Mostra na CAL aborda territorialidade e presença da mulher na arte latino-americana.

De 16 de agosto até 25 de setembro.

Tarsila do Amaral.

A mostra Relatos Subvertidos ocupa as galerias Acervo e CAL da Casa de Cultura da América Latina (CAL) de 16 de agosto até 25 de setembro. A mostra tem como objetivo lançar luz ao acervo da instituição levantando temas que envolvem as questões de territorialidade e de presença da mulher na arte latino-americana.

Serão exibidas cerca de 30 obras produzidas no Brasil e também em países como Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai e Uruguai. Entre as peças selecionadas estão pinturas, esculturas, fotografias, objetos de arte popular e utensílios da cultura indígena.
Máscara. Foto: Rômulo Juracy.

A mostra tem a curadoria de Ana Paula Barbosa, Carla Cruz e Sormani Vasconcelos, alunos do curso de graduação em Teoria, Crítica e História da Arte da Universidade de Brasília, coordenação da professora Cinara Barbosa, do Instituto de Artes da UnB, e assistência de curadoria de Paulo Lannes, doutorando em Teoria e História da Arte pela mesma instituição. Para eles, Relatos Subvertidos “não se limita apenas à memória e à conservação, mas a uma pesquisa que visa atender amplo espectro de acontecimentos relacionados à formação, aquisição, eventos culturais, políticos e econômicos do continente”.

O acervo exibido conta com peças oriundas dos sete conjuntos de obras de arte da CAL. A coleção chamada de “acervo artístico” foi adquirida ao longo de três décadas por meio de doações pessoais e transferências de outros setores da UnB. Esta coleção possui a presença de artistas renomados na arte moderna e contemporânea brasileira e latino-americana, como Tarsila do Amaral, Oscar Niemeyer, Alfredo Volpi, Helena Lopes, Cícero Dias, Maria Beatriz de Medeiros, Athos Bulcão, Graciela Iturbide, Lívio Abramo, Maciej Babinski, Milan Dusek, Hugo Pistilii, Tomás Sanchez e Paulo Bruscky.

Stella Maris.

Já “coleção Stella Maris” foi doada em 2002 pela família da renomada artista e professora da UnB. Ela desenvolveu diversos processos de gravura e deixou obras que trazem novos olhares sobre Brasília e sobre a representação da mulher na arte. Entre as peças que serão exibidas na mostra estão a “Pipa Piloto” (1988), a gravura em metal “De Como Faço Evas e Destruo Ilusões a Respeito” (1967) e o livro de poemas “Pandora’s Box” (1981).

Na “coleção Marília Rodrigues”, há obras de todos os períodos de produção da artista mineira – entre elas o extenso “Álbum Registros” (1977) , que foi aluna do famoso gravurista Oswald Goeldi, no Museu Nacional de Belas Artes. Além disso, a artista ajudou a fundar o Instituto de Artes da UnB. O conjunto também possui obras de outros artistas que inspiravam Marília Rodrigues, como o paraibano José Altino e o carioca Jaguar (Sérgio Jaguaribe).

Milan Dusek.

O conjunto conhecido como “coleção inicial”, por dar início ao acervo da CAL, conta com obras adquiridas no I Festival Latino-Americano de Arte e Cultura (FLAAC), que ocorreu em 1987 no foyer da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, na UnB e em outros espaços da capital brasileira. Dela são provenientes peças que fogem do universo da arte moderna e contemporânea contemplada pelo circuito artístico, como, por exemplo, as bonecas de cerâmica do Vale do Jetiquinhonha (MG) e o banco ornitomorfo do Alto Xingu (MT).

Três conjuntos têm, em sua totalidade, obras relacionadas à cultura indígena, possuindo utensílios que vão desde máscaras, flechas e cocares a brinquedos, tecidos e fusos de fiar. Essas produções serão apresentadas juntas das obras de arte contemporânea que figuram em outras coleções.

Mola. Tecido.

A “coleção Galvão” é feita das peças coletadas na década de 1960 por uma equipe coordenada pelo antropólogo Eduardo Enéas Gustavo, que dirigiu o Instituto Central de Ciências Humanas a convite de Darcy Ribeiro até 1965. Já a “coleção etnográfica do Centro Nacional de Referência Cultural” foi doada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2002. E a “coleção Chocó” guarda objetos dos grupos indígenas colombianos Cuna e Waunana que haviam sido exibidos no II FLAAC, ocorrido em 1989 na capital brasileira.

Ao final, o que a curadoria percebe é a presença de um acervo que perpassa questões de grande relevância na América Latina, acabando por permitir novas leituras acerca da produção artística realizada no continente – estando elas intimamente ligadas à realidade social e política da região. Já a coordenação explorou as várias faces da pesquisa e direcionou o trabalho para a expografia apresentada. Assim, da pesquisa realizada pela equipe permanecem perguntas-chaves a serem entregues ao espectador: O que queremos dizer quando afirmamos que vivemos na América Latina? Enfim, o que admitimos que seja ser latino-americano na contemporaneidade?

Aniko Herkovittz. Foto: Patrick Grosner.

Relatos Subvertidos
Abertura: 15 de agosto (quarta) às 19 horas
Visitação: De 16 de agosto até 25 de setembro
Endereço: Casa da Cultura da América Latina (CAL/UnB) – Setor Comercial Sul, quadra 4, Edifício Anápolis
Visitação: De segunda a sexta, das 10:00 às 18:30
Entrada franca
Classificação indicativa: Livre.