A “Obsessão Infinita”, de Yayoi Kusama, chega ao CCBB.

Yayoi Kusama. Infinity Mirror Room - Phalli's Field, 1965 baixa
Infinity Mirror Room – Phalli’s Field, 1965. Divulgação.

Renato Acha

A exposição “Obsessão Infinita” de Yayoi Kusama promete movimentar o CCBB, de 19 de fevereiro a 27 de abril. A mostra vem de uma bem sucedida temporada no CCBB do Rio de Janeiro, onde teve uma média de nove mil visitantes por dia. A retrospectiva conta com cem trabalhos realizados entre os anos de 1949 e 2012, em suportes como o papel, esculturas, vídeos, slides e instalações, como a célebre “Dots Obsession”.

Kusama é conhecida como a “polka-dots princess” (algo como princesa das bolinhas), em uma referência a elementos onipresentes em sua obra. Seus pontos e círculos podem criar efeitos de ilusão de ótica e transitar pelo surrealismo, modernismo, minimalismo e op art, sempre aguçando a retina e os sentidos do espectador. Yayoi tem fascínio pela mesma forma, em princípio usada em superfícies menores e que, com o avançar da carreira, começa a aparecer também em grandes espaços de imersão, como na instalação em uma sala infinitamente espelhada, onde se experimenta a repetição incessante de pontos sob outra perspectiva.

Yayoi Kusama. Filled with the Brilliance of Life, 2011. Cortes+-ía de la galer+-ía Victoria Miro, Londres. baixaYayoi Kusama. I+ö+ç+ûm Here, But Nothing, 2000-2012 MENOR AINDA

1 – Filled with the Brilliance of Life, 2011. Cortesia Galería Victoria Miro, Londres.    2 –  I’m Here, But Nothing, 2000-2012

“Quando era criança, experimentei este estado de obsessão infinita e então pintei o mesmo motivo incessantemente. Quando pintava, encontrava os mesmos padrões no teto, escadas e janelas, como se estivesse em todos os lados. Então me aproximei e quis tocá-los e começaram a subir pelo meu braço também.” Conta Yayoi Kusama, diagnostica com esquizofrenia e por vezes atormentada por visões distorcidas, que a faziam enxergar bolas e pontos.

“Desde pequena tenho um problema e fui ao psiquiatra. Depois me mudei para Nova York, trabalhei tanto, criei tantas peças e fiquei popular. Era uma estrela do momento.” Descreve a artista, que se mudou para um instituição psiquiátrica em 1977. “Fui ver o meu médico por conta da doença e lhe disse que estava pintando bastante. Ele falou que isto era genial para mim.” Kusama vive voluntariamente no mesmo local até os dias de hoje, onde também produz incessantemente, e não somente para galerias.

Yayoi Kusama. Broken Heart, 2012 baixa
Broken Heart, 2012.

Sua obra já foi o tema da coleção de Marc Jacobs para a marca Louis Vuitton. O estilista criou roupas, bolsas, sapatos e acessórios com a icônica estampa de bolinhas. Quando viveu em Nova York nos anos 60, a própria artista já havia inaugurado a Kusama Fashion Company, onde comercializava seus vestidos e tecidos.

A exposição que chega á Brasília foi produzida pelo Instituto Tomie Ohtake, em colaboração com o estúdio da artista e conta com curadoria de Philip Larratt-Smith, que aborda a trajetória da artista sob ângulos que vão do privado ao público, da pintura à performance, do ateliê às ruas.

Retrato Yayoi Kusama, 2013. Cortes+-ía Ota Fine Arts,Victoria Miro Gallery, David Zwirner, Yayoi Kusama Studio Inc. Copyright Yayoi Kusama MENOR

Serviço: Obsessão Infinita, de Yayoi Kusama
Data: De 19 de fevereiro a 27 de abril
Visitação: De quarta a segunda, das 9 às 21 horas
Local: CCBB Brasília (SCES Trecho 2, Lote 22)
Entrada franca
Classificação Indicativa Livre.

Imagem: Retrato Yayoi Kusama, 2013. Cortesia Ota Fine Arts, Victoria Miro Gallery, David Zwirner.