O espetáculo “Os Mamutes” tem apresentações gratuitas no Museu Vivo da Memória Candanga.

De 23 a 28 de junho.

Divulgação.

A temporada de Os Mamutes vai de 23 a 28 de junho, sempre às 20 horas, no Museu Vivo da Memória Candanga, com entrada franca. Um ônibus transportará os espectadores em todas as sessões. O ponto de encontro para a saída é no departamento de artes cênicas da Universidade de Brasília. Inspirado no texto do premiado dramaturgo Jô Bilac, brasilienses fazem releitura da peça Os Mamutes e ampliam os espaços para além da caixa cênica tradicional.

O capitalismo desenfreado, o consumismo exacerbado e os desafios da vida adulta compõem o texto atemporal de Jô Bilac, que aborda questões sociais e políticas através de uma linguagem cômica e musical. Para levantar essas reflexões, o grupo de formandos em artes cênicas da Universidade de Brasília escolheu se apresentar no tradicional Museu Vivo da Memória Candanga, importante espaço cultural brasiliense que busca novamente atrair vida e movimentação aos seus acervos e exposições.

Com texto de Jô Bilac e direção de Rita de Almeida Castro, o espetáculo tem coordenação de cenário e figurino assinada por Roustang Carrilho. Vale lembrar que o teatro Helena Barcellos, localizado no departamento de artes cênicas da Universidade, continua fechado, sendo um dos pontos de incentivo para a escolha de um espaço alternativo de apresentação.

A concepção do espetáculo parte de processos criativos diversos, com improvisação cênica, foco no trabalho textual e na relação entre a comicidade de seus personagens e as canções que os acompanham. A imaginação um tanto sanguinária de Isadora, aliada ao tom misterioso dos demais personagens, criam uma atmosfera de estranheza, impulsionada pelo ambiente noturno e silencioso do Museu. Em cena, 14 atores buscam mostrar os medos, anseios e revoltas de um homem que transita da juventude para as obrigações do mundo governado por dinheiro que o espera na vida adulta.

A partir desses aspectos, a diretora destaca: “Você tem fome de que? Estamos sempre povoados por informações e consumo atualmente, conectados em excesso. A peça fala da relação do homem com o sistema e questiona até que ponto a gente segue os padrões, os códigos, a normatividade e até que ponto a gente consegue romper e transgredir esse contexto. Ela fala de como cada um se coloca em sua própria vida. Até que ponto as nossas escolhas são realmente nossas?”.

Pode-se dizer que o espetáculo se coloca como crítica aos costumes de uma sociedade consumista e de uma infância prematura, preenchida por toques de perversidade. “Os Mamutes foi minha primeira peça, escrevi com 18 anos, era uma fase de escolhas. A peça veio como uma tentativa de organização daquele novo mundo que viria pela frente. Acho que ela fala sobre isso, essas expectativas sobre o futuro de forma ainda romântica com o protagonista e como ele vai amadurecendo com o processo doloroso e maravilhoso da vida”, afirma Jô Bilac.

O enredo

A mente imaginativa e acelerada da menina Isadora cria o cenário ideal para que o jovem e inocente Leon tenha seu primeiro encontro com a multinacional Mamute´s Food. Desempregado, Leon tenta a sorte na empresa alimentícia mundialmente conhecida por seu delicioso e incomparável hambúrguer de carne humana. Se puder abater um Mamute, um cidadão comum que não faça falta alguma à sociedade, o emprego será seu. Em seu caminho, Leon conhece outro lado de si e encontra personagens que representam diferentes arquétipos da figura humana contemporânea. Resta saber como ele chegará até o fim. Quem decide é Isadora, que aos 10 anos, mostra que caminhos podem tomar a imaginação fértil de uma criança extremamente informada a respeito da sociedade atual. Enquanto isso, antes que a carne do hambúrguer terminasse, o governo liberou a caça aos mamutes. É melhor se apressar, que diferença você faz em seu próprio tempo?

O dramaturgo

Com mais de dez anos de carreira no teatro e tendo ultrapassado 20 textos montados, o dramaturgo Jô Billac é reconhecido por peças premiadas como Rebu e Conselho de classe. O espetáculo Os Mamutes é resultado da primeira criação dramatúrgica do autor que tinha, na época, entre 18 e 19 anos. Suas montagens se caracterizam por mostrar certa frieza em seus enredos e personagens. O autor faz parte do grupo daqueles que ainda buscam entender o processo de produzir dramaturgia atualmente, experimentando novas possibilidades a cada texto. Bilac é um dos fundadores e integrantes da Cia. Teatro Independente, no Rio de Janeiro, onde conseguiu espaço para dar vida às suas criações contemporâneas. Em outros espetáculos do dramaturgo, assim como em Os Mamutes, o teatro aparece como um espaço possível de resposta ao reflexo da sociedade atual, provocando experiências e possibilitando novas opiniões. É possível perceber em sua obra as características de um autor que busca os conflitos e as narrativas de seu próprio tempo. Com textos atuais e temas pertinentes para a sociedade contemporânea, o dramaturgo, ainda jovem, encontrou seu espaço de experimentação na criação teatral.

Serviço: Espetáculo Os Mamutes
Datas: De 23 a 28 de junho
Horário: Sempre às 20 horas
Local: Museu Vivo da Memória Candanga (Via EPIA Sul, SPMS, Lote D – Núcleo Bandeirante)
Entrada Franca
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 90 minutos.