“Tarkovsky e Seus Herdeiros” em cartaz no cinema do CCBB.

Divulgação.

O Centro Cultural Banco do Brasil apresenta a mostra de cinema “Tarkovsky e Seus Herdeiros”, entre os dias 29 de junho a 11 de julho. Serão apresentados quinze filmes, um debate e uma aula em torno do cinema moderno* de Andrei Tarkovsky e seu legado. 

Tarkovsky é considerado o segundo maior cineasta da extinta União Soviética, atrás apenas de Sergei Eisenstein. Entretanto, sua obra ainda não foi amplamente discutida. Tendo influenciado diretores por todo o mundo, a obra do cineasta russo merece maior espaço no cenário cultural.

Tarkovsky e Seus Herdeiros pretende preencher essa lacuna de reflexão sobre a herança estética do diretor russo. Para fomentar ainda mais a discussão, cineastas influenciados por ele, tais como Béla Tarr e Aleksandr Sokurov, além de Sergei Paradjanov (contemporâneo de Tarkovsky) também terão filmes exibidos no evento.

Tarkovsky passou a vida montando e desmontando “relógios” na tentativa de compreender o funcionamento da vida e do espírito dos homens. Nascido em Moscou, em 1932, filho do célebre poeta Arseni Tarkovsky, Andrei estudou música, pintura e a língua árabe na infância e juventude. Trabalhou em prospecção geológica na Sibéria e só aos 24 anos começou a se interessar por cinema. Aprendeu o novo ofício com Mikhail Romm (Lenin em Outubro) na Escola de Cinema de Moscou, onde realizou o curta Hoje Não Haverá Saída Livre (1959) e o média de conclusão do curso, O Trator e o Violino (1960).

Com o épico introspectivo A Infância de Ivan (1962), Tarkovsky fomentou a nouvelle vague soviética dos anos 60. Diante daquela história de guerra vista pelo menino como o inferno na terra, Jean-Paul Sartre a defendeu como peça de “surrealismo socialista”. Em seguida veio Andrei Rublev (1966), para muitos sua obra-prima. A biografia poética do pintor de ícones medieval enfatizava a visão do artista não como uma elite, mas como um operário, um artesão gerado pela energia criativa do povo.

A esta altura Tarkovsky já vivia uma situação contraditória na indústria estatal do cinema. Os estúdios Mosfilm concediam-lhe vastos recursos de produção para depois dificultar ao máximo a circulação de seus filmes. Andrei Rublev ficou proibido durante cinco anos por “falta de rigor histórico”. A burocracia o acusava de misticismo, violência e irrealismo. A crítica e os festivais internacionais, no entanto, o cultuavam como a um novo Dostoievski. Solaris (1972), cruzamento de ficção científica com ensaio filosófico, consolidou sua reputação dialogando com o 2001 de Kubrick e sugerindo que cada um de nós é responsável por assumir seu passado perante a coletividade.

Era tempo de Tarkovsky voltar-se para o seu próprio passado e o de sua mãe em O Espelho (1974), uma complexa odisséia da memória. Em 1979, ao realizar o sublime Stalker, o cineasta confirmava-se independente dentro do mastodôntico cinema soviético: nem um dissidente padrão, nem um servil cumpridor de cânones.

Nove filmes em 26 anos de carreira parece pouco aos olhos da estatística. Mas a escala grandiosa da obra de Andrei Tarkovsky não se mede por números. Em Esculpir o Tempo, seu livro de reflexões sobre arte e cinema, ele comparou o trabalho do diretor ao de um escultor que, “guiado pela visão interior de sua futura obra, elimina tudo o que não faz parte dela”. O seu cinema tem essa qualidade essencial das obras perfeitas: o que não está ali é excesso.

O cineasta morreu em Paris no ano de 1986 em decorrência de um câncer no pulmão.

O cinema moderno que se estabelece no pós-II Guerra Mundial tem essencialmente uma ideologia progressista. As inovações de técnica e linguagem se voltam para captar as mudanças e incentivar transformações no plano moral ou político.

Programação:

Dia 29 de junho

14h – A Cor da Romã

16h – Páginas Ocultas

19h – Nostalgia

Dia 30 de junho

14h – Mãe e Filho

16h – Danação

19h – O Sacrifício

Dia 01 de julho

14h – Moloch

16h – A Lenda da Fortaleza Suram

19h – Stalker

Dia 02 de julho

14h – Ashik-Kerib

16h – As Harmonias de Werckmeister

19h – Andrei Rublev

Dia 03 de julho

14h – Sombras dos Nossos Antecipados

16h – Páginas Ocultas

19h – Solaris

Dia 04 de julho

14h – A Lenda da Fortaleza de Suram

16h – O Sol

19h – O Sacrifício

Dia 06 de julho

14h – Ashik-Kerib

16h30 – Mãe e Filho

19h30 – Stalker

Dia 07 de julho

14h – Sombras dos Nossos Antepassados

16h30 – Moloch

19h30 – Nostalgia

Dia 08 de julho

14h – Páginas Ocultas

16h30 – A Cor Romã

Dia 09 de julho

14h – Ashik-Kerib

16h – O Sacrifício

19h – As Harmonias de Werckmeister

Dia 10 de julho

17h – Solaris

20h – Danação

Dia 11 de julho

14h – O Sol

17h – Andrei Rublev

20h – Mãe e Filho

Debate: 08 de julho, às 19h30 – O Legado de Andrei Tarkovsky, com o curador da mostra Sérgio Alpendre e os críticos de cinema Francis Vogner dos Reis (Revista Cinética) e Luiz Carlos Oliveira Jr. (revista eletrônica Contracampo).

Aula: 10 de julho, às 14h – Tarkovsky e Seus Herdeiros, ministrada pelo curador da mostra Sérgio Alpendre. Serão apresentados trechos de filmes para ilustrar o estilo de Tarkovsky e de seus herdeiros e analisado em que pontos ele se aproxima e se distancia do que pregava em seu livro Esculpir o Tempo. Também será discutido como a influência pode ser nefasta em certo tipo de cinema contemporâneo.

Serviço: Tarkovsky e Seus Herdeiros

Local: Cinema do Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Trecho 2 Conjunto 22)

Data: 29 de junho a 11 de julho

Informações: (61) 3310-7087

Preço:R$ 4 (inteira) – filmes em película  – Entrada Gratuita – filmes em DVD (A venda antecipada de ingressos inicia-se na terça-feira da semana anterior à do espetáculo, restrita a quatro ingressos por pessoa.)