O espetáculo “O Cozido” homenageia Angelo Beolco no Teatro Goldoni.

Foto: Diego Bresani. Estúdio Califórnia.

O espetáculo O Cozido inicia temporada no Teatro Goldoni de 30 de março a 22 de abril. Ganhadora do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, a montagem tem direção da italiana Alessandra Vannucci e conta com experientes atores locais como Abaetê Queiroz, Camila Meskell, Similião Aurélio e Marcos Davi.  Maria Carmen assina a cenografia e o figurino; e a tradução é de Alessandra Vannucci e Júlio Adrião.

O projeto integra a programação do “Momento Itália-Brasil” (MIB) e homenageia Angelo Beolco, o Ruzante, autor de “O Mosqueta” – nome da peça encenada, cujo nome foi trocado para “O Cozido”. Ao público será oferecido um espetáculo saboroso, com a potencialidade de desencadear a reflexão sobre os motivos do comportamento humano transformado pela fome.

A preparação de um clássico da comédia do Renascimento Italiano como “O Mosqueta”, de Angelo Beolco, em comemoração aos 510 anos do nascimento (1502) do autor, completa a trilogia italiana do Núcle de Arte e Cultura (NAC), depois de Goldoni (2000) e Boccaccio (2003).

Foto: Diego Bresani. Estúdio Califórnia.

“Mosqueta” é o nome do dialeto da língua mais refinada que se contrapõe ao dialeto camponês de Pádua, em geral, usado por Ruzante. No espetáculo, o personagem central se põe a falar mosqueta, quando se disfarça de “fino” para flagrar uma possível infidelidade de Betia, sua mulher, que percebe o logro e o castiga entregando-se a Tonin, soldado vindo da guerra. Assim, ela reata uma relação de adultério com o compadre Menato. Ruzante bota em cena um mundo camponês rude, mas bem melhor do que aquele afetado e enganador da cidade. A fome, a miséria do mundo camponês e a perda material-existencial causada pela guerra são ingredientes de alucinadas representações de tintas sociais densas, em que atrás da economia cômica dos ‘tipos’ se oculta um teatro da crueldade dos mais secos e lúcidos da Renascença. Em O Mosqueta (1528) Ruzante é envolvido por uma rede de necessidades que o obrigam a disputar sua própria mulher com dois homens, amantes, em sua ausência, da tempestuosa camponesa.

Como um cozido que se faz com as sobras da comida do patrão e se torna melhor do que a refeição sem graça servida à mesa da casa grande, o espetáculo foi construído aos poucos, sendo degustado a cada gesto extraído e recolhido do cotidiano. O curioso é que tal cozido é preparado em cena, chamando a atenção do público pela originalidade e interatividade. E o melhor: pode ser degustado pelos espectadores no final do espetáculo.

Serviço: “O Cozido”, de Ruzante

Local: Teatro Goldoni/Casa D’Itália (EQS 208/209 Entrada pelo Eixo L – Metrô 108 Sul)

Data: 30, 31 de março e 1º de abril; 6, 7 e 8 de abril; 13, 14 e 15 de abril; 20, 21 e 22 de abril de 2012. De sexta a sábado, sempre às 21h; e domingos às 20h.

Classificação: a partir de 16 anos

Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

Informações e reservas: (61) 3443-0606