Paralelo 16 – Mostra de Dança Contemporânea ocupa a Funarte em novembro.

A Sagração da Primavera. Foto: Isabela Figueiredo.

Novembro na Funarte será o mês da dança. O projeto PARALELO 16 – Mostra de Dança Contemporânea é muito mais que um evento. É uma iniciativa que se consolida articulando importantes ações de qualificação profissional, intercâmbio, circulação do produto cultural e formação de plateias para a dança. Concebido e realizado em três edições em Goiânia gerou desdobramentos importantes e múltiplos, ao mesmo tempo em que criou tradições no cenário cultural daquela capital. A curadoria da mostra é de Vera Bicalho, diretora geral da Quasar Cia de Dança.

Em 2011, o Paralelo 16 dá um salto e realiza pela primeira vez uma edição em Brasília como forma de aproximar as duas cidades no processo de produção e divulgação da dança brasileira. Entre os objetivos do Paralelo 16, ressalta-se as metas voltadas para divulgar a dança como linguagem artística e as ações para formação de público. O projeto promove ainda oficinas e reflexões sobre a dança e o crescente diálogo entre o público e os artistas. É preciso ressaltar a importância de promover o intercâmbio entre a arte produzida em Goiás, Distrito Federal e artistas de outros estados brasileiros como forma de difusão de ideias e práticas.

Deste modo, o evento se constitui como realização de relevante importância cultural. Por se tratar de uma singular mostra de dança, ela foi idealizada para suprir uma demanda por espetáculos de alta qualidade técnica e artística. Os espetáculos selecionados para a mostra são criações de grupos profissionais conhecidos em todo o Brasil e também em países da Europa, América do Sul, América Central e Ásia.

Todos os espetáculos terão ingressos a R$ 10 a inteira e R$ 5 meia. As oficinas serão direcionadas a profissionais da dança, coreógrafos, estudantes e pesquisadores.

O projeto de Ocupação do Teatro Funarte Plínio Marcos é uma produção da Matéria Primma, uma realização da Funarte e tem o patrocínio da Petrobras e dos Correios e o apoio da Secretaria de Cultura do Distrito Federal.

 

Céu na boca. Foto: Lu Barcelllos.

Oficinas oferecidas pelo projeto Paralelo 16

Oficina de Dança Contemporânea para bailarinos de técnicas clássicas – Ballet de Londrina – Leonardo Ramos

Oficina de técnicas de movimento – Grupo Tápias – Flávia Tápias

Oficina Fragmentos para muitas danças – Focus Cia de Dança – Alex Neoral

Oficina Linguagem da dança que parte das danças populares brasileiras – Cia Ana Catarina e Angelo Madureira

Oficina Dança Contemporânea – Novo Branco – Cia MN de Dança – Mario Nascimento

Oficina Dança Contemporânea – Quasar Cia de Dança – Marcos Buiati.

 


 Programação

 

Sinopses dos espetáculos que compõem o projeto Paralelo 16 – Mostra de Dança Contemporânea

 

A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA – Ballet de Londrina (PR)

Ensaio sobre a crueldade

Em seu novo espetáculo “A Sagração da Primavera”, o Ballet de Londrina relê obra fundadora da modernidade e consolida uma linguagem coreográfica própria

 

Não é necessário mais que um palco nu e um grupo coeso de bailarinos para narrar uma história tão antiga quanto o percurso do homem na Terra. É peculiar da própria natureza, aliás, o ciclo que consome tudo o que é frágil, individual e delicado em prol da força coletiva. A morte é o único caminho possível para o florescimento da vida num mundo que se renova às custas de seu próprio fim. O Ballet de Londrina apropriou-se desse movimento brutal para conceber sua nova montagem. A Sagração da Primavera dá continuidade à pesquisa do coreógrafo Leonardo Ramos sobre a exploração da horizontalidade e de novos eixos de apoio e equilíbrio na locomoção dos bailarinos – característica que já ganhou status de ‘linguagem’ dentro de sua obra e da companhia. “Eu descobri há alguns anos que quando coloco o elenco em pé eu sou convencional. No solo eu consegui expor algo que é novidade até para mim”, afirma Ramos. Outro atributo que se consolida na nova montagem é a utilização de uma obra inspiradora para uma criação coreográfica original. O enredo é relativamente simples: baseada em uma antiga lenda russa, a peça narra a imolação de uma virgem, oferendada aos deuses da primavera em troca da fertilidade da terra.  A jovem eleita dança freneticamente até a morte. As inovações, entretanto, residiam na forma de apresentar o ritual pagão ao público.

 

“SUDESTE” e “TUDO DEPENDE DE COMO VOCÊ ME VÊ PASSAR” – Grupo Tápias (RJ)

SUDESTE

O Sudeste é coração. Talvez cabeça. Ou membros.
Os corpos se esbarram e se amontoam.
Onde se devora o antigo para produzir o novo.
E, sem nostalgia, o passado aponta para o futuro.
É potência, febre, violência.
Lugar de estranhamento e  criatividade.
Lugar de onde se fala. Lugar da fala. O que fala.
Exuberante, é onde se deseja estar.
Onde o desejo está.

 

TUDO DEPENDE DE COMO VOCÊ ME VÊ PASSAR

 

O trabalho coreografado por Giselle Tápias e Flávia Tápias aborda e desenvolve questionamentos, pensamentos, desejos e lembranças que permeiam e arrebatam o ser humano por toda a sua existência. Quando se fala em passagem se pensa em movimento, suas relações, seus trajetos, seu tempo.

 

DISTRAÇÃO ESSENCIAL OU A DIFÍCIL TAREFA DE LEMBRAR-SE DE SI MESMO – Cleani Marques Calazans (DF)

 

Abrir os sentidos para exploração de uma percepção maior sobre si. Inaugurar uma nova visão. Expandir nossa atenção. Como escolhemos perceber nossas experiências de vida? E como conduzi-las? Participamos conscientemente da própria vida ou buscamos distrações para não assumi-la? O Público dentro de um universo de percepção, conduzidos por orientações que aguçam a lembrança em si mesmo. Experiência, participação – num espaço cênico compartilhado, onde intérprete, espectador e encenador se misturam trazendo a boca de cena, cada qual a sua maneira, um espetáculo próprio de si mesmo. No seu terceiro trabalho independente, a diretora do espetáculo solo Cleani Marques Calazans contou com pesquisas nas áreas da neurociência, neuropsicologia, filosofia gurdejjfiana, teatro brechtiano e estudos de Klauss Vianna, bem como outros, para desenvolvê-lo.

 

 

IMPAR – Cia Focus (RJ)

 

No espetáculo, uma história é criada. Cada um de seus personagens tem seus trajetos devidamente demarcados, e cada um ali se torna também responsável pelo momento do outro. Em ÍMPAR, os sete bailarinos passam por texturas de movimentos distintas, que são essenciais para identificar que tudo está em constante transformação. Porém essa narrativa aparece fragmentada, dividida em nove cenas, que foram embaralhadas e estão fora de sua ordem cronológica. Instaura-se assim um quebra-cabeça de movimento, onde o trabalho joga com a memória e a percepção do público. Coreografia e direção de Alex Neoral.

O NOME CIENTÍFICO DA FORMIGA com Ângelo Madureira e Ana Catarina (SP)

 

O nome científico da formiga traz discussão e questionamento sobre o fazer artístico, fala de liberdade, brinca com a percepção do público. O quinto trabalho realizado pela dupla, que iniciou parceria em 2000, aborda o universo das danças populares que é terreno fértil para o desenvolvimento da linguagem própria dessa dupla de intérpretes-criadores. Direção de Fernando Faro.

 

ESCAPADA – Cia MN (MG)

 

Escapa é a fuga do homem das grandes metrópoles, das massas humanas. É o homem psicologicamente e fisicamente sufocado. É o homem sem saída `a procura de um outro lugar. É fugir de si mesmo e dos seus fantasmas, da opressão tecnológica e do mundo moderno, da falta de tempo. Escapada é o carona que não sabe para onde vai. É a visão e a perspectiva de personagens que se apresentam constantemente em fuga. Coreografia, concepção e direção de Mário Nascimento.

 

CÉU DA BOCA – Quasar Cia de Dança (GO)

 

As leis físicas e as teorias evolucionistas serviram de ponto de partida para a criação de Céu na Boca, da Quasar Cia de Dança. O trabalho discute a relação entre o paraíso que se deseja e a realidade que nos é oferecida, concluindo que melhor mesmo é tirar proveito da vida como ela é. Assim, os oito bailarinos da companhia goiana trazem para o palco uma série de antíteses próprias da existência humana, criando paralelos entre o céu (como lugar ideal, mas inatingível) e a boca (metáfora para a realidade palpável). Humor e drama, movimento e não-movimento, música eletrônica contemporânea e o instrumental dos anos 50 são outros paradoxos presentes na obra. Coreografia  e direção artística de Henrique Rodovalho.

Ingressos a R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)

Classificação: livre

Programação – PARALELO 16

02/11

Quarta

14h

Oficina Ballet de Londrina
03/11

Quinta

21h

Espetáculo: A Sagração da Primavera
04/11

Sexta

14h

21h

Oficina de Dança – Flávia Tápias

Espetáculo: A Sagração da Primavera

05/11

Sábado

21h

Espetáculos – Sudeste e Tudo depende de como você me vê passar – Tápias / Dança
06/11

Domingo

20h

Espetáculo – Distração essencial ou a difícil tarefa de lembrar-se de si mesmo
09/11

Quarta

14h

Oficina com Focus Cia de Dança
10/11

Quinta

21h

Espetáculo – Ímpar
11/11

Sexta

14h

21h

Oficina de Dança – Angelo Madureira e Ana Catarina

Espetáculo – Ímpar

12/11

Sábado

21h

Espetáculo – O Nome Científico da Formiga
13/11

Domingo

20h

Espetáculo – O Nome Científico da Formiga
17/11

Quinta

21h

Espetáculo – Escapada
18/11

Sexta

14h

21h

Oficina com a Cia MN de Dança

Espetáculo – Escapada