Trinta parlamentares federais comparecem hoje à mostra “Não Matarás” em apoio à causa das artes e contra a censura.

19 de setembro.

Paul Setubal.

Nesta terça (19 de setembro) uma comissão suprapartidária formada por 30 parlamentares federais estará às 16 horas na exposição Não Matarás, no Museu Nacional da República, em Brasília. A visita é em apoio à causa das artes, contra a censura e em resposta a outros parlamentares liderados pelo Pastor Feliciano que tentaram fechar a atual exposição, cujos trabalhos (fotografias, pinturas, instalações e outras linguagens) tratam da arte de resistência, contra o ataque aos valores democráticos da liberdade, da expressão e da igualdade, e que recordam os anos de regime de exceção vividos pelo país entre 1964/1985.

A ação é também um protesto contra o encerramento autoritário da Exposição “Queer Museu” em Porto Alegre, censurada pelo Banco Santander. Para reagirmos a este mal que poderá vir como uma onda fascista sobre nossas cabeças temos que nos posicionar e apoiar a presença dos parlamentares que estão em defesa da democracia e no combate contra o moralismo arcaico e o fundamentalismo que se abate sobre o campo da cultura e das artes no Brasil.

Sobre a mostra “Não Matarás”:

Em 2013 a coleção “Não Matarás”, de José Zaragoza, foi doada ao Museu Nacional da República. O título se refere ao golpe militar de 1964. A célebre frase do pensador Mario Pedrosa: “Em tempos de crise é preciso estar com os artistas” e a coleção do artista catalão inspiram a mostra coletiva em exibição até 29 de outubro.

A mostra, com curadoria de Wagner Barja, conta com 42 artistas brasileiros de diferentes linguagens que promovem um diálogo com as obras de Zaragoza. Destaque para a presença de João Câmara, cuja obra “Exposição & Motivos de Violência”, de 1967, do acervo do Museu de Arte de Brasília (MAB), foi vencedora do Grande Premio do 4º Salão de Arte Moderna do DF. Na época, o espírito dos “anos de chumbo” fechou o prêmio de Arte do DF e vários artistas que participavam do evento tiveram suas obras censuradas e danificadas pela força bruta da Ditadura.

A exposição conta com obras e textos de conhecidos escritores e poetas, entre eles: Eduardo Galeano, Darcy Ribeiro, Mário Pedrosa, Mário Quintana, Millôr Fernandes, Ariano Suassuna, Mário Sérgio Cortella, TT Catalão, Luís Turiba, Vladimir Herzog, Chico Buarque, Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes traça um expressivo e criativo panorama dos conturbados contextos da política brasileira, em analogia.

Artistas Participantes: José Zaragoza, Ale Gabeira, André Parente, André Santangelo, Bené Fonteles, Bia Medeiros, Carlos Lin, Carppio de Morais, Christus Nóbrega, Cirilo Quartim, Corpos Informáticos, Flávio Cerqueira, Gilvan Barreto, Gisel Carriconde Azevedo, Henrique Gougon, Isabela Couto, João C Mara, José Roberto Bassul, Julien Gorovitz, Júlio César Lopes, Krishna Passos, Lis Marina Oliveira, Luana Navarro, Márcio Mota, Mário Jardim, Matias Mesquita, Miguel Simão, Natasha de Albuquerque, Paul Setubal, Paulo Andrade, Regina Pessoa, Raísa Curty, Raul Córdula, Raymond Frajmund, Samuel Guimarães, Siron Franco, Suyan de Mattos, Terra Coletiva, Valéria Pena Costa, Waleska Reuter, Wallace Lino Valente e Xico Chaves.

“El Toro” de Waleska Reuter.

Serviço: Presença da comissão suprapartidária de parlamentares federais na mostra “Não Matarás”
Data: 19 de setembro (terça) às 16 horas
Local: Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul – Lote 2)
Visitação da mostra: Até 29 de outubro, de 9:00 às 18:30
Entrada franca
Classificação indicativa: Livre.