Exposição traz trabalhos de Banksy e grandes nomes da arte urbana.

Nunca. Divulgação.
Nunca. Divulgação.

A mostra Street Art – Um panorama urbano ocupa a Caixa Cultural de 26 de novembro de 2014 a 11 de janeiro de 2015. São obras de artistas do Brasil, Inglaterra, Itália, França, EUA e Portugal, sob a curadoria da produtora portuguesa Leonor Viegas. Há nomes como do inglês Banksy, os franceses Jef Aerosol e Rero, os portugueses Vhils e ±MaisMenos±, os brasileiros Nunca e Herbert Baglione, os italianos StenLex e Pixel Pancho e os americanos HowNosm utilizam as mais variadas técnicas – pintura, estêncil, colagem, mosaico, instalações, resina, carimbo, montagem e até esculturas.

Now Nosm.
Now Nosm.

A mostra traz uma peça exclusiva de Banksy. A obra EVERYDAY A FRESH LOAD OF COMPROMISE – 2006, peça única, foi gentilmente cedida por um colecionador. O artista inglês, cuja verdadeira identidade é desconhecida, é famoso pelas ações explicitamente políticas, que chamam a atenção do mundo, como pintar painéis irônicos no lado palestino do muro que separa a Cisjordânia de Israel. Além dela, mais um trabalho do artista estará na exposição.

Jef Aerosol.
Jef Aerosol.

Todos os outros artistas criaram peças especialmente para a exposição. Pixel Pancho realiza uma obra in loco. “A ideia é que tenhamos peças inéditas desses artistas, alguns deles realizando trabalhos que reflitam o olhar deles para o Brasil. Acredito que a exposição poderá estabelecer um diálogo maior com o público,” explica Luiz Prado, produtor do projeto.

Herbert.
Herbert.

Segundo a curadora Leonor Viegas, outro diferencial é que os artistas tiveram liberdade para trabalhar. “Diferente de uma exposição em galeria, onde muitas vezes o objetivo principal é a venda, estamos dentro de um museu, na CAIXA Cultural, onde todos tiveram liberdade de expressão para criar. Existe uma transposição do espaço público para outro contexto onde todos se adaptam de diferentes formas.”

Pixel Pancho.
Pixel Pancho.

Os Artistas

Banksy (Inglaterra) – http://banksystreetart.tumblr.com/
Começou a carreira como um artista de grafite no começo de 1990, em Bristol, no Interior da Inglaterra. Sua verdadeira identidade é desconhecida, já sua arte é caracterizada por imagens impressionantes, muitas vezes combinadas com slogans. Seu trabalho mudou o olhar sobre a arte de rua. Com spray, faz críticas políticas, à sociedade e à guerra, mas sempre com um humor sombrio e irônico.

Além de seu trabalho bidimensional, Banksy é conhecido por sua obra de instalação. Uma das mais célebres contou com um elefante vivo pintado com um papel de parede padrão vitoriano, que gerou polêmica entre os ativistas dos direitos dos animais. O trabalho de Banksy na barreira da Cisjordânia, entre Israel e Palestina, recebeu significativa atenção da mídia em 2005. Ele também é conhecido pelo uso de material protegido por direitos autorais e subversão das imagens clássicas. Um exemplo disso é a versão de Banksy da famosa série de Nenúfares, de Monet, adaptado por Banksy onde aparece todo tipo de lixo e detritos flutuando na água.

Também se especializou em ações espetaculares, como na vez em que colocou um boneco vestido de prisioneiro de Guantánamo na Disneylândia. Com prováveis 40 anos, ele segue experimentando: é o diretor de Exit Through the Gift Shop (“Saída pela loja de presentes”), documentário sobre um francês que o persegue, indicado ao Oscar.

Jef Aerosol (França) – http://www.jefaerosol.com/
Jean-François Perroy, mais conhecido sob o pseudônimo de Jef Aerosol, nasceu em Nantes (França), em 1957. É um dos pioneiros do que hoje é chamado “arte urbana”, e uma referência para os artistas de rua da nova geração.

Costuma pintar celebridades e ícones – como Elvis Presley, Gandhi, Lennon, Jimi Hendrix, Basquiat, Amalia Rodrigues e Bob Dylan -, mas uma parte muito significativa do seu trabalho é dedicado aos personagens anônimos, como, artistas de rua, transeuntes, mendigos, crianças, idosos e pessoas comuns. Pinta as silhuetas em tamanho natural, em tons de preto e branco, sempre enfatizadas com sua famosa e misteriosa seta vermelha, segunda assinatura do artista.

Em 2011, no Beaubourg (Museu de Arte Moderna de Paris), Jef fez sua maior estêncil de 350 m2, intitulado Chuuuttt. A construção da obra pode ser vista aqui – https://vimeo.com/25320795.

Nunca (Brasil) – https://www.facebook.com/nunca.art
Francisco Rodrigues da Silva, conhecido como Nunca é um dos mais importantes grafiteiros do Brasil. Utiliza a técnica do grafite para criar imagens que confrontam um Brasil urbano e moderno com seu passado nativista. Sua tag, Nunca, afirma sua determinação em não estar vinculado a restrições culturais ou psicológicas. O artista perdeu a conta do número de paredes que pintou. Em 2008, foi convidado para enfeitar a fachada da galeria Tate Modern, uma das mais importantes do mundo, que fica em Londres. Sua obra, O Drible foi feita especialmente para o Edição de Arte Impressa Oficial da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. Ele retrata um jogo de futebol de rua.

Vhils – (Portugal) – http://www.alexandrefarto.com/
Artista português Alexandre Farto, conhecido como Vhils, não cabe em um rótulo, ele cria em diferentes estilos. O artista desenvolve uma técnica de desconstrução para criar rostos, paisagens e mensagens que encantam o público. Publicidade de outdoors, gesso e materiais não convencionais – como ácido e água sanitária – são utilizados em sua criação. Ele mostra que ícones da sociedade de consumo podem ser sutilmente convertidos em objetos que sensibilizam a humanidade.

Nascido em Lisboa, em 1987, o sucesso veio em 2008, quando apresentou a série Scratching the Surface (Arranhando a Superfície) em festivais. Os trabalhos são feitos com martelo, cinzel e até explosivos, podendo ser estampados em muros, madeira e metal. Recentemente fez um importante trabalho em comunidades do Rio de Janeiro. Nas favelas do Morro da Providência e comunidade dos Tabajaras cravou os rostos dos moradores destas favelas, que haviam sido despejados das suas casas por conta de interesses imobiliários, dando voz e rosto a este problema.

±MaisMenos± – (Portugal) – http://maismenos.net/
O artista português Miguel Januário estudou design gráfico, mas foi a experiência como grafiteiro que lhe deu uma nova perspectiva sobre como usar o espaço público. Responsável pelo projeto ±MaisMenos±, espalhou o símbolo ± pelas cidades, até que começou a despertar a atenção da mídia. Foi para a rua, anonimamente, perguntar às pessoas se tinham visto algumas das suas intervenções. Uns surpreendentes 70% diziam reconhecer o seu símbolo, apesar de não conseguirem explicar quem estaria na origem da manifestação.

O que começou como uma forma de questionar o papel dos designers na sociedade tornou-se um projeto de arte. Mesmo assim, mantém-se o fio condutor. A primeira criação que vendeu foi uma caixa de Tamiflu emoldurada, com preço de obra de arte. Uma das criações mais emblemáticas do artista foi o Enterro de Portugal. Um caixão com a forma do país, exposto em 2012, em Guimarães, reuniu mais de cem pessoas num cortejo fúnebre.

StenLex – (Itália) – http://stenlex.net/
Stan (de Roma) e Lex (de Taranto), ambos nasceram em 1982 e trabalham juntos desde 2000. Pioneiros em seu uso de estêncil, na Itália, a dupla investe nas ruas de Roma desde 2001. Eles obtiveram rapidamente fama internacional graças aos impressionantes retratos de pessoas anônimas colados nas cidades de todo o mundo. Sua arte é feita de milhares de tiras de papel, que compõem retratos de pessoas que os artistas fotografam, encontrados entre os álbuns de família ou que são apenas pessoas anônimas.

Em 2008, participaram do Festival Cans organizada por Banksy, com mais 39 artistas de todo o mundo. Eles exibiram suas obras em um túnel abandonado perto de Leake Street, no sudeste de Londres. Em 2010, começaram a produzir o que eles chamam de “Stencil Poster”. A técnica deriva da união de duas das principais técnicas de arte de rua, o estêncil e o pôster.

Rero (França) – www.reroart.com
Nascido em 1983, Rero já expôs em muitas instituições públicas, como o Centro Georges Pompidou, o Musée en Herbe, o Musée de la Poste, Confluências em Paris ou a Antje Øklesund, Berlim. Mais recentemente seu trabalho tem recebido inúmeras exposições na França, Estados Unidos, Itália, Alemanha e Suíça.

Sua técnica transita entre a arte urbana e arte conceitual. Rero questiona o contexto da arte, bem como os códigos que governam imagens e propriedade intelectual com uma sigla que surge regularmente em suas peças: WYSIWYG (What You See Is What You Get – O Que Você Vê é o Que Obtém).

Nunca. Foto: Jan Normandale.
Nunca. Foto: Jan Normandale.

Serviço: Exposição Street Art – um Panorama Urbano
Visitação: De 26 de novembro de 2014 a 11 de janeiro de 2015
Horário: De terça a Domingo das 9h às 21h
Local: Caixa Cultural Brasília | Galeria Principal (Setor Bancário Sul Quadra 4 – Lotes 3/4)
Classificação indicativa: livre
Entrada Gratuita

Lançamento de catálogo: 12 de dezembro, às 19h
Local: Caixa Cultural Brasília | Galeria Principal
Classificação indicativa: livre
Entrada Gratuita.