por artistas ao equipamento ao longo do ano.

Com curadoria de Thaís Darzé, “Simbólico Sagrado” selecionou 95 peças dos autores. “É um diálogo entre as obras de dois artistas negros, baianos, que tiveram o auge de suas produções durante as décadas de 1960 a 1980. Traduzem valores e posicionamentos muito semelhantes, ao defender e difundir cultura e legado dos povos africanos, pensando numa identidade genuinamente brasileira”, explica a curadora.

Valentim e Mestre Didi usam referências de literatura, mitologia e religiosidade africanas, “transfigurando os objetos ritualísticos de matriz nacional em linguagem contemporânea e universal”, observa Darzé.

Nascido em Salvador, Valentim foi autodidata. Participou do movimento de renovação das artes plásticas nos anos 1950. Em 1957, mudou-se para o Rio e trabalhou como professor assistente no Instituto de Belas Artes. Viaja para a Europa, onde mora uma temporada, com prêmio do Salão Paulista de Arte Moderna nos anos 60. De volta, passa a residir em Brasília, onde leciona na UnB, e São Paulo, onde vem a morrer. Em 1972, faz um mural para o edifício-sede da Novacap em Brasília, considerado sua primeira obra pública. Acumulou vasta premiação.

Também de Salvador, Mestre Didi tem de família forte influência do candomblé. Ele aprofundou a relação entre ancestralidade e cultura, atuando como sacerdote, escritor e artista. Iniciou a carreira artística em 1964 com exposição individual em Salvador, seguindo para Rio, São Paulo, Buenos Aires, Europa e África. Participou de diversas exposições coletivas.

Almandrade – Artista plástico, arquiteto, mestre em desenho urbano, poeta e professor de teoria da arte das oficinas de arte do Museu de Arte Moderna da Bahia e Palacete das Artes, Almandrade participou de várias mostras coletivas e individuais. Integrou movimentos de poemas visuais, multimeios e projetos de instalações no Brasil e exterior. É um dos criadores do Grupo de Estudos de Linguagem da Bahia que editou a revista “Semiótica” em 1974.

A exposição no Museu da República reúne obras de 45 anos de carreira do artista. São mais de 80 obras em técnicas variadas como desenho, escultura, pintura, maquetes e objetos, escolhidas pela curadora Karla Osório em conjunto com o artista.

O texto de divulgação cita o semiólogo e também artista Décio Pignatari sobre Almandrade: “Ele capricha nas miniaturas de suas criaturas, cuja nudez implica mudez, límpido limpamento do olho artístico, já cansado da fantástica história da arte deste século interminável, deste milênio infinito.”

O trabalho desse baiano transita entre a geometria e o conceito, entre a forma e a palavra, entre o rigor espacial e a poesia. Seu trabalho, iniciado em meio ao vigor criativo que marcou o movimento artístico na década de 1970, representa, segundo a curadora, “a própria universalidade da arte, alternando-se entre a estética construtivista e a arte conceitual e experimental”.

Doações 2019 – O público ainda poderá visitar, rever ou conhecer trabalhos de artistas que passaram pelo Museu Nacional da República este ano e cederam peças que agora integram o acervo do equipamento.

Com o nome “Doações 2019”, visitantes apreciarão trabalhos de artistas consagrados como Yutaka Toyota, Sandra Mazzini, Ding Musa, Pedro Juan Gutiérrez, Gerson Fogaça, Lia do Rio, Nilce Eiko Hanashiro, Mila Petrillo entre outros.

“O Museu Nacional da República foi extensamente beneficiado este ano. Sem política de aquisição, pôde ver o enriquecimento de seu acervo graças a doações dos próprios artistas expositores, de galeristas e de instituições fomentadoras da cultura nacional”, registra o diretor Charles Cosac.

Destaca o papel do Instituto Itaú Cultural, que cedeu ao espaço obras de Kenji Fukuda, Maria Bonomi, Roberto Burle Marx, Renina Katz e Tomie Ohtake. Da segunda edição do Prêmio Vera Brant, o Museu recebeu e expõe trabalhos de Rafael da Escóssia e Silvie Eidam. Do Prêmio Transborda, pintura de Alice Lara e fotografias de José de Deus. “Esses são quatro nomes da nova geração da arte visual contemporânea nascidos na capital federal”, frisa o diretor.

O acervo também cresceu a partir da mediação da galerista Karla Osório, com trabalhos da artista sérvia Lucia Tollova, do marroquino Hassam Bourkia e do alemão Thomas Kellner. Foram também doados ao museu obras de Rodrigo García Dutra e Marcelo Solá.

Ainda estarão em exibição peças da multiartista Fayga Ostrower de um total de cinquenta obras entre gravuras e matrizes de diferentes períodos. Karin Lambrecht, artista brasileira de origem alemã atualmente radicada na Inglaterra, presenteou o espaço com 114 obras de sua autoria. “O Museu tornou-se o maior detentor público de seu acervo”, comemora o diretor.

Exposições
“Sagrado Simbólico”, com Mestre Didi e Rubem Valentim

“Pensar o Jogo”
Mostra individual de Almandrade

“Doações 2019”

Entrada franca
Visitação até 19 de janeiro
Horário de atendimento: terça a domingo e feriados: das 9:00 às 18:30
O Museu não abre nos dias 25 de dezembro e 1º de janeiro nem em feriados com grandes eventos na Esplanada dos Ministérios
Endereço: Setor Cultural Sul, Lote 2 Esplanada dos Ministérios
Classificação: Livre.