“Retratos de Cidades – Brasília-Le Havre” abre dia 24 no Museu.

De ambos os lados do Atlântico e de um hemisfério a outro, uma cidade brasileira e uma cidade francesa apresentam um surpreendente destino comum. Brasília e Le Havre foram construídas no pós-guerra por dois grandes arquitetos do século XX : a primeira, por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, como a nova capital do Brasil; a segunda, por Auguste Perret, após os terríveis bombardeios da Segunda Guerra Mundial. Ambas representam um exemplo maior da modernidade arquitetônica do pós-guerra.

Um fotógrafo em especial foi testemunho tanto da reconstrução de Le Havre quanto da construção de Brasília: Lucien Hervé. Nascido em 1910, Lucien Hervé conheceu Le Corbusier em 1949. O arquiteto, imediatamente seduzido pelas fotografias que o artista fez da Cité Radieuse (Marselha), convida-o a trabalhar com ele (“Você tem uma alma de arquiteto e você sabe ver a arquitetura”, afirmou Le Corbusier). Foi assim que Hervé viajou por duas ocasiões (1955 e 1961) com Le Corbusier a Chandigarh (Índia).

Em 1956, Hervé foi incumbido da encomenda feita pela Direção Geral do Turismo da França e realizou a campanha fotográfica sobre a Le Havre recém-construída. Cinco anos depois, em 1961, ao término da segunda viagem a Chandigarh, ele começa uma volta ao mundo e faz uma escala em Brasília, inaugurada no ano anterior. As fotos que fez da nova capital brasileira são imediatamente publicadas em revistas especializadas da França e da Europa, contribuindo a difundir em terras europeias a epopeia da nova capital do Brasil.

Quase cinquenta anos mais tarde, Brasilia e Le Havre, hoje Patrimônio Mundial da UNESCO, continuam fascinando e questionando os artistas.

A presente exposição a lado tanto as imagens de Hervé quanto outras obras – fotografias e vídeos – de jovens artistas franceses e brasileiros das duas cidades.

Alguns desses artistas, movidos por imagens “de época” que exaltam a modernidade dessas novas cidades e pelas imagens de Lucien Hervé, revisitaram esse legado; já outros, pelo contrário, distanciaram-se dele, propondo uma abordagem não somente crítica e política, mas também poética e intimista das duas cidades, dos seus edifícios oficiais e dos seus espaços privados. Assim, questionaram-se sobre o papel imaginado para os homens, ou reivindicado ou conquistado por eles.

Serviço: Retratos de Cidades – Brasília-Le Havre 

Local: Museu Nacional da República;

Data: de 24 de junho a 25 de julho de 2010 (de terça a domingo de 09:00 às 18:30)

Abertura: 24 de junho às 19:30