O Deserto do Atacama em setenta cliques.

Angelica Bessa. Divulgação.
Angelica Bessa. Divulgação.

A mostra Paisagens Internas ocupa o Espaço Cultural do STJ de 5 a 26 de agosto, com entrada franca. São setenta fotos do Deserto do Atacama em cliques de sete fotógrafos de Brasília. O grupo se reuniu para uma viagem de imersão ao local, ocorrida no final de 2014 e conduzida pelo artista plástico e professor, Daniel Mira, curador da exposição.

“A experiência de imersão no Deserto do Atacama resultou em sete ensaios individuais, que revelam intensidade, leveza, linhas, planos e profundidade autoral digna de fotógrafos já consolidados”, descreve Mira. Ele propôs ao seu grupo de alunos uma experiência cujo intuito era o de provocar a reflexão sobre suas vivências e suas relações com o espaço “abstrato” do deserto.
Geraldo HelciusDaniel Mira
“Estar no Atacama é estar em silêncio, permanecer no silencio é estar no deserto. O turbilhão do mundo contemporâneo nas grandes metrópoles viram apenas ruídos se esvaindo como o vento sobre as areias. Estar no Atacama é uma questão do ser. Somos invadidos pelo silêncio, por uma paisagem onde olhos veem a imensidão sublime de Deus”, explica Mira.

No ensaio, o autor busca na paisagem extratos que levem à sua montanha, que os conecte com seu centro dentro da diversidade do Atacama. Paisagens internas da montanha de todos. “Diante da imensidão do deserto e das sensações que ele evoca, o artista entende a urgência de suas emoções, a necessidade da transcendência e a busca da harmonia com o universo. Torna-se consciente da fragilidade humana. Ou seja, apreende, como descreve Kant, a admiração silenciosa e magnífica do sentido trágico da existência”, comenta Elaine Rodrigues, uma das fotógrafas que compõe o coletivo.

Angelica Bessa.
Angelica Bessa.

Elizete Bomfim, também integrante do projeto, explica que as diferentes paisagens do Atacama proporcionam uma vivência plena, intensa e profunda desse deserto marcado por linhas, cores e texturas sempre distintas e harmônicas entre si. “Percorrer o Atacama é libertador, é ser, é viver, é sentir, é estar em harmonia com o sublime e com o divino”.

Neste contexto, a fotógrafa busca, por meio das características do local, estabelecer um paralelo entre o espaço externo e as paisagens internas do indivíduo, suas emoções e vivências; entre a vida que pulsa e a vida que repousa no mais íntimo da alma.
LucilaElizete Bomfim
“Mesmo que exista uma maneira de ir embora, o deserto nos chama de volta, pois carregamos uma parte dele e lá deixamos uma de nós”, relata o fotógrafo Geraldo Helcius – membro do coletivo. Já a geógrafa Lucila Gomes viveu emoções contraditórias. Ao se fazer presente naquele deserto, contrastou diferentes percepções. Por um lado, experimentou a aridez do clima, o açoite implacável do vento e a grande oscilação de temperaturas. Por outro, teve os sentidos impactados pela beleza das paisagens, os surpreendentes fenômenos naturais e a profusão inesperada da vida nativa.

O gosto pelo belo levou-a a abstrair dos aspectos severos e ressaltar as maravilhosas combinações de elevações rochosas com planícies arenosas esculpidas pelo vento; espaços cobertos de sal, ora planos, ora eriçados; lagos serenos povoados por flamingos e gêiseres explosivos. Incríveis variações de cores, formas e movimentos.

A fotógrafa impôs-se o desafio de exceder à maneira usual de mostrar o Atacama, escapar da imprecisão de observar a paisagem à distância para conduzir o expectador de sua fotografia aos detalhes mais surpreendentes.
Clara Molina
Serviço: Paisagens Internas
Data: De 5 a 26 de agosto
Horário: De segunda a sexta, das 9 às 19 horas
Local: Espaço Cultural do Superior Tribunal de Justiça (SAFS, quadra 06, lote 1, trecho III, Prédio dos Plenários, 2o Andar/Mezanino – Entrada pelo portão Golf 7)
Entrada franca
Classificação indicativa: Livre.

Fotos: Geraldo Helcius
Daniel Mira
Lucila
Elizete Bonfim
Clara Molina