Artistas do DF, GO, MT e MS participam de residência artística no Núcleo de Arte do Centro-Oeste.

Dalton Paula. Corpo Indivíduo C. Divulgação.
Dalton Paula. Corpo Indivíduo C. Divulgação.

Um centro de artes pioneiro na Região Centro-Oeste. Inaugurado em 2014, o NACO – Núcleo de Arte do Centro-Oeste foi criado com o objetivo de estimular o compartilhamento de experiências, o intercâmbio cultural e a produção artística contemporânea, sem perder o vínculo com as tradições regionais brasileiras. De 4 a 19 de maio realiza a residência Imersão [em Território] Olhos d’Água, mais uma rodada de atividades envolvendo artistas radicados no Centro-Oeste.

O projeto, apoiado pelo Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 11ª Edição ocorre na sede do Núcleo, em Olhos d’Água, município de Alexânia (GO).Com infraestrutura construída especialmente para receber atividades culturais, o Núcleo conta com salas equipadas para abrigar residências artísticas, oficinas, seminários e exposições.

A intenção do NACO é concentrar-se na formação do artista e no estabelecimento de ações que favoreçam a conexão com a comunidade e com outros espaços de residências nacionais e internacionais. Para tanto, pesquisadores, críticos e curadores serão convidados para acompanhar os trabalhos desenvolvidos pelos artistas.

A residência é composta de cinco programas, que darão aos participantes a liberdade de criar e produzir seus trabalhos dentro ou fora de sua área de atuação: Estúdio Livre – o projeto de residência artística em si, com duração variável e com o objetivo de proporcionar encontros de grupos de diferentes vertentes e métodos de criação com o intuito de compartilhar experiências; Circulador – projeto de intercâmbio artístico internacional, desenvolvido uma vez por ano, em parceria com organismos internacionais; Workshops – que possibilitam o desenvolvimento de propostas específicas ou relacionadas ao programa de residências; Ação e leitura crítica de portfólios – proporcionando a oportunidade de conhecer a produção artística atual; e A comunidade encontra o artista – ação que abre espaço para que a comunidade local possa conhecer e/ou se integrar aos participantes das residências, com o objetivo de fomentar e difundir os repertórios culturais de crianças, jovens e adultos.

Thais Galbiati. Série  "Telefone sem fio".
Thais Galbiati. Série “Telefone sem fio”.

Da programação de maio de 2015, participam os artistas Dalton de Paula (GO), Daniel Pellegrim Sanchez (MT), Íris Helena (DF), Ricardo Theodoro (DF), Santhiago Sellon (GO) e Thaís Galbiatti (MS). Segundo Renata Azambuja, o projeto foi concebido a partir da necessidade de iniciar um processo de reconhecimento sobre a produção de arte na região Centro-Oeste. “Nenhuma temática foi estabelecida e os artistas desenvolvem trabalhos em linguagens variadas. O foco, desta vez, será no processo, no deslocamento, nos desdobramentos de linguagem, naquilo que constitui a residência em si”. Os trabalhos produzidos na residência comporão a exposição Imersão [em Território] Olhos d’Água e serão exibidos na Galeria Athos Bulcão, no Teatro Nacional Claudio Santoro. O objetivo da mostra é levar ao público produções desenvolvidas a partir de deslocamentos geográficos do artista para um contexto novo, com especificidades físicas e humanas, que são próprias do lugar em que ocorre a residência artística, gerando produções que, no processo, contribuem para a formação do artista e ampliam sua visão de mundo.

Ainda como parte da programação da residência, de 8 a 12 de maio, os artistas poderão participar de um workshop de criação e invenção com o artista plástico Elder Rocha Filho. Para o dia 11, está prevista uma mesa-redonda com professores de três universidades do Centro-Oeste: os artistas Ludmila Brandão (UFMT) e Rubens Pillegi (UFG). Estão previstas ainda duas atividades paralelas: uma visita a um pouso do Divino e duas sessões de cinema, nos dias 16 e 17 de maio, com curadoria do jornalista Ulisses de Freitas. Em cada sessão serão apresentados os longa-metragens Meu Winnipeg (Canadá, 2007, 80min, dir. Guy Maddin), 2007 e Hanezu (Japão, 2011, 91min, dir. Naomi Kawase).

Em novembro de 2014, o NACO promoveu os Workshops em Arte e Tecnologia, uma série de oficinas com foco em arte e mídia, como a Oficina de Curadoria e mídia, a Oficina Videoarte/projeção mapeada: paisagens e imaginários deslocáveis em Olhos D’Água e a Oficina de Design Gráfico. O Naco participa ainda, até 14 de junho, no Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios), em Brasília, da exposição Ondeandaaonda, mostra que mapeia os espaços destinados às artes plásticas do DF.

Ricardo Theodoro. Ode ao mar.
Ricardo Theodoro. Ode ao mar.

Os artistas

Dalton de Paula

Reside e trabalha em Goiânia. É bacharel em Artes Visuais e atualmente investiga o corpo silenciado no meio urbano. Suas produções propõem uma reflexão de questões contemporâneas, referentes ao medo, à efemeridade, ao individualismo e à alteridade. Discute também o pictorialismo contaminado por linguagens diversas através do seu corpo no campo da intimidade.

Daniel Sanchez

Autodidata, trabalha com liberdade técnica e com diversidade de materiais. Ao pesquisar diferentes temas e linguagens, explora os territórios da subjetividade e da arte experimental. Na Chapada dos Guimarães (MT), implantou uma galeria de arte especializada em arte popular mato-grossense. Como secretaria de Turismo, Cultura e Meio Ambiente de Chapada dos Guimarães, promoveu “festivais-conceito” e criou a Rota do Sonho.

Íris Helena

Nasceu em João Pessoa (PB). Seu trabalho se caracteriza pela investigação crítica e poética da cidade, da paisagem urbana. Utiliza diversas linguagens artísticas como a fotografia, fotoinstalações além de suportes/objetos retirados de seu consumo cotidiano. Participou de inúmeras exposições coletivas, como o 61º Salão de Abril, (Fortaleza/2010); o Prêmio EDP nas Artes (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo/2010); Participou da exposição City as a process na II Ural industrial Biennial of Contemporary Art (Rússia/2012). Participou das residências artísticas Interações (não)distantes (UnB/UAB) e da residência artística da Frankfurt Book Fair 2013 (Alemanha).

Ricardo Thedoro

Carioca de nascimento, viveu também em Brasília, Florianópolis, Salvador. Estudou Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília onde aprendeu a fotografar e se apaixonou por pensar as cidades. Em São Paulo, cursou uma pós-graduação em fotografia. Atualmente reside em Brasília, dedica-se ao mestrado na linha de Poéticas Contemporâneas, no VIS do Instituo de Artes da UnB e trabalha como professor no IESB.

Santhiago Vieira

Designer e artista urbano, Santhiago traz, em antigas lembranças, imagens de escadas retangulares, prédios em perspectiva ou salas vazias. Assim, apresenta um trabalho no qual a geometrização dos modos de expressão visual parece ser totalmente natural. Mesmo que alguns momentos de contato com o ambiente rural proporcionem experiências peculiares, para o artista, a volta para casa representa o reencontro com a urbe, o piche, as faixas de trânsito, canteiros de obra e prédios perspectivados ou cobrindo o horizonte. Acredita que intervir diretamente sobre a construção arquitetônica permite criar um diálogo entre o enredo da pintura, o suporte e a imagem pictórica, somando substancialmente para a composição de significados da obra.

Thaís Galbiati

Natural de Campo Grande (MS), é graduada em Artes Visuais pela Universidade de Mato Grosso do Sul (UFMS). Para a artista, o desenho é o centro, são conversas que apresenta do mundo contemporâneo: o mesmo que a atinge e a atrai. Traça da ousadia à informação, e pesquisa, de seus papéis guardados, o momento em que elas nascem. Ao apropriar-se e criar a partir de imagens prontas que encontra no cotidiano – cenas de internet, fotografias, revistas –, resgata novas narrativas e significados para as suas obras. Deseja um desenho simples e nítido, dramático e que trace sua revolta.

Sobre Olhos d’Água

Situado a 94km de Brasília e a 121km de Goiânia, o povoado de Santo Antônio de Olhos D’Água surgiu em torno de uma pequena igreja, fundada em 1941, em terras doadas por dois cunhados fazendeiros. O modelo arquitetônico da cidade conserva as mesmas características das antigas casas da região de Corumbá, com seus casarões coloridos. A gastronomia local oferece a tradicional comida goiana com pratos originários da culinária indígena, africana e portuguesa. Dentre os eventos tradicionais está a Feira do Troca, que ocorre duas vezes por ano, dando visibilidade à produção artesanal local da qual se sobressaem bonecas, anjos e santos feitos de palha de milho, além de peças feitas de barro, que vão de utilitários a figuras sacras.

Programação:

De 4 a 7 de maio – Apresentação dos trabalhos, artistas, equipe e da curadoria.

De 8 a 12 de maio – Workshop com Elder Rocha Lima Filho.

11 de maio – Mesa redonda com os artistas, Ludmila Brandão (UFMT) e Rubens Pillegi (UFG).

13 a 18 de maio – Continuação dos trabalhos e montagem interna.

16 e 17 de maio – Sessões de cinema

19 de maio – apresentação e conversa sobre a produção em exibição no NACO.

Daniel Sanchez. Resistência Queimada II.
Daniel Sanchez. Resistência Queimada II.

Serviço: Primeiro Programa de residência do Núcleo de Arte do Centro-Oeste
Data: De 4 a 19 de maio de 2015
Local: Olhos d’Água, Alexânia (GO).