Amok Teatro estreia espetáculo com elenco integralmente formado por atores negros.

De 2 a 5 de junho.

Foto: Andreia Teixeira.
Foto: Andreia Teixeira.

O espetáculo Salina, da Amok Teatro, aporta na Caixa Cultural de 2 a 5 de junho. A montagem do texto de francês Laurent Gaudé ganhou direção de Ana Teixeira e Stephan Brot. Ambientado numa África imaginária, o espetáculo convida o público a imergir em uma cultura ancestral, levado por um conto atemporal e universal, que traz em seu enredo exílio, ódio e perdão.

A dramaturgia do espetáculo é composta por elementos da tragédia grega e da epopeia africana, onde se encontram o épico, as paixões, o combate e a parte sombria do indivíduo. Sob todos os pontos de vista, estamos diante de uma inquietante, bela e poderosa montagem, Lionel Fischer, ator, autor e diretor brasileiro.

Inédita no Brasil, a peça conta a saga de Salina, personagem central da trama e que dá nome ao espetáculo. Casada à força e brutalmente violada por seu marido, Salina dá à luz a Mumuyê Djimba, um filho que ela rejeita e detesta, tanto quanto ao pai da criança. Acusada de deixar o esposo morrer agonizante, num campo de batalha, Salina é banida de sua cidade e forçada a viver no deserto. Isolada de seu povo e sozinha, ela nutri um forte desejo de vingança. De sua ira, é gerado um filho, Kwane, que, mais tarde, trava uma guerra com seu irmão, Djimba, quando uma surpreendente reviravolta transforma o destino de Salina.

O espetáculo integra em sua dramaturgia o conto, o jogo, a música e a dança. A música é tocada ao vivo, com instrumentos tradicionais africanos e afro-brasileiros. Em Salina, o Amok Teatro apresenta o signo negro em cena, abrindo as cortinas do teatro para revelar sua potência, sua riqueza e sua humanidade luminosa. “A obra de Laurent Gaudé permitiu a criação de um território simbólico, uma África imaginária, construída a partir de uma identidade mestiça, da confluência de diversas culturas de raiz africana e das diferentes visões e trocas que surgiram no decorrer do projeto”, explica Ana Teixeira.

Foto: Andreia Teixeira.
Foto: Andreia Teixeira.

Salina estreou no Rio de Janeiro em 2015 com enorme sucesso de crítica e público. A peça, a mais recente criação do Amok Teatro, recebeu os Prêmios Shell nas categorias “Melhor Figurino” e “Inovação” e o APTR de “Melhor Atriz Coadjuvante”. Além de ter sido indicado, em diferentes categorias, aos mais importantes prêmios de teatro como Cesgranrio, para Melhor Espetáculo, Direção e Figurino; Shell, para Melhor Direção e Atriz; Questão de Crítica, para Melhor Figurino e Coreografia; Cenym, para Melhor Atriz, Companhia de Teatro e Figurino; e APTR, para Melhor Direção e Figurino.

O espetáculo é fruto de um elaborado processo de imersão, que envolveu diversas etapas e ultrapassou o âmbito da estética e gerou novos espaços de deslocamentos, de trocas e de reflexão. A obra teatral, idealizada pelos diretores, porém, criada coletivamente, teve como alicerce a realização várias etapas: formação de atores, pesquisa de linguagem cênica, além de intercâmbios e longo período de ensaios. Durante a formação dos atores, a sede do Amok Teatro, em Botafogo, se transformou em um ambiente de convergência e trocas de experiências.

Constituído a partir de intenso processo de seleção de atores, o elenco integralmente formado por atores negros, embora desconhecido do grande público, apresenta excelente trabalho de interpretação principalmente em Ariane Hime e em Tatiana Tibúrcio. O desenho de luz de Renato Machado, o cenário e o figurino do casal de diretores e toda a trilha sonora composta e interpretada ao vivo em cena por Fábio Simões Soares garantem ao espectador momento de rara beleza. Eis aqui um espetáculo precioso, Rodrigo Monteiro, do Blog Crítica Teatral.

Concluída a formação, dez atores e um músico passaram a integrar o grupo e deu-se inicio à pesquisa cênica, apoiada em diferentes culturas africanas e afro-brasileiras, em particular o Congado e o Candomblé. De forma a enriquecer este processo, o grupo realizou diversos encontros com Jorge Antônio dos Santos, mestre de tambor do Congado dos Arturos, de Minas Gerais, com quem estudaram, além dos cantos e ritmos dessa tradição, temas ligados à religiosidade e a ancestralidade.

Foto: Daniel Barboza.
Foto: Daniel Barboza.

Serviço: Espetáculo: Salina (a última vértebra), da Amok Teatro.
Local: Teatro da Caixa Cultural (SBS Quadra 4 – Edifício anexo à Matriz da Caixa)
Temporada: De 2 a 5 de junho (quinta a domingo)
Horários: De quinta a sábado, às 19h, e domingo, às 18h.
Duração: 220 minutos, com intervalo de 20 minutos, quando será servido um lanche.
Classificação indicativa: 12 anos.
Ingressos: R$ 20,00 e 10,00 (meia entrada para estudantes, professores, maiores de 60 anos, funcionários Caixa e mediante doação de agasalhos).
Os ingressos começam a serem vendidos no sábado, dia 28 de maio, somente na bilheteria do teatro.
Bilheteria: De terça a sexta e domingo, das 13h às 21h, e sábado, das 9h às 21h.
Capacidade: 406 lugares (8 para cadeirantes).
Informações: (61) 3206-6456.