Mostra gratuita de cinema discute redefinição do conceito de gênero.

De 20 de janeiro a 13 de fevereiro.

Orlando. Divulgação.

A mostra de cinema Um Outro, Eu Mesmo – Variações Sobre Gênero no Cinema chega ao CCBB de 20 de janeiro a 13 de fevereiro. Com curadoria do cineasta Gustavo Galvão, a programação traz filmes oriundos de 12 países, um grande debate sobre essa questão que necessita ser trazida a público despida de todo e qualquer preconceito. A entrada é franca em todas as sessões.

Há muito o cinema aponta para um futuro onde coexiste uma grande diversidade de gêneros, mas é cada vez maior o número de grandes cineastas que se dedicam ao tema. Pensando nisso, a curadoria formatou uma mostra ousada e abrangente, que propõe a reflexão e visa se tornar referencial para entendermos o cenário que se desenha para as próximas décadas.

A programação conta com um conjunto de 20 longas-metragens e cinco curtas, entre sucessos recentes, raridades e obras-primas. A mostra não se resume simplesmente a filmes consagrados e obras contemporâneas, formando um panorama que vai desde 1959, com Quanto Mais Quente Melhor – comédia clássica de Billy Wilder estrelada por Marilyn Monroe, Jack Lemmon e Tony Curtis –, até 2016, com o curta sueco Spermwhore (que integra um programa especial de curtas com outros quatro títulos).

Da década de 1970, a mostra traz o drama francês India Song, dirigido por Marguerite Duras, sobre as descobertas sexuais de uma mulher cansada da sociedade opressora. Dos anos 1990, Orlando – A Mulher Imortal, de Sally Potter, é baseado na obra clássica de Virginia Woolf lançada em 1928 sobre um jovem inglês que acorda no corpo de uma mulher. Lançado em 2001, Hedwig – Rock, amor e traição, de John Cameron Mitchell, fala sobre um homem que passa pela cirurgia de mudança de sexo e busca o sucesso na música.

Minha Vida em Cor de Rosa.

Outro destaque na programação é o longa francês Tomboy, da diretora francesa Céline Sciamma, sobre uma menina que decide agir como menino, O filme é um símbolo desse momento de transformações em relação ao conceito de gênero.

Em 2013, Tomboy esteve no centro de uma polêmica entre o governo da França e os grupos católicos no país, que chegaram a acusar uma suposta “lavagem cerebral” perpetrada pelas autoridades. O estopim da crise foi a adoção do filme nas aulas de educação sexual para os alunos do ensino médio. Milhares de assinaturas foram recolhidas em repúdio ao longa de Céline Sciamma, o que converteu Tomboy em tema de interesse nacional. A mostra incluiu mais um filme de Sciamma: Garotas.

A programação traz ainda Billy Elliot, de Stephen Daldry; Minha Vida em Cor de Rosa, de Alain Berliner; Tudo Sobre Minha Mãe, de Pedro Almodóvar; Doce Amianto, de Guto Parente e Uirá dos Reis. Com inventividade e precisão, eles falam mais do ser humano do que certas correntes admitem.

O público poderá conferir também longas nacionais de grande repercussão nos últimos anos como Elvis e Madona, de Marcelo Laffitte, Doce Amianto, de Guto Parente e Uirá dos Reis, e o aclamado Madame Satã, de Karim Aïnouz, estrelado pelo ator Lázaro Ramos.

A essência deste projeto consiste em canalizar o potencial de conscientização que essas obras possuem, situando-as como faróis em um mundo em franca transformação.

Debate – Para movimentar mais ainda a mostra, haverá um debate após a exibição do longa francês Tiresia, no dia 04/02, mediado pelo curador da mostra, Gustavo Galvão, e com a participação de Clara Choveaux, atriz do filme, e com a professora e psicóloga Jaqueline de Jesus. A obra será exibida com legenda audiodescritiva e o debate será mediado em LIBRAS para ampliar a discussão e os limites da mostra.

Curtas – A mostra traz ainda cinco curtas-metragens, quatro deles inéditos em Brasília: Os Sapatos de Aristeu, de René Guerra; Spermwhore, de Anna Linder; Trans, de Mark Chapman, e o premiado média-metragem argelino Kindil El-Bahir, de Damien Ounouri.

Haverá, ainda, a exibição de Vestido de Laerte, curta de Claudia Priscilla e Pedro Marques, sobre a cartunista Laerte Coutinho, um dos maiores expoentes das discussões sobre gênero no país.

Programação completa

Doce Amianto.

Serviço: Um Outro, Eu Mesmo – Variações sobre gênero no cinema
Data: De 20 de janeiro a 13 de fevereiro
Local: Cinema do CCBB (SCES, Trecho 02, lote 22)
Tel.: (61) 3108-7600
Funcionamento: de quarta a segunda, das 9h às 21h
Horários de Exibição: variam das 16h às 21h (conferir na programação)
Ingressos: Entrada franca
Classificação indicativa: Ver programação.