Diego Santos abre a mostra “Poema 193” na Funarte.

Até 2 de abril.

Foto: Diego Santos.

A mostra Poema 193 traz o trabalho de Diego de Santos para a Galeria Fayga Ostrower (Funarte) de 16 de fevereiro a 2 de abril. A exposição conta com desenhos, fotografias e vídeos levando um convite aos visitantes a ativarem sua vivência estética e sensorial. Em sua concepção, o projeto baseia-se em um intenso processo experimental acionando o imaginário da concha, da casa, do arquétipo de morada, em confronto com o fogo e suas simbologias para discorrer poeticamente sobre questões que permeiam tanto o campo da intimidade, como sobre conflitos sociais.

Nos vídeos é possível observar registros de conchas em chamas, em analogia com a estrutura de um lar e com o fogo saindo de seu interior. Uma forma de tratar poeticamente da problemática dos incêndios criminosos que atingem favelas e moradias precárias (por isso o número dos bombeiros “193” no título). Os ruídos que se ouvem são do entorno do ateliê (latido de cães, canto dos pássaros, avião que passa, ventania etc.) e foram assumidos para que, ao editar em slowmotion, dessem lugar a uma realidade distorcida e medonha, já que não é mais possível identificar os sons. É como se o incêndio ganhasse voz, se tornando, então, corpo testemunha de si mesmo.

“A exposição é um dos resultados dos processos de experimentação do projeto Poema 193. Todos os elementos, suas simbologias e conexões já eram, de certa forma, recorrentes na minha produção. Eu já tinha uma pequena coleção de conchas e sempre pensei elas dentro de uma proposição artística, só não tinha executado ainda porque estava em outros projetos, mas veio a vez delas e juntamente com o fogo pude relacionar com uma problemática social: os incêndios criminosos” descreve realizado, Diego.

Nos desenhos, o artista utiliza a técnica de fixação da fuligem e o uso de diferentes processos de queima, além da utilização das condições climáticas naturais e da parafina para a realização dos desenhos. “A superfície do papel, posicionada acima da chama da lamparina, recebe toda a fuligem liberada pelo fogo e nunca é possível determinar a imagem a ser gerada. Em alguns momentos, antes de fixar a fuligem com verniz, submeto aquele desenho à ação do lugar: esqueço-os na parede ou no chão para que insetos caminhem sobre eles, deixando rastros; aproveito raros serenos, deixando que gotículas de água da chuva fina intervenham sobre a fuligem. Sujeitar os trabalhos a situações promovidas pelo entorno faz de “Poema 193” um irrecusável convite à realização conjunta: eu e os efeitos do espaço ao redor” esclarece, de Santos.

A exposição conta com ação educativa disponibilizando mediadores para receber o público espontâneo, bem como grupos de visita. O acervo incentiva ainda a inclusão social através do acesso à maquete tátil e obras com áudio descrição e em braile.

Serviço: “Poema 193” de Diego de Santos
Local: Galeria Fayga Ostrower – Complexo Cultural Funarte (Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural – Eentre a torre de TV e o Centro de Convenções)
Abertura: 15 de fevereiro (quarta) às 18 horas
Visitação: De 16 de fevereiro a 2 de abril, de terça a domingo, de 10 às 21 horas
Entrada franca
Informações: (61) 3322-2076 e 3322-2029
www.funarte.gov.br