O espetáculo “Tudo que há flora” ganha temporada no CCBB.

Até 5 de fevereiro.

Foto: PH Costa Blanca. Divulgação.

Com cenários de Fernando Mello da Costa, que renderam sua indicação aos prêmios Botequim Cultural e Cenym 2016, iluminação de Aurélio de Simoni, figurinos de Antônio Guedes e trilha original de Pablo Paleologo, a peça começou a ser idealizada há dois anos pelos três atores, amigos desde os tempos do Tablado, e que há três formaram o grupo teatral Nossa! Cia. de Atores. “A ideia veio depois da leitura do conto Dora, uma mulher sem sorte, do meu avô, o jornalista Théo Drummond, em 2014. Foi ali que começamos a pensar nessas questões e na possibilidade de realizar um projeto a respeito”, revela Lucas.

Flora é uma dona de casa que cumpre um ritual diário enquanto espera o marido para o almoço. A trama, que poderia ser apenas uma história de amor entre um casal, revela aos poucos um lado sombrio. “Queríamos falar sobre como as pessoas conversam, mas não se escutam e muitas vezes vivem em uma aparente normalidade que nunca existiu, tentando esconder a solidão e suas imperfeições”, resume Leila. Para contar essa história, os três pensaram em seguir uma linha tragicômica, como explica Thiago: “Procuramos uma linguagem que fosse ao mesmo tempo engraçada e que provocasse reflexão. Foi assim que chegamos ao ‘teatro do absurdo’, com seus jogos de palavras e humor non sense”.

O trio convidou Luiza Prado, roteirista de duas temporadas do seriado Vai que cola, do canal Multishow, e ainda de curtas-metragens como O Rio de Paixão (2013), vencedor do concurso O Rio que eu vejo, para escrever o texto e dar forma às ideias da companhia: “Direcionar a experiência que tive ao escrever roteiros que exigiam uma sólida estrutura foi, de fato, um facilitador e um norte quando me deparei com as incontáveis possibilidades de explorar, no universo teatral, a incomunicabilidade humana e as dimensões de personagens extremamente solitários”, comenta a autora.

Premiado diretor teatral, professor, ator, autor e diretor artístico da Companhia Atores de Laura, Daniel Herz abraçou o projeto quando foi convidado a dirigi-lo: “Os temas abordados aqui me tocam muito, me movem quanto artista. Somado a isto, trata-se de um texto novo, desenvolvido na linguagem do teatro do absurdo, que adoro, e idealizado por três jovens atores talentosos. Eu, aliás, me vi neles quando comecei, porque sempre digo aos jovens atores para que tenham projetos e não fiquem esperando até um diretor desejá-los. E eles fizeram exatamente isso, o mesmo que eu fiz quando tinha 18 anos”, conta.

Em um cenário despojado, com poucos elementos cênicos, entre eles três cadeiras e três buracos no chão, por onde os personagens entram e saem e que levam a um porão repleto de eletrodomésticos, Flora (Leila Savary) repete um ritual diário antes do almoço, que vai desde a meticulosa arrumação da mesa até o uso do mesmo laquê, à espera de Armando (Luca Ayres, ator convidado), quando dois homens (Lucas Drummond e Thiago Marinho) invadem seu apartamento. Discussões e revelações acontecem em meio à tensão gerada pela iminente chegada do marido, levando Flora a um inevitável e doloroso reencontro com o passado que ela luta, em vão, para esquecer. Nesta temporada, Lucas Drummond, integrante da Cia., será substituído pelo ator Felipe Frazão nas sessões de sexta, sábado e domingo.

Serviço: Tudo o que há Flora
Local: CCBB (SCES Trecho 2)
Data: De 12 de janeiro a 5 de fevereiro
Dias e horário: de quinta a domingo, sempre às 20 horas
Ingresso: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia para clientes e funcionários do BB, estudantes e maiores de 60 anos)
Bilheteria: de quarta a segunda, de 9h às 21h
Informações: (61) 3108-7600
Duração: 60 minutos
Capacidade: 327 lugares
Classificação indicativa: 12 anos.