Urbana Legio Omnia Vincit.

Fotos: Hugo Santarém.
Fotos: Hugo Santarém.

Magno Assis e Renato Acha

Faroeste Caboclo começa com a saga de João, que vem do interior da Bahia e se muda para Brasília, que o recebe com luzes de Natal. Cenas de uma música vem à tona na tela em imagens que trazem consigo resquícios da memória da capital onde destinos se cruzam em histórias épicas.

João de Santo Cristo (Fabricio Boliveira) conhece Maria Lúcia (Isis Valverde) em fuga da polícia e daí se inicia uma trama repleta de emoção, que ganha mais força com as locações que nos remetem à história não oficial da cidade, a partir de um patrimônio imaterial que é Renato Russo, roteirista da música levada às telas com maestria e liberdade pelo diretor René Sampaio.

Boliveira vive um papel recorrente no cinema brasileiro, em uma atuação digna de nota, onde segura o filme até o último suspiro ao lado de Maria Lúcia. Felipe Abib no papel Jeremias desperta toda a fúria neste triângulo amoroso.

Jeremias (Felipe Abib).
Jeremias (Felipe Abib).

O roteiro se identifica com uma história familiar ao ser brasiliense e por que não dizer do ser brasileiro. Lá estão o nordestino, o senador poderoso, o traficante playboy e o elo de toda esta história de amor, Maria Lúcia, que seguiu à risca o script da música “Maria Lúcia se arrependeu depois e morreu junto com João, seu protetor.” Frase ícone, presente do início ao fim, como um ciclo em que a vida imita a arte.

“Em frente ao lote 14”, escrito em um monte de cocaína. Assim foi marcado o encontro final, em clima de western candango. Faroeste Caboclo contempla uma faixa de filmes que revelam a cultura uma cultura brasiliense miscigenada, lugar onde poesia, arquitetura, modo de vida, e belos riffs de guitarra são como encontros do destino.  Que venha “Eduardo e Mônica”! Como dizia Renato Russo: “Urbana Legio Omnia Vincit” (A Legião Urbana a tudo vence).