Mostra coletiva aborda a pintura sob o olhar feminino.

Até 11 de março.

Clarice Gonçalves. Seus olhos copulam.

A Referência Galeria de Arte inaugura a mostra coletiva Vicejar no sábado (11 de fevereiro), às 17 horas. Com obras de Alice Lara, Carolina Vecchio, Clarice Gonçalves e Raquel Nava, a exposição trata da pintura e seus desdobramentos a partir de um olhar feminino. Com entrada gratuita e livre para todos os públicos, no dia da abertura, às 18 horas, acontece uma visita comentada com a presença das artistas.

A realização da mostra “Vicejar” permite, por um lado mostrar, ao público a produção das artistas em pintura ao longo dos últimos anos. Por outro, cumpre com uma importante função da Referência Galeria de Arte em abrir espaço para as mais diversas formas de expressão, neste caso, as diferentes nuances da voz feminina. Historicamente, a presença do feminino se construiu pelo olhar predominantemente masculino. Nas artes, isso ainda é uma realidade que precisa ser mudada.

Carolina Vecchio. Série Habitat.

As obras selecionadas para a exposição na Referência fazem parte do acervo da galeria e apresentam temas abrangentes, como gênero e sexualidade, mas também o posicionamento político, reflexões sobre a humanidade, a arte e sua história. “As questões femininas vão muito além do senso comum, das relações amorosas, da vaidade, da maternidade. A mulheres fazem parte da construção da história da humanidade em todos os seus aspectos e nesta mostra apresentamos uma faceta desse work in progress que é o ser humano e sua presença no universo”, afirma a marchand e sócia da galeria, Onice Moraes. Ao não falarem de questões que seriam consideradas tipicamente femininas, as artistas tratam do que elas acreditam ser importante para o feminino e, por tabela, para a humanidade.

A partir de um olhar sobre como os animais são tratados, Alice Lara pesquisa sobre temas relacionados à humanidade e à tragédia humana. O exercício da pintura traz uma cartela de marrom em 14 tons. A cor evoca terra, chão sujeira presentes na destruição e o desastre ambiental provocados pelo rompimento da barragem em Mariana e no acidente com um caminhão que levava bois em uma estrada do interior de Goiás.

Alice Lara. De um ponto a outro. Série Finèstra.

Com um aprofundamento no estudo da cor, Carolina Vecchio afirma que em sua obra, esse é o elemento motivador da ação. É a partir da cor que o trabalho surge. A imagem ou representação de um objeto animado ou não é secundário. O contraste de cores é responsável pelo movimento e as texturas que afloram da tela.

Clarice Gonçalves afirma que sua produção não segue séries, temas ou outras formas sequenciais. Seu trabalho é espiralado, um tema que está sendo tratado hoje pode ter surgido há dois ou três anos e retorna por avizinhamento com mais refinamento da ideia. As obras vão encontrando seus correspondentes ao longo dos anos.

Uma faceta da produção pictórica de Raquel Nava é a abstração por meio do uso de esmalte sintético e pigmentos naturais, em especial a cochonilha. Nos trabalhos desenvolvidos entre 2013 e 2016 surgem camadas de tinta que estão em constante transformação. Ao longo do tempo, a tinta continua a escorrer e mudar de cor adquire manchas. Pontos de contato entre matéria e forma a partir da apropriação.

Raquel Nava. Passeio selvagem.

Serviço: Vicejar
Abertura: 11 de fevereiro (sábado) a partir das 17 horas
Visita comentada: às 18 horas
Visitação: Até 11 de março, de segunda a sexta, das 12 às 19 horas e sábado, das 12 às 17 horas
Local: Referência Galeria de Arte (205 Norte, Bloco A, Sala 9 – Asa Norte)
Telefone: (61) 3361-3501.