A Rádio Eixo movimenta a internet com música de qualidade.

www.radioeixo.com.br

Divulgação.
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Brasília ganhou uma rádio virtual com uma programação especial, que percorre sons de todo o mundo. A Rádio Eixo funciona na internet e flui com um trabalho de pesquisa de Paola Antony e Daniel Mioju. A curadoria musical é original e segue o fundamento da diversidade.

A rádio entrou no ar no fim de 2015, a partir da necessidade de perpassar referências que transcendem o circuito comercial, onde se pode ouvir ricos sons de tribos africanas, etnias indígenas, festejos populares e ritos do folclore, dentre outras pérolas. Um deleite para ouvidos curiosos.

Daniel Mioju e Paola Antony. Foto: Sérgio Alberto e Ruy Alcides.
Daniel Mioju e Paola Antony. Foto: Sérgio Alberto e Ruy Alcides.
Daniel Mioju e Paola Antony contam detalhes desta bem-sucedida união sonora:

“A ideia de uma rádio na internet foi da Paola. Ela já chegou com um esboço do que viria a ser a Rádio Eixo. A ideia, inicialmente, era agregar as diferentes manifestações artísticas da capital federal com boa música e informações. Mas eu não tinha ideia dessa programação ou dessas informações.

Com a ideia amadurecendo, foi surgindo essa coisa de apresentar a música brasileira contemporânea, entremeada com o que a gente gosta na música universal, independente da época. Mas com os pés fincados no cerrado, em Brasília.

A produção musical brasileira atual é enorme, a internet é um oceano. Surge daí a nossa pesquisa, o garimpo desse enorme tesouro, principalmente na cena independente.

A Rádio Eixo é um fluxo de música boa e nova, arte e cultura. Me agrada Lorena Nunes ao lado de Corinne Bailey Rae, Baden Powell ou Seu Pereira, e de repente alguma coisa sobre o toque do berimbau, o povo Ashaninka, ou o Instituto Brennand, em Recife.

Acho que a Rádio Eixo é um pouco o que é o Brasil urbano de hoje: cibernética e Omolokô. É água de beber.” Conta Daniel Mioju.

“A ideia de ter uma rádio é uma fantasia antiga. Acho que povoa meu imaginário desde que me percebi realizada no ofício de radialista. Sempre fui trabalhar feliz. Sempre que rolava aquela pergunta: O que você faria se ganhasse na loteria? Eu respondia: Uma rádio. Era a tal brincadeira com fundo de verdade. O difícil era esse pré-requisito de ganhar na loteria, mas mesmo assim eu pensava e jogava, acredita?

Com o surgimento da rádio web, a brincadeira ficou mais próxima e passou a tomar mais tempo dos meus pensamentos e a gota d’água foi a viagem que fiz para Alemanha, integrando o projeto Iniciative Musik, em 2012. Lá nos apresentaram diversos projetos que juntos formavam o movimento da cena musical independente. Eu nem tinha ideia que veria aquilo e o que eu achei mais louco, ou o que mais me tocou, do ponto de vista pessoal, foi entender que as ações e as ideias eram simples, concretas, eficientes. Por exemplo, se uns criaram um selo, no subsolo, outros partiram para uma loja de discos, no térreo, para vender a produção do selo, misturado a outros, ou não. Paredes brancas, uma prateleira, caixas de plásticos como essas de mercado, tudo limpo, organizado e pronto. No mais, era a fascinante coleção de discos que se encontrava ali.

Sei que já voltei de lá, certa de querer apostar nesta minha fantasia, porque entendi que era possível reconstruir o sonho para dimensões reais. O principal eu já tinha, saber trabalhar com o assunto em função da experiência adquirida na Rádio Cultura FM. Rádio que amo de paixão, que dá sentido à minha vida e que sempre tem algo mais pra me dizer. Pois bem, cheguei e passei a trocar muitas ideias sobre isso, sobre uma rádio web e nesses bate papos, a resposta concreta veio do Daniel, que numa dessas falou: Vamos fazer essa rádio?

Na mesma hora, dividimos funções, missões, cada um correu atrás de resolver um item, os prazos eram rápidos, de hoje pra amanhã ou pro fim da semana, mas sem stress, uma demanda puxava a outra e ai é que a gente foi entendendo o que fazer, como fazer. Não deixamos espaços pra dúvidas, ao contrário, a gente se divertia com as descobertas e aí, nasceu a Rádio Eixo.

Passamos, como Daniel falou, por um período experimental que foi fundamental. Foi quando a gente se ouviu na rádio a partir de nosso acervo, nossos estilos, nossa programação e fomos lapidando a proposta. Esse diálogo entre o Brasil, sobretudo da cena contemporânea independente com a música universal, para muitos, pouco conhecida, se revelou aos nossos ouvidos, muito interessante. Aí foi como se a rádio tivesse se apresentado pra nós. No fim de outubro de 2015 começamos a divulgá-la, usando somente as ferramentas virtuais. Também de forma simples, alternativa, e contando com a ajuda de amigos.

Além da música, passamos a pensar na parte informativa da rádio, na presença da fala. Algo que vem sendo desenvolvido e que tem sido fácil chegar a acordos, pois temos, nós dois, uma curiosidade e interesse em revelar um universo histórico cultural brasileiro pouco falado, que vem, por exemplo, de referências indígenas e africanas, festejos populares, folclore, cultura, etc.

Informações que já estão na programação, mas que pretendemos avançar e fortalecer e que não são em formato de denúncia ou jornalístico, mas sim, contados, como se fosse uma tradição oral moderna. Para isso, já contamos com a colaboração de Antenor Vaz, sertanista, especialista em índios isolados que está buscando o tom em que irá nos revelar valores culturais dos povos indígenas brasileiros.

No fim das contas a Rádio Eixo está se mostrando e é só o começo, mas já temos uma quantidade de ouvintes que nos alegra e a justifica. O Brasil domina a audiência e Brasília é a cidade com mais ouvintes. O site da Rádio Eixo também aponta um bom número de ouvintes no Nordeste, Rio Grande do Norte em especial, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Fora do Brasil, as luzes se acendem nos EUA, Inglaterra e Alemanha, principalmente. Agora é seguir caminhando. Agregando ideias, propostas, parceiros e o que tiver que vir pra somar.” Celebra Paola Antony.