Referência Galeria de Arte inaugura nova sede com duas mostras.

Até 5 de agosto.

“Índigo” de Pedro Gandra.

A Referência Galeria de Arte inaugura as mostras “Labirinto”, com obras inéditas de Christus Nóbrega, e “Novas Referências”, coletiva que apresenta ao público os artistas que passam a ser representados pela galeria com obras de Diego de Santos, Evandro Soares, Henrique Detomi, Patricia Bagniewski, Pitágoras Lopes e Pedro Gandra. A data marca ainda a inauguração do novo espaço da Galeria, na 202 Norte, Bloco B, Loja 11, Subsolo, Brasília-DF, que contará com duas salas de exposições e acervo de obras.

Com curadoria de Cinara Barbosa, a mostra “Labirinto”, de Christus Nóbrega, ocupará a Sala Principal da Referência Galeria de Arte. Christus Nóbrega faz parte de uma geração de artistas visuais de Brasília que há pouco mais de 10 anos iniciou uma carreira que vem se desenvolvendo e alcançando espaços importantes no cenário Brasileiro. Este ano, entrou para a seleta lista de artistas que concorrem ao prestigiado Prêmio PIPA. Em 2016, teve uma de suas obras adquirida para o MAR (Museu de Arte do Rio). Tem uma de suas obras em exposição na mostra coletiva Interseções – Entre a arte e o design”, na Caixa Cultural de São Paulo, com curadoria de Marcus Lontra Costa.

Chã dos Pereiras, distrito do pequeno município de Ingá, a cerca de 100 km de João Pessoa, Paraíba. Nessa região, mulheres fazem a tradicional renda labirinto, tecida em linho, uma herança dos tempos do Brasil colônia. Em Chã dos Pereiras, a avó de Christus Nóbrega, viúva, mãe de seis filhos deu a guarda das crianças a familiares para poder mantê-los após perder a pensão do marido. Para se sustentar, passou a revender o trabalho das rendeiras. A partir de fotos de álbuns de família impressas com pigmento mineral sobre as rendas de labirinto, Christus Nóbrega deita camada após camada histórias e relações interpessoais.

Curadora da mostra “Labirinto”, Cinara Barbosa ressalta que a produção de Christus Nóbrega apresenta desdobramentos de pesquisas, onde os vários campos fazem interfaces com o sociológico e os sistemas de investigação da imagem, seu objeto de interesse e parte de sua pesquisa poética. “Ele cruza questões de ordem histórica, geográfica, simbólica, estética, a tradição têxtil, neste caso do labirinto paraibano, e trabalha narrativas polissêmicas dessas imagens a partir do álbum de família dele”, afirma a curadora. Ela ressalta ainda que o artista forma um método próprio de artista viajante, de pesquisa sobre o deslocamento, a errância e da ideia de imersão. Em “Labirinto”, Christus Nóbrega vai ao fundo da memória para resgatar a história que ao mesmo tempo individual é a história universal.

Novas referências
Na Sala Acervo, será inaugurada a mostra “Novas Referências”, com obras de seis artistas visuais que passam a integrar o elenco de artistas representados pela Referência Galeria de Arte. Diego de Santos, Evandro Soares, Henrique Detomi, Patricia Bagniewski, Pedro Gandra e Pitágoras Lopes expõem suas mais recentes produções em desenhos, pinturas, instalações e objeto escultóricos.

Diego de Santos – Desenhos
O desenho é sempre o motivo. A obra parte dele ou atravessa ou termina nele. A pesquisa e a produção de Diego de Santos estão ligadas a questões pessoais do artista: Compreender seu lugar no mundo o fez observar o mundo a partir da perspectiva da casa. Local de moradia, de passagem, de pertencimento. A casa pode ser fixada em um local ou viajante. Quando criou Lar é onde ele está, que investiga o conceito de casa para os caminhoneiros. Entendeu que o mundo pode entrar dentro dela ou ela ir para o mundo. Assim, seus trabalhos apresentam redes de compartilhamento de experiências, visões e perspectivas.

Evandro Soares – Objetos escultóricos / Site specific
Realizar as obras que reúnem suas principais habilidades é o grande elemento motivador de Evandro Soares. Matemática, geometria e serralheria dão origem a seus objetos escultóricos que saltam da parede e ganham novas dimensões ao serem expostos à luz. As sobras oferecem mais camadas e geram novas experiências sensoriais e físicas. O exercício de desenhar traz a liberdade para o artista construir algo para ele. São passagens, escadarias, patamares que remetem à infância, à observação, à construção que levam a um lugar que ele não conhece, mas sabe que deve percorrer para estabelecer uma comunicação com o mundo. Seus trabalhos partem do desenho, passam para as maquetes e seguem para a montagem final sobre chassi ou diretamente no ambiente em que passará a habitar.

Henrique Detomi – Pinturas
A pesquisa atual do artista visual Henrique Detomi traduz sua relação pessoal com a prática de caminhadas fluidas que desprovidas de objetivo colocam seu corpo e a paisagem em constante movimento. Funcionam para o seu processo de criação como um catalizador de ideias e sentimentos. A partir dessas caminhadas, ele tem desenvolvido séries de pinturas que traduzem essas vivencias de forma imagética. Nas pinturas, mostra estradas em meio a natureza selvagem nas quais introduz estruturas como escorregadores/tobogãs, tubos e mais recentemente apenas suas silhuetas. Seu interesse é a construção de uma inter-relação de simbologias, onde a estrada e os tobogãs dizem ao mesmo tempo sobre passagem temporal, fluxo, memória, interno/externo; e o ambiente natural lhe traz a ideia de busca, sobrevivência, desconhecido, selvagem.

Patricia Bagniewski – Esculturas / site specific
O conceito presente nas peças criadas em vidro pela artista visual Patricia Bagniewski joga com a dicotomia da leveza, da dança do olhar durante o processo de produção, o sopro que dá forma ao objeto. Sua produção é equivalente a um parto. A areia, material não transparente, se transforma num líquido que deve ser soprado, que precisa de muito calor. É um trabalho físico difícil. Requer força, tanto física quanto mental, ritmo e disciplina. É um material que instiga a artista visual por ser antagônico, porque ele brinca com os olhos, ao mesmo tempo permite a visão através da matéria e prende o olhar no objeto. Ele é frágil, duro e resistente.

Pedro Gandra – Pinturas
A oportunidade de frequentar as aulas da Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro desde aos 12 anos permitiu ao artista visual Pedro Gandra experimentar com as mais variadas mídias, do vídeo ao desenho, passando pela gravura e a pintura. Os temas iniciais – grafite, palavras e imagens – surgiram do questionamento sobre como poderia se dar esse embate. Com o tempo essa ideia foi se diluindo e deu lugar à busca por estabelecer um diálogo histórico de caráter abstrato e subjetivo, tendo o tema principal a paisagem. Fragmentada, surge como representação de uma realidade utópica, cuja única conexão com o real é a tela.

Pitágoras Lopes – Desenhos /Pinturas
Para Pitágoras Lopes, que começou no universo das artes pelo teatro, arte por definição é conceito. A partir daí, desenvolve sua obra como um diálogo aberto com a literatura, o teatro, a música, a vida urbana. Tudo é motivo para desencadear o processo produtivo que faz de forma compulsiva, até cansar ou esgotar o pensamento. Nesse momento, surgem as imagens e as cores, sem predefinição de paleta nem de formas. Os elementos apoteóticos – espaço naves, mísseis, criaturas robóticas, pássaros, pessoas – criam um manifesto sobre as relações humanas, a degeneração das cidades e a distopia.

Novo endereço
A partir de agora, a Referência Galeria de Arte passa a ocupar um novo endereço. Na 202 Norte, o espaço de 180m² abrigará duas salas de exposições que permitem a realização de exposições simultâneas de diferentes artistas e linguagens. Os sócios Onice Moraes e Paulo de Oliveira ressaltam que a mudança para o novo endereço surgiu da necessidade de mais espaço para exposições maiores, uma demanda dos artistas, e de abrir um número maior de obras de acervo composto por 38 artistas brasileiros contemporâneos.

Em 21 anos de atuação, consolidada no mercado de artes visuais do País, a Referência Galeria de Arte trouxe para Brasília nomes importantes para arte contemporânea brasileira e realizou projetos que lançaram jovens talentos por meio de exposições, como a “Novas Referências”, “Ocupação Contemporânea”, a “Feira Novos Eixos”, entre outros. Recentemente, criou a Feira Brasília de Arte Contemporânea, realizada de 15 a 18 de setembro, que reuniu 10 galerias e uma editora de arte para apresentar os trabalhos de 80 artistas nacionais e estrangeiros. Como forma de apresentar ao público as obras dos artistas que representa, a galeria participa de feiras pelo país, como ao SP-Arte, a PARTE e a ArtRio.

Fazem parte do acervo, as obras de Adriana Vignoli, Alex Cerveny, Alex Flemming, Alice Lara, Amilcar de Castro, Ana Michaelis, André Santangelo, Arnaldo Battaglini, Carlos Vergara, Clarice Gonçalves, David Almeida, Diego de Santos, Diô Viana, Fernando Luchesi, Francisco Galeno, Fábio Baroli, Gê Orthof, Haruo Mikami, Henrique Detomi, João Angelini, Lêda Watson, José Roberto Bassul, Luiz Áquila, Luiz Hermano, Luiz Mauro, Marcelo Solá, Paulo Whitaker, Pedro Gandra, Pedro Ivo Verçosa, Pitágoras Lopes, Ralph Gehre, Raquel Nava, Renato Rios, Rodrigo de Almeida Cruz, Rodrigo Godá, Rogério Ghomes, Sanagê, Virgílio Neto e Walter Goldfarb.

“A menina e a moça de saia rodada”. Christus Nóbrega.

Serviço: Abertura das mostras
Labirinto de Christus Nóbrega
Impressão sobre tecido e renda labirinto
Curadoria: Cinara Barbosa
Sala Principal

Novas referências
Coletiva de Diego de Santos, Evandro Soares, Henrique Detomi, Patricia Bagniewski, Pedro Gandra e Pitágoras Lopes
Pintura, desenho, escultura, site specific
Sala Acervo

Data: 22 de junho, das 17h às 21h
Visitação: Até 5 de agosto, de segunda a sexta, das 12h às 19h, e sábado, das 12h às 17h
Local: Referência Galeria de Arte
Endereço: CLN 202 Bloco B Loja 11 – Subsolo (Asa Norte)
Entrada franca
Classificação indicativa: Livre
Informações: (61) 3361-3501
E-mail: referenciagaleria@gmail.com