“Quando o coração transborda” em temporada no Espaço Cena.

Quando-o-coracao-transborda-foto-Joao-Antonio

No espetáculo Quando o coração transborda, Maíra Oliveira reflete sobre o ofício do ator, aborda temas intimamente ligados à sociedade brasileira contemporânea e reconstrói sua trajetória como atriz a partir de textos, músicas, cartas e lembranças. Tudo relembra um pouco da história do grupo Esquadrão da Vida e da relação com seu pai, o grande criador Ary Pára-Raios. O solo ganha temporada no Espaço Cena (CLN 205) de 3 a 26 de abril, de sexta a domingo.

A inquietação criativa, o experimento, o trabalho diário que costumam acompanhar o ofício do ator/atriz trazem também consigo questionamentos sobre a relevância da arte no mundo atual. Por que fazer teatro? Para quem? Quais as consequências para a vida de quem escolhe o teatro como profissão? Estas foram algumas das perguntas que a atriz e diretora Maíra Oliveira se fez há dois anos.

Para quem ainda não identificou, Maíra Oliveira é a força inventiva por trás do Esquadrão da Vida, grupo que faz parte da paisagem de Brasília, desde finais da década de 1970, quando o grande criador Ary Pára-Raios (pai de Maíra) coloriu espaços urbanos com acrobacias, músicas e a adaptação, para o teatro de rua, de clássicos da dramaturgia universal, como Romeu e Julieta, de William Shakespeare. A chegada do Esquadrão sempre foi a certeza de arte de boa qualidade. Em 2003, depois da morte do diretor da companhia, quem assumiu o comando da trupe foi Maíra Oliveira, sua filha e atriz do grupo, que já atuava como assistente de direção. Maíra imprimiu, desde então, nas montagens do Esquadrão da Vida, as lições do pai e sua própria visão do teatro de rua.

Para a encenação, Maíra Oliveira conta com dois auxílios luxuosos – a codireção do experiente ator, diretor e professor de teatro João Antonio de Lima Esteves e a direção musical do grande violeiro e pesquisador Roberto Corrêa. O projeto tem o patrocínio do FAC – Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura do Distrito Federal.

Quando o coração transborda é resultado de um processo de questionamentos iniciado em 2012, quando a atriz começou a lançar um novo olhar sobre o trabalho da trupe, criada por seu pai 36 atrás. Maíra percebeu como sua relação com seu pai e mestre influenciava seu fazer artístico e o trabalho do Esquadrão da Vida. E decidiu que era preciso lançar um novo olhar para o futuro, sem perder os aprendizados do passado. Reverenciar a história, sem deixar de mirar a invenção do novo.

Quando o coração transborda02 - foto Bruna Neiva

Foi então, repassando a história de sua relação com a arte, com o teatro e com seu pai e mestre, Ary Pára-Raios, que nasceu o roteiro de Quando o coração transborda. Na montagem, questões que envolvem a labuta diária do fazer teatral são expostas através das relações de atriz e mestre e de pai e filha, abrilhantando o olhar sobre o teatro e sua importância, bem como contribuindo para a discussão sobre o próprio fazer artístico e sua relevância para o momento atual.

O trabalho partiu da investigação de textos, memórias, cartas, músicas, poemas e imagens que fazem parte da trajetória do Esquadrão da Vida, da atriz e de seu pai. Em cena, um emaranhado de histórias e depoimentos que, juntos, compõem uma análise poética sobre a escolha profissional de artista.

Quando o coração transborda é uma peça intimista, criada para ser representada em pequenos teatros, com músicas executadas pela própria atriz. Maíra Oliveira toca viola caipira e violão e canta em cena, num grande encontro informal com a plateia. Lembrando sua história no teatro, as apresentações com o Esquadrão da Vida e com seu pai, as dificuldades vividas para chegar até este momento, Maíra deixou seu coração transbordar. Em cena.
Quando o coração transborda - foto João Antonio 3
Serviço: Quando o coração transborda
Local: Espaço Cena (CLN 205 – Bloco C – nº 25)
Data: de 03 a 26 de abril
Horário: sexta e sábado, às 21 horas, e domingo, às 20 horas
Ingressos: R$ 30,00 e R$ 15,00
Capacidade: 50 pessoas
Informações: 3349.3937