Roberto Corrêa apresenta “O Violeiro” de graça na UnB.

3 de outubro.

Fotos: Diego Bresani.

O Violeiro, de Roberto Corrêa, tem apresentação marcada para o dia 3 de outubro (quarta) ao meio-dia, no Auditório do Departamento de Música da UnB. A aula-espetáculo faz parte do projeto “Pesquisa e arte na invenção da viola caipira contemporânea”, realizado com apoio do FAC, no qual Corrêa alia sua experiência como violeiro e pesquisador.

A aula-espetáculo nasceu da intenção de levar ao público a emoção da arte da viola caipira e o conhecimento do seu contexto cultural. Na construção do roteiro, sob a direção de João Antônio, a criação ganhou formas de espetáculo – com texto, poesia, música e dança – e trouxe para Corrêa novos desafios. Sobre a montagem, o artista se diz “muito feliz com a oportunidade de encontros e reencontros com novos e antigos parceiros. Sem contar os desafios de ter que criar novas canções e de subir ao palco para representar um personagem, pela primeira vez na minha carreira”.

Roberto destaca a alegria de levar esta aula-espetáculo para a Universidade de Brasília, “foi na UnB que iniciei minha pesquisa sobre a viola caipira, ainda como estudante de física, há mais de 40 anos. Ainda não sabia onde este trabalho iria me levar. Estou muito feliz em retornar com “O Violeiro” que é uma síntese dos muitos caminhos que trilhei a partir de então.”

Para o espetáculo, Roberto Corrêa e João Antônio se aliaram a outros “pioneiros” da cultura brasiliense na construção dessa estória que passa por aspectos referencias da cidade como o cerrado e as práticas tradicionais anteriores à construção da nova capital. Rômulo Andrade assina a cenografia, e o repertório conta com uma parceria com Climério Ferreira, especialmente composta para o espetáculo, além de uma composição inédita de Clodo Ferreira.

Recheado de elementos da cultura caipira e interiorana, de encantamentos e memórias ancestrais, O Violeiro narra a vida de um homem caipira, desde o despertar como violeiro até a velhice e morte. “É um espetáculo de essências, onde, na trajetória deste violeiro, assiste-se também a história recente da viola no Brasil”, comenta Roberto, autor do roteiro juntamente com João Antônio e Juliana Saenger.

Para compor a dramaturgia, Roberto foi buscar as referências de seus quarenta anos como pesquisador da viola caipira, pinçou tradições e simpatias do imaginário interiorano. “Reza a tradição que para ser bom violeiro tem que ter o dom de Deus, e quem não nasceu com esse dom precisa fazer um pacto com Diabo”, conta Roberto. Há também as simpatias, como passar uma Cobra-Coral, viva, entre os dedos para torná-los ágeis. Tem a do Cemitério, onde o pretendente a violeiro, ao pé da cova de um grande mestre falecido, pede à sua alma que o ensine a tocar. Típica do Brasil central, é a do Chocalho de Cascavel para a proteção da viola. Muitos levam um chocalho de cascavel dentro do instrumento, cujo poder e magia do guizo anula qualquer mau-olhado.

Enriquecendo a narrativa da montagem, Roberto convidou Badia Medeiros, mestre da viola e guia de folia do Divino, e Hérik Sousa, seu parceiro de dupla caipira. Segundo João Antônio “o espetáculo é uma aula sobre o Brasil profundo, enredado de danças, religiosidade e gêneros caipiras”. Dos gêneros apresentados no espetáculo, estão: Guarânia e Rasqueado, oriundos da fronteira com o Paraguai; do Catira vem o Recortado e a Moda-de-Viola, entoados em dueto; Baião, encontrado em várias práticas tradicionais; Modinha, canção de amor dos tempos antigos; Cantos de Trabalho; Incelenças, entoadas nos velórios; e o Cateretê.

A religiosidade é representada pela Festa do Divino, função de cantos devocionais, ou cantorios, e de brincadeiras ligadas à divindade como o Catira e o Lundu. Característica do centro sul do país, o Catira é dança coletiva passada de geração a geração e preservada dentro do núcleo familiar. Já o Lundu, é dança de desafio, na qual cada ‘dançador’ procura se expressar de forma única com sapateados e meneios (balanços) do corpo.

Show “O Violeiro” de Roberto Corrêa
Data: 3 de outubro (quarta) ao meio-dia
Local: Auditório do Departamento de Música da UnB
Entrada franca
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: Livre.