Ralph Gehre em livro e mostra.

Fotos: Dalton Camargos. Divulgação.
Fotos: Dalton Camargos. Divulgação.

A exposição individual “o que faço, quando não estou fazendo nada”, de Ralph Gehre, ocupa a Alfinete Galeria de Arte, de 15 de fevereiro a 22 de março. A mostra compreende o lançamento do primeiro livro do artista, intitulado “Caderneta”, e a exposição de suas 43 páginas, em fineart. Gehre desenvolve, neste livro inédito, alguns dos conceitos que guiam seu trabalho em artes plásticas. Escrito entre maio e julho de 2013, nele o artista pesquisa o processo de construção poética entre a literatura e as artes plásticas.

Iniciado como tantos outros cadernos de anotação e sem um escopo original previamente definido, o livro foi-se desenvolvendo gradativamente, dentro dele próprio. Indo e voltando entre suas páginas, anotando, desenhando e permitindo que a fluência natural se registrasse espontaneamente, a Caderneta preserva as variações de caligrafia e de instrumentos utilizados pelo artista, em sua criação. Ao final, um fino encarte solto reproduz o texto em português e em inglês.

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Retomado noite após noite, o livro foi literalmente escrito como um conjunto de anotações com as quais o artista encerrava cada jornada, tentando resumir as observações do dia. Aos poucos o assunto do livro consolidou-se com o retorno de cada conceito sobre os tantos outros, emprestando uma lógica de fábulas, lógica essa que o leitor retoma na leitura e na simples visualização de cada página aberta. Uma complementa o sentido da outra, fazendo-nos passear, para frente, para trás, em busca do início e do fim. Não um livro de poesia, mas um livro sobre sua construção. Não uma história objetiva, mas sim as ideias tomadas como personagens e motes, em um “grupo” flutuante de situações.

Grupo, aliás, é um dos conceitos preferidos do artista, conforme abordado na Caderneta. O agrupamento como associação entre partes de cada corpo quer seja o corpo da arte ou nosso próprio corpo, criticando a possibilidade do sólido monolítico, coeso e decifrável. Outros conceitos, como o par, a dose, o tubérculo e o homem-bomba decifram-se acima de uma noção de “entendimento”, explorando a potência de sentidos associados. O traço dos desenhos não se limita a ilustrações, avançando em direção a uma dimensão plástica à qual se soma uma coleção de ideogramas inventados para representar cada palavra-conceito da Caderneta.

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A edição do livro, a cargo de Lucas Gehre, constituiu um desafio como projeto e realização gráfica, reproduzindo o original integralmente em seus detalhes físicos, para que cada exemplar se assemelhe ao máximo ao original, criando um objeto verdadeiramente autoral. Uma pequena parte da tiragem será numerada e assinada pelo artista e estará à disposição na Alfinete Galeria, para aquisição.

As páginas do livro serão apresentadas também como gravuras de tiragem mínima. Impressas em fineart, sobre papel de alta gramatura, no atelier da Ponto.Galeria, contou com o acompanhamento técnico do fotógrafo Bruno Bernardes. O esmero das impressões reproduz fielmente os originais, mas cria um trabalho único, independente do livro, permitindo a associação de grupos de páginas fora de sua sequencia original.

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Serviço: “o que faço, quando não estou fazendo nada” de Ralph Gehre
Local: Alfinete Galeria (CLN 116 bloco B loja 61)
Abertura: 15 de fevereiro (sábado), às 17 horas
Visitação: Até 22 de março
De quarta a sexta, das 15:00 às 17:30 e das 18:30 às 21:00.
Sábado das 15:00 às 20:00
Entrada franca
Classificação Indicativa: Livre
Gravuras em fine art, assinadas e numeradas: R$ 500,00.
Ao comprar uma gravura, o visitante ganha uma caderneta (cópia feita em gráfica).
Caderneta: R$ 40,00
Informações: 9981-2295.