O teatro brasiliense ganha livro que celebra a trajetória de Robson Graia

Robson Graia. Ensaio no Brasilia Rádio Center (1988). Foto: Ricardo Junqueira.

Um dos ícones do teatro brasiliense é enaltecido com o lançamento de um livro de Marcelo Pelúcio que resgata o legado de Robson Graia, artista múltiplo com marcante atuação nas décadas de 1980 e 1990.

Autor, ator, diretor, encenador e produtor, Graia nasceu em Brasília em 1964 e iniciou carreira aos 17 anos. Com as peças “Homem não Chora”, “Sonho de Amor em Noite de Seca” e “O Reco que Amava” consagrou-se como grande revelação em 1985.

Graia dirige o curta “Disfarça e Chora” de sua autoria. Equipe do curta entre os quais Rojer Madruga. Gabriel Dlugolenski, sentado é o ator do filme (1995). Foto: Randal Andrade.

Robson escreveu e dirigiu 36 obras e três inacabadas, além de ministrar aulas e oficinas para nomes que surgiriam no métier. Faleceu precocemente aos 36 anos em 2000.

Suas histórias contadas por amigos e companheiros de jornada estão reunidas em “RG – A identidade de Robson Graia: seus atores e atrizes – ou conte-me tudo, não me esconda nada!”.

O Acha Brasília conversou com o autor Marcelo Pelúcio:

Ensaio no Brasilia Rádio Center (1988). Foto: Ricardo Junqueira.

Acha – Como foi sua relação com o Robson Graia?

Marcelo Pelúcio – “É exatamente o que conto no livro. Começou quando entrei na Escola de Música de Brasília (EMB) em 1990. Ele dava aulas lá. Aos poucos descobri que além de mestre de cerimônias dos eventos da escola, ele dava aulas de teatro para seus grupos. 

Comecei a me interessar mais pelo teatro do que pela música. Já vinha de outras experiências com teatro antes da Escola de Música, ainda que mais voltado para aquele teatro de escola e igreja.

A relação se intensificou porque eu fazia tudo dentro do grupo e por isso tava sempre colado nele, na produção, na criação de trilhas sonoras e material gráfico para as peças. Em um dado momento, comecei a atuar. Fiz efetivamente três peças com ele. Logo depois saí. Isso foi entre 1992 e 1995.”

André Deca (costas) Nitza Tenenblat e Robson Graia. Ensaios do espetáculo “Noites de Hotel” (1990). Foto: André Lavenére.

Acha – E como surgiu a ideia do livro “RG – A identidade de Robson Graia“?

Marcelo Pelúcio – “O livro surgiu assim que decidi voltar a Brasília. Fora daqui há uns 15 anos entre pequenas idas e vindas. Voltei em 2013, já com o texto no início. Estava em Salvador desde 2010. Nesse retorno, sabia que meu refúgio seria Brasília com a família e as amizades. Foi quando me dei conta: Quais serão as amizades?

Logo toda a experiência com teatro me veio à tona e pensei que era preciso falar sobre o Robson Graia. Me dei conta que quando voltasse a Brasília, meu único ponto de referência no teatro seria ele, que havia partido. Queria escrever para retornar ele e as amizades. Na real, posso dizer que de início, bem no comecinho, foi até uma coisa meio egóica, do tipo: ‘Vou falar dele para reaproximar a galera, para saber que eu conheço ele, para reconectar’.

Em 2012, quando de fato comecei a escrever, falei mais sobre minha trajetória com ele e no Grupo Palco e depois com Os Donos do Pedaço.

Nas poucas redes sociais que haviam, encontrei aos poucos algumas pessoas que lembrava integrar o grupo. Pedi depoimentos e muitos ficaram felizes por esse contato e quiseram contar sua história também.

Por fim, eu procurei a Palco, grupo do Robson, que descobri em 2014 que tinha sede. Falei com a mãe dele, a dona Lúcia. Ela ficou feliz com o projeto e me presenteou com uma colagem maravilhosa que fez dos registros do Graia que traça a trajetória dele como ator, dramaturgo, e diretor.”

No set de “Disfarça e Chora” (1995). Foto: Randal Andrade.

O lançamento da publicação ocorre no foyer do Teatro da Caixa Cultural, nesta quarta (10 de maio), a partir de 18 horas, dentro da programação do Jogo de Cena, onde Robson foi habitué em várias edições. A programação ainda vai exibir um Vídeo do Baú com um compilado de imagens com suas participações no projeto que celebra 35 anos como importante vitrine cultural.