A mostra “O Exercício do Olhar” com curadoria de Luiz Galvão abre no STJ em setembro.

Obra de Luiz Galvão. Divulgação.

Sob a curadoria e com a participação de Luiz Galvão, artista plástico, designer e professor, a exposição coletiva “O Exercício do Olhar“, em cartaz na Galeria do Superior Tribunal de Justiça – STJ, de 1º a 24 de setembro, apresenta uma rica e diversificada coleção de obras de arte criadas por meio de técnicas como o fusing, fusão de vidro em alta temperatura, mosaico, óleo sobre tela, reciclagem, modelagem e outras. O foco é a transformação de materiais e de matérias-primas encontradas na natureza. A diversidade de técnicas e o ineditismo da proposta vão oferecer aos expectadores a possibilidade de cada um fazer seu próprio exercício do olhar.

O grupo que participa da mostra “O Exercício do Olhar” reproduz, em suas obras, a vocação de Brasília como um marco da modernidade mundial e a união de diversificadas tendências de pensar o Brasil: pluralidade de interpretações estéticas, de reminiscências de origem e de técnicas de trabalho. O que se revela, então, tem ao mesmo tempo a cara do arcaico, impressa na alma de todos, assim como a modernidade que a arquitetura proporciona aos seus moradores. Os artistas que integram a mostra são Luiz Galvão, Bete Costa, Abiacy Fradique, Ana Leyla Ferreira, Alves Carneiro, Renata de Sordi, Juliana Sato, Raquel Braga, Ângela Lavinas, Alice Botelho e Rosália Vasques Silva e Cláudia Azeredo.

O título quer significar exatamente essa liberdade e essas possibilidades, condicionadas apenas à sensibilidade criativa de cada artista, que só o é, verdadeiramente, na medida em que é capaz de transformar o invisível em visível, para que os observadores de sua obra percebam o que nunca haviam visto.

Obra de Bete Costa. Divulgação.

Luiz Galvão apresenta a mostra:

“Um dos modismos mais marcantes deste início de século XXI é a sustentabilidade. Até o momento, este conceito pós-moderno não se estendeu até a arte, mesmo porque a sustentabilidade da arte está intimamente relacionada ao poder criativo do artista. É o artista que faz a sua arte e não o contrário. A arte e a ciência nunca caminharam juntas na longa evolução da humanidade. Entretanto, a história das grandes conquistas das civilizações é sempre contada por meio da arte. Só a arte nasceu com o homem. A ciência é uma manifestação tardia, recente. Talvez seja essa a razão para tantas desconfianças, principalmente aquelas relacionadas à questão da sustentabilidade do meio ambiente.

O problema não é o planeta Terra, mas o homem. De nada vale criarmos um mito para esse combalido planeta. Isso seria o mesmo que transformarmos a ecologia em religião. Os mitos sempre foram criados pelos homens e para os homens.

Pintura de Alves Carneiro. Divulgação.

No caso da Amazônia, a experiência nos tem mostrado, ao longo de trinta anos, que nem mesmo naquelas aldeias indígenas mais bem preservadas culturalmente, existe um modelo de manejo sustentável. O adolescente índio prefere muito mais um tênis “Nike” do que passar pelo ritual de passagem da puberdade. O pai do jovem índio, pressionado entre a tradição e os bens de consumo oferecidos pelo branco, acaba vendendo algumas árvores da reserva aos madeireiros ou permitindo a extração predatória do garimpo. Para os indígenas da Amazônia não existe um caminho para retornar às tradições milenares de sua etnia. Essa mágoa cultural e étnica apenas o pajé pode sentir, mas ele não conhece os meios mágicos de fazê-la reverter. Hoje, o manejo sustentável na Amazônia é apenas uma quimera. Talvez, num futuro próximo, venhamos a nos dar conta de que a Amazônia foi um mito coletivo criado pela humanidade. A Amazônia nunca existiu! Ela foi um mito que a humanidade ousou sepultar.

Obra de Ana Leyla. Divulgação.

Na América do Sul, o único modelo de manejo sustentável que possuímos é a arte. Só ela é capaz de materializar a criação do artista. Mesmo com a morte de seu criador, ela permanece imortal, influenciando indivíduos e educando gerações. A arte exerce a sustentabilidade desde o instante que o primeiro homem fez o primeiro traço em uma caverna remota, para imortalizar sua cultura e reverenciar seu meio ambiente.

A exposição “O Exercício do Olhar” é um elo de ligação genética entre o artista da pré-história e os artistas contemporâneos que participam da mostra, unidos pela defesa dos valores culturais e pela preservação do meio ambiente planetário. No plano psíquico e espiritual, ela revela e esconde a psique individual de cada artista participante. Ela acende o fogo da libido e mergulha a escolha celibatária no lago dos poetas e loucos. Ela recita o Amém e o OM em direção da divindade que rege o universo.”

Obra de Renata de Sordi.

Serviço: “O Exercício do Olhar”

Local: Galeria do STJ – Superior Tribunal de Justiça.

Período: de 1º a 24 de setembro de 2010.

Horário: Comercial – das 9h às 18h.

Estrada franca.

Classificação Indicativa: Livre para todos os públicos.

Informações: 3368.2482 ou 8123.7881