Grupo Galpão apresenta “Os Gigantes da Montanha” na Caixa Cultural.

Fotos: Guto Muniz. Divulgação.
Fotos: Guto Muniz. Divulgação.

O espetáculo Os Gigantes da Montanha, do Grupo Galpão, ganha temporada na Caixa Cultural de 27 de novembro a 6 de dezembro. Com direção de Gabriel Villela, o grupo mineiro narra a chegada de uma companhia teatral decadente a uma vila mágica, povoada por fantasmas e governada pelo Mago Cotrone.

Escrita por Luigi Pirandello, a peça é uma alegoria sobre o valor do teatro (e, por extensão, da poesia e da arte) e sua capacidade de comunicação com o mundo moderno, cada vez mais pragmático e empenhado nos afazeres materiais. A 21ª montagem da companhia celebra o retorno da parceria com Gabriel Villela, que assina também a direção de espetáculos marcantes do grupo, como “Romeu e Julieta” (1992) e “A Rua da Amargura” (1994).
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Quando morreu vítima de forte pneumonia, em 1936, Pirandello ainda não havia concluído “Os Gigantes da Montanha”, que possui apenas dois atos. Em leito de morte, o autor relatou ao filho Stefano um possível final, que aparece indicado como sugestão para o terceiro ato. Para o Galpão, o fascínio de montar essa fábula está em sua incompletude, que lhe atribui característica de obra aberta, possibilitando múltiplas leituras e interpretações.

O texto “Os Gigantes da Montanha” foi uma escolha do diretor Gabriel Villela para celebrar o reencontro com o Galpão. A fábula narra a chegada de uma companhia teatral decadente a uma vila isolada do mundo, cheia de encantos, governada pelo mago Cotrone. A trupe de mambembes encontra-se em profundo declínio e miséria, por obsessão de sua primeira atriz, a condessa Ilse, em montar “A Fábula do filho trocado” (peça escrita por um jovem poeta que se matou por amor não correspondido da condessa). Cotrone, o mago criador de “verdades que a consciência rejeita”, começa a construir os fantasmas dos personagens que faltam para a companhia montar a peça. Ele convida os atores a permanecerem para sempre na Vila, representando apenas para si mesmos a “A Fábula do Filho Trocado”. Ilse, no entanto, insiste que a obra deve viver entre os homens, sendo representada para o público.
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A solução encontrada, que resultará no desfecho trágico da peça é sua apresentação para os chamados “Os Gigantes da Montanha”, povo que vive próximo da Vila. Os gigantes, por terem um espírito fabril e empreendedor, “desenvolveram muito os músculos e se tornaram um tanto bestiais”, e, portanto, não valorizam a poesia e a arte. O ato final da peça, que ficou inconcluso, mas que chegou a ser vislumbrado pelo autor em leito de morte, descreve a cena em que Ilse e a poesia são trucidadas pelos embrutecidos Gigantes. A peça termina com os atores da companhia carregando o corpo da atriz na mesma carroça em que chegaram à primeira cena.

“Os Gigantes da Montanha” traz uma contundente discussão sobre o possível lugar da arte e da poesia num mundo dominado pelo pragmatismo e pela técnica. A morte de Ilse representa a morte e também o renascimento da arte. Como a Fênix que ressurge das cinzas: a velha arte precisa morrer para que novas sensibilidades artísticas brotem e floresçam.
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Serviço: Os Gigantes da Montanha – Grupo Galpão
Data: De 27 de novembro a 6 de dezembro
Sexta e sábado às 20 horas e domingo às 19 horas
Local: Caixa Cultural (SBS Quadra 4 Lotes 3/4 Edifício anexo à matriz da Caixa)
Ingressos à venda na bilheteria, a partir de 21/11: R$20,00 e R$10,00 (meia)*
Horário de funcionamento da bilheteria: terça a sexta e domingo, das 13h às 21h e sábado, das 9h às 21h.
*Estudantes, professores, maiores de 60 anos, funcionários e clientes CAIXA e doadores de 1kg de alimento não perecível
Informações: (61) 3206-9448 e 3206-6456.