A 2ª Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva tem programação gratuita no CCBB.

De 13 a 17 de dezembro.

D…Equilíbrio. Foto: Gal Oppido.

A Sentir – 2ª Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva vai de 13 a 17 de dezembro no CCBB com entrada franca. A programação traz companhias de teatro e dança que, com seus espetáculos, ultrapassam paradigmas das formas ditas normais de expressão e de percepção da arte. As obras fazem refletir sobre a questão do corpo com deficiência e desafiam os limites que os sentidos possuem independente da importância que cada um tem para cada indivíduo. Os espetáculos são capazes de mostrar que a pouca acuidade ou a ausência de determinado sentido pode intensificar a potencialidade poética da obra e não ser apenas um obstáculo para a sua percepção.

A mostra conta com 10 apresentações de espetáculos de Artes Cênicas e Dança executados por uma companhia do Distrito Federal (Projeto Pés), uma do Rio de Janeiro (Escola de Gente – Os Inclusos e os Sisos), duas de São Paulo (Marcos Abranches e Grupo Sensus) e uma da Eslovênia (Barbara Pia Jenič). Além dos espetáculos, será realizada uma oficina de dança para pessoas com ou sem deficiência, além de uma palestra e uma mesa de debate sobre arte, deficiência e inclusão.

A proposta é apresentar diferentes perspectivas de produção artística e alternativas de vivenciar a arte por meio de experimentações sensoriais inusitadas. São espetáculos que desafiam os paradigmas do corpo, que podem ser “vistos” a partir da sonoridade, “ouvidos” pelo olfato, “escutados” por meio do silêncio dos gestos.

Todo o projeto em sua extensão contempla ações de acessibilidade cultural. A SENTIR prevê em todos os espetáculos tradutores em libras para deficientes auditivos e audiodescritores para deficientes visuais com rádios para transmissão simultânea, acessibilidade estrutural para cadeirantes, impressão de folder em braile, produção de site com recursos de acessibilidade e um monitor responsável pela integração do público com os espetáculos. De acordo com dados da CODEPLAN, cerca de quase um quarto da população possui algum tipo de deficiência. São 22,23% dos habitantes do Distrito Federal

A ideia, além de promover as ações de acessibilidade, é fazer interagir diversos públicos e artistas com ou sem deficiência e mostrar que a arte deve ser produzida e consumida por todos, independente de limitações físicas ou sensoriais.
A SENTIR tem patrocínio do FAC, apoio do Centro Cultural Banco do Brasil, da Embaixada da Eslovênia em Brasília e da Universidade de Brasília.

Ninguém mais vai ser bonzinho. Foto: Luciano Bogado.

Espetáculos:

Barbara Pia Jenič
(Eslovênia) – Sensorial theatre language in Senzorium
Classificação: 12 anos
Duração: 120 minutos
Com audiodescrição e libras

A palestra/performance realizada por Barbara Pia Jenič trata-se de uma apresentação teórica e prática do que é a linguagem sensorial, seu contexto internacional e histórico e o modo de desenvolvimento do grupo Senzorium na Eslovênia. A artista mostra como a poética da linguagem teatral sensorial baseia-se em várias ferramentas: Escuridão, silêncio, solidão, linguagem dos sentidos, inconsciente coletivo, sincronismo, espaço vazio, imagens internas, arquétipos e símbolos. Os visitantes são viajantes: são os principais atores e se deslocam de um espaço para outro. Os artistas de uma história são personagens secundários nas histórias dos visitantes. É extremamente difícil para a linguagem teatral sensorial corresponder à poética teatral convencional. A especificidade da linguagem teatral sensorial é que ela trata os visitantes individualmente. Barbara Pia é uma das principais expoentes da linguagem sensorial teatral no mundo.

Similitudo – Projeto Pés – (DF)
Classificação: livre
Duração: 45 minutos
Com oferta de audiodescrição, não há necessidade de Libras pois não há oralidade no espetáculo.

SIMILITUDO propõe-se ao cotidiano em cena. O espetáculo aborda questões do convívio social no dia-a-dia e de como esse cotidiano, muitas vezes, poda e molda padrões de movimento, de relacionamento e até de sensibilidade.

Ninguém mais vai ser bonzinho – Escola de Gente / Os Inclusos e os Sisos
Classificação: livre
Duração: 60 minutos
Com audiodescrição e Libras

Os Inclusos e os Sisos – Grupo de Arte e Transformação Social – foi criado no ano de 2003 pela Escola de Gente a partir de mobilização de Tatá Werneck junto aos alunos(as) de Artes Cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), despertou plateias para a causa da inclusão através do teatro. Desde sua formação, o grupo já percorreu 14 estados de todas as regiões do Brasil, somando um público de mais de 30 mil pessoas. Fundada pela jornalista Claudia Werneck em 2002, a ONG Escola de Gente já sensibilizou mais de 400 mil pessoas de 16 países das Américas, África, Oceania e Europa, além de contar com parceiros/as da sociedade civil, governos, Ministério Público da União, conselhos de direitos, cooperação internacional e empresas. Por sua atuação, a ONG recebeu 41 reconhecimentos nacionais e internacionais, dentre elas duas da Presidência da República: o “Prêmio Direitos Humanos 2011” na categoria “Direitos de Pessoas com Deficiência”, a mais alta condecoração do Estado brasileiro na área dos Direitos Humanos; e a Ordem de Mérito Cultural 2014, por usa contribuição ao país na categoria “Artes Integradas”.

O pequeno príncipe sensorial – Grupo Sensus (SP)
Classificação: livre
Duração: 120 minutos (25 minutos por trajeto)
Com Libras

O Pequeno Príncipe Sensorial é uma performance “ambulante”. O público é convidado a percorrer um trajeto conduzido pelos atores que, além de guiá-lo, interpretam textos da obra de Antoine de Saint-Exupèry, e o estimulam sensorialmente através do tato, olfato e audição. Por utilizar a plateia vendada, o Pequeno Príncipe e todo seu simbolismo, dialoga com a linguagem do Sensus, especialmente quando diz: “o essencial é invisível aos olhos”. Valores como amizade, amor e caráter são introduzidos de forma poética nesta obra encantadora que emociona crianças e adultos.

D… Equilíbrio – Marcos Abranches (SP)
Classificação: 14 anos
Duração: 45 minutos
Com audiodescrição

Marcos Abranches é coreógrafo e dançarino portador de coreoatetose, deficiência física rara decorrente de uma lesão cerebral. Não é uma doença e sim um estado patológico que se manifesta a partir de movimentos involuntários, intermitentes e irregulares da face e dos membros. Marcos acha importante enfatizar que não possui nenhuma limitação intelectual e que utiliza da própria deficiência como referência de estudo para a construção de sua linguagem artística corporal, sendo o único coreógrafo brasileiro com paralisia cerebral a propor um estudo sobre dança contemporânea.
D…Equilíbrio” inspirou-se especialmente no filme “Bicho de Sete Cabeças”, de Laís Bodanzky, adaptado do livro “Canto dos Malditos” de Austregésilo Carrano. O bailarino que vai ministrar ainda uma oficina intitulada “Coreoatetose” (causada por paralisia cerebral) chegou a conhecer o escritor. O solo reflete a relação entre equilíbrio e desequilíbrio dentro da parcialidade de movimento do dançarino Marcos Abranches. Ele oscila o corpo para despertar do vazio e isolamento causado pelo desequilíbrio. A desestética do movimento é sentida pelo abandono e pela rejeição, entendendo que o alívio está no amparo do amor. Investiga no movimento do corpo um mundo sem angústia, sem dores, sem desespero. Busca a vida. Encontra na dança o equilíbrio do corpo e o belo da alma.

Programação:

Espetáculos

Dia 13 de dezembro, às 19h, Teatro I do CCBB/DF:
Abertura e apresentação artística -Barbara Pia Jenič – Sensorial theatre language in Senzorium (Eslovênia)

Dias 14 e 15 de dezembro, às 19h, Teatro II do CCBB/DF:
Similitudo – Projeto Pés – (DF)

Dias 14 e 15 de dezembro, às 21h, Teatro I do CCBB/DF:
Ninguém mais vai ser bonzinho – Escola de Gente / Os Inclusos e os Sisos (RJ)

Dias 16 e 17 de dezembro, às 16h, Teatro II do CCBB/DF:
O pequeno príncipe sensorial – Grupo Sensus (SP)

Dias 16 e 17 de dezembro, às 21h, Teatro I do CCBB/DF:
D… Equilíbrio – Marcos Abranches (SP)

Oficinas e atividades paralelas:

Palestra / Mesa de debate – Arte, deficiência e inclusão – 14 de dezembro às 15h (UNB)
Com Libras

Coordenação: Everton Luis Pereira. Antropólogo e professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília. A deficiência ainda se configura como um tema pouco debatido nos diferentes meios, sejam eles na sociedade em geral ou nas universidades. Trata-se a deficiência como se fosse uma questão a ser apenas abordada por especialistas, grande medida médicos, psicólogos e assistentes sociais, deixando os demais pouco expostos a problematização da questão e debate de um tema tão pertinente. As artes, neste sentido, é um dos espaços que pouco se debate o tema e pouco vem sendo feito no sentido de reconfigurar as formas de pensar e fazer teatro e dança a partir dos corpos diferentes.

Barbara Pia Jenič (Eslovênia) – Sensorial theatre language in Senzorium
15 de dezembro às 15h (UNB)
Auditório 01
Faculdade de Ciências da Saúde (FS)
Campus Universitário Darcy Ribeiro
Universidade de Brasília (UnB)
Com Libras e audiodescrição

A palestra/performance realizada por Barbara Pia Jenič trata-se de uma apresentação teórica e prática do que é a linguagem sensorial, seu contexto internacional e histórico e o modo de desenvolvimento do grupo Senzorium na Eslovênia. A artista mostra como a poética da linguagem teatral sensorial baseia-se em várias ferramentas: Escuridão, silêncio, solidão, linguagem dos sentidos, inconsciente coletivo, sincronismo, espaço vazio, imagens internas, arquétipos e símbolos. Os visitantes são viajantes: são os principais atores e se deslocam de um espaço para outro. Os artistas de uma história são personagens secundários nas histórias dos visitantes. É extremamente difícil para a linguagem teatral sensorial corresponder à poética teatral convencional. A especificidade da linguagem teatral sensorial é que ela trata os visitantes individualmente. Barbara Pia é uma das principais expoentes da linguagem sensorial teatral no mundo.

Oficina Coreatetose com Marcos Abranches, 16 de dezembro, 10h (PROMODEF – Estação 112 sul metrô)
Com Libras
Oficina de dança para pessoas com ou sem deficiência com o coreógrafo Marcos Abranches a “Oficina Coreoatetose” tem seu foco no refinamento da linguagem da dança inclusiva dentro do universo da dança contemporânea. O processo criativo da oficina está centrado no estudo do corpo de Marcos Abranches em e tem como referências o método Feldenkrais, o Butoh, o Danceability e o Contato-improvisação.

Similitudo. Projeto Pés. Foto: Jemima Tavares.

Serviço: Sentir – 2ª Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva
Data: De 13 a 17 de dezembro
Local: CCBB (SCES, Trecho 02, lote 22)
Entrada gratuita para todas as atividades mediante retirada de senha, a partir de 1 hora antes do espetáculo, na bilheteria do CCBB
Informações: (61) 3108-7600
O CCBB possui acessibilidade estrutural e todas as sessões são inclusivas, com oferta de libras, tradução simultânea e monitor para orientação e integração do público com deficiência intelectual aos espetáculos.