“Festival de Cinema Polonês – Wajda do Brasil” no Museu Nacional com entrada franca.

Senhoritas de Wilko. Daniel Olbrychski.

Renato Acha

O Festival de Cinema Polonês 2011 homenageia o cineasta Andrzej Wajda e amplia o olhar sob a obra do mestre polonês para além do gênero de cinema político. O grande crítico do totalitarismo também passeou por gêneros como como a ficção científica e a comédia. Para se ter uma ideia, Wajda já dirigiu um curta em ficção científica, O Mesclado, de 1968.

Estas diversas facetas do artista se revelam no Festival de Cinema Polonês 2011 – Wajda do Brasil, que vai de 6 a 16 de dezembro no Museu Nacional da República, com entrada franca.

Uma maratona de onze dias que apresenta obras-primas como Cinzas e diamante e O homem de mármore. A Vingança (2002) abre o festival  no dia 6 de dezembro (terça) às 20 horas, em uma surpreendente comédia de época protagonizada por Roman Polanski, outro gênio do cinema.

No total são onze filmes, que datam de 1960 a 2009 em diversos gêneros, desde Os Inocentes Charmosos (1960), que traz um jovem casal que joga strip poker, até Cálamo (2009), filme inspirado num conto de Jaroslaw Iwaszkiewicz, um dos mais renomados escritores poloneses.

O Festival é uma realização conjunta das representações diplomáticas da República da Polônia no Brasil, Ministério dos Assuntos Exteriores da Polônia, Agência Mañana, Polish Film Institute, Filmoteca Nacional, Perspektywa, WFDIF com a parceria de várias instituições brasileiras (em Brasilia, Secretaria de Estado de Cultura do DF e Museu Nacional do Conjunto Cultural da República). O festival também circulará por várias capitais brasileiras, como São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Manaus, Fortaleza e Salvador.

Homem de Mármore. Krystyna Janda.

As sessões são diárias e duplas, para que cada filme possa ser exibido duas vezes, dando chance ao espectador de ter acesso à obra do grande diretor. As exibições acontecerão às 19h e 21h, com algumas exceções, como no dia de abertura, quando haverá uma única sessão, às 20 horas.

Programação:  

06 TER

20h A VINGANÇA

 

07 QUA

19h CRÔNICA DOS ACIDENTES AMOROSOS

21h KORCZAK

 

08 QUI

19h TUDO À VENDA

21h AS SENHORITAS DE WILKO

 

09 SEX

19h O MESCLADO

20h O HOMEM DE MÁRMORE

 

10 SAB

19h OS INOCENTES CHARMOSOS

20h30 SENHOR TADEU

 

11 DOM

19h CÁLAMO

21h A VINGANÇA

 

12 SEG

19h O MAESTRO

21h CRÔNICA DOS ACIDENTES AMOROSOS

 

13 TER

19h O HOMEM DE MÁRMORE

21h40 OS INOCENTES CHARMOSOS

 

14 QUA

19h AS SENHORITAS DE WILKO

21h O MAESTRO

 

15 QUI

19h O MESCLADO

20h SENHOR TADEU

 

16 SEX

19h KORCZAK

21h CÁLAMO

 

SINOPSES

 

CÁLAMO / TATARAK

Polônia, 2009, 83 min, cor, legendas em português

Direção: Andrzej Wajda

Roteiro: Andrzej Wajda

Fotografia: Paweł Edelman

Direção de Arte: Magdalena Dipont

Música: Paweł Mykietyn

Elenco: Jan Englert, Julia Pietrucha, Roma Gąsiorowska e outros

Gênero: Drama psicológico

Formato da projeção: Digital

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 ANOS

Sinopse:

Marta, uma mulher de meia-idade, não sabe que tem uma doença terminal. Há anos chora por seus dois filhos, mortos no Levante de Varsóvia. Certo dia conhece um homem mais novo, um simples trabalhador chamado Bogus, que a encanta com sua juventude e inocência. Este encontro à beira de um rio coberto por cálamos é marcado pela fascinação recíproca de duas existências, onde uma caminha para o fim prematuro e a outra somente acaba de entrar na maturidade. No entanto, o destino se mostra cruel para eles.

Descrição:

Filme baseado no conto de Jaroslaw Iwaszkiewicz, um dos mais renomados escritores poloneses. A princípio é uma história sutil e tocante sobre um amor impossível. No entanto, Wajda vai mais fundo, criando um conto multidimensional sobre o sentimento, que chega tarde demais, e sobre a morte, que sempre chega cedo demais. Mas “Cálamo” é também um filme sobre a criação de um filme, e a personagem principal não é somente a fictícia Marta, mas a atriz que a interpreta. Andrzej Wajda entrelaça o conto de Iwaszkiewicz com um autêntico monólogo de Krystyna Janda sobre a morte prematura de seu marido Edward Klosinski, um reconhecido diretor de fotografia, ao qual este filme foi dedicado.


A VINGANÇA / ZEMSTA

Polônia, 2002, 100 min, cor, legendas em português

Direção: Andrzej Wajda

Roteiro: Andrzej Wajda

Fotografia: Paweł Edelman

Direção de Arte: Tadeusz Kosarewicz, Magdalena Dipont

Música: Wojciech Kilar

Elenco: Roman Polański, Janusz Gajos, Andrzej Seweryn, Katarzyna Figura, Daniel Olbrychski, Agata Buzek, Rafał Królikowski e outros

Gênero: Comédia de época

Formato da projeção: Digital

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 ANOS

Sinopse:

Baseado numa comédia de um dos mais populares dramaturgos poloneses do século XIX, Aleksander Fredro. Czesnik Raptusiewcz divide o castelo com o odiado vizinho: o escrivão Milczek. Ganancioso, Czesnik quer se casar com a viúva Podstolina a fim de se apoderar das propriedades dela. Porém, ele não sabe que a própria Podstolina está procurando um marido rico. Ciente de sua miserável aparência e sua falta de polidez social, Czesnik pede ajuda a Papkin (interpretado por Roman Polanski) para arranjar o casamento. Segue-se assim uma série de intrigas, mentiras, sequestros, acertos e desacertos desta comédia.


SENHOR TADEU / PAN TADEUSZ

Polônia/França, 1999, 147 min, cor, legendas em português

Direção: Andrzej Wajda

Roteiro: Andrzej Wajda, Jan Nowina Zarzycki, Piotr Wereśniak

Fotografia: Paweł Edelman

Direção de Arte: Allan Starski

Música: Wojciech Kilar

Elenco: Bogusław Linda, Daniel Olbrychski, Grażyna Szapołowska, Andrzej Seweryn, Marek Kondrat, Krzysztof Kolberger, Jerzy Bińczycki, Alicja Bachleda-Curuś, Michał Żebrowski, Jerzy Trela, Jerzy Grałek, Marian Kociniak e outros

Gênero: Filme de época

Formato de projeção: Digital

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: LIVRE

Sinopse:

Filme baseado na epopeia do grande escritor polonês do séc. XIX Adam Mickiewicz. Estamos no ano de 1811. Tadeusz Soplica, depois de terminar os estudos, retorna para a casa familiar. Visitando antigos recantos da casa, chega a seu quarto de infância, onde encontra Zosia. Esta linda e desconhecida jovem atiça sua imaginação juvenil, despertando seus sentimentos de desejo e paixão. À noite, durante um jantar oferecido no castelo, Tadeusz encontra a sedutora Telimena e iniciam um romance. Porém, em pouco tempo descobre que ela é a tutora da linda e jovem Zosia. No fundo da complicada relação amorosa entre Tadeusz, Zosia e Telimena, há um enredo histórico-político. No século XIX o território da Polônia estava partilhado entre Rússia, Prussia e Áustria. Boa parte dos poloneses viu no exército do Napoleão uma força capaz de restituir a independência da Polônia. Esta tendência está representada no filme pelo personagem do padre Robak, que prepara, em conspiração, um levante armado na sua terra para facilitar o ataque contra a Rússia pela França. O filme bateu todos os recordes de bilheteria na Polônia.

Descrição:

Poema escrito por Mickiewicz em 1834, depois de dez anos da emigração forçada no exterior. Carregado de lirismo e saudade do país, apresenta a visão de um mundo aristocrata em extinção. A tentativa de transferir para as telas esta epopeia nacional encontrou, desde o princípio, disputas e controvérsias com respeito tanto ao elenco como a configuração do roteiro. Mesmo com a maioria não acreditando no sucesso da empreitada, Andrzej Wajda não desistiu de seus planos. O diretor focou na ação, no romance, com um toque de humor e lindas paisagens, não ignorando as estrofes poéticas originais, com as quais os atores se comunicam.


KORCZAK / KORCZAK

Polônia / Alemanha, 1990, 113 min., preto e branco, legendas em português

Direção: Andrzej Wajda

Roteiro: Agnieszka Holland

Fotografia: Robby Muller

Direção de Arte: Allan Starski

Música: Wojciech Kilar

Elenco: Wojciech Pszoniak, Ewa Dałkowska,Teresa Budzisz-Krzyżanowska, Marzena Trybała, Piotr Kozłowski, Zbigniew Zamachowski, Jan Peszek, Aleksander Bardini e outros

Gênero: Drama

Formato da projeção: Digital

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 ANOS

Sinopse:

Retorno de Wajda a um dos seus temas preferidos: a ocupação nazista na Polônia durante a Segunda Guerra Mundial. O filme retrata a vida do escritor, pedagogo e médico Janusz Korczak (pseudônimo de Henryk Goldszmit), que passa três anos da guerra com as crianças do orfanato no Gueto de Varsóvia. Em um esforço heróico ele tenta garantir que seus tutelados tenham uma existência com o mínimo de dignidade. Korczak tenta separar as crianças do horror do dia a dia, organizando aulas e brincadeiras. Ao perceber que o pior está por vir, prepara uma peça de teatro baseada na obra de Rabindranath Tagore, que fala sobre a morte, achando que as crianças devem se acostumar com ela. Sua atitude na hora da maior prova assegurou-lhe um lugar imortal.

Descrição:

“Korczak” é uma produção modesta, em preto e branco, com a comovente interpretação de Wojciech Pszoniak no papel principal e excelente fotografia do internacionalmente reconhecido operador holandês Robby Mulle.


CRÔNICA DOS ACIDENTES AMOROSOS / KRONIKA WYPADKÓW MIŁOSNYCH

Polônia, 1995, 114 min, cor, legendas em português

Direção: Andrzej Wajda

Roteiro: Tadeusz Konwicki

Fotografia: Edward Kłosiński

Direção de Arte: Janusz Sosnowski, Barbara Nowak

Música: Wojciech Kilar

Elenco: Paulina Młynarska, Piotr Wawrzyńczak, Magdalena Wójcik, Bernadetta Machała, Dariusz Dobkowski, Jarosław Gruda, Joanna Szczepkowska, Gabriela Kownacka, Tadeusz Konwickie outros

Gênero: Drama psicológico

Formato da projeção: Digital

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 ANOS

Sinopse:

Um filme poético, baseado no romance do Tadeusz Konwicki, que traz a nostalgia dos tempos da infância. Um pouco antes da Segunda Guerra Mundial, Wicio, um aluno de ginásio, se apaixona por uma jovem da mesma idade, Alina, uma senhorita de boa família. Para esse rapaz a vida apenas está começando, mas o mundo caminha para o fim, o que no filme é anunciado pela galopante cavalaria e os ainda vivos judeus, que logo serão vitimas do Extermínio.

Descrição:

Extremamente sensível à composição de cada fotograma, Wajda encheu sua obra de claras e cintilantes imagens, paisagens de cidades, fotografias de um mundo seguro, comum e cheio de ternura. Nessa realidade, o autor inseriu sinais de inquietação e temor implícitos, anunciando a destruição, pois o filme se passa numa esfera tecida de lembranças e nostalgia. Nostalgia da inocência, da pureza e do mítico país da infância – a mais linda, e ao mesmo tempo, perdida para sempre. O fundamento e a única razão de ser deste mundo é a imaginação do artista – tão indefesa contra as confusões históricas e cataclismos.


AS SENHORITAS DE WILKO / PANNY Z WILKA

Polônia, 1979, 116 min, cor, legendas em português

Direção: Andrzej Wajda

Roteiro: Zbigniew Kamiński

Fotografia: Edward Kłosiński

Direção de Arte: Allan Starski

Música: Karol Szymanowski

Elenco: Daniel Olbrychski, Anna Seniuk, Christine Pascal, Maja Komorowska, Stanisława Celińska, Krystyna Zachwatowicz, Paul Dutron, Zofia Jaroszewska, Zbigniew Zapasiewicz, Andrzej Łapicki e outros.

Formato da projeção: Digital

Gênero: Drama psicológico

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 ANOS

Sinopse:

Buscando reviver emoções passadas, Wiktor Ruben, depois de anos de ausência, retorna à cidade do interior onde passou sua mocidade em companhia de algumas jovens senhoritas – intituladas “senhoritas de Wilko”. Porém, depois de tanto tempo, a dinâmica entre Wiktor e as senhoritas não pode ser a mesma. Julia aguarda o nascimento de gêmeos, Jola se casou, Fela morreu prematuramente, Zosia e Kazia mudaram e a pequena Tunia transformou-se em uma linda mulher. O aparecimento de Ruben, com suas lembranças e seu desejo de acordar o passado, atormenta a paz de todos os habitantes da mansão, revelando os seus dramas e fracassos da vida.

Descrição:

Mais uma obra-prima de Wajda baseada no conto do escritor Jaroslaw Iwaszkiewicz. Um filme calmo, com reflexão, nostalgia e um tom de melancolia, que traz à tela o mundo da aristocracia agrária dos anos vinte do século passado, entre as duas guerras mundiais. As obras do escritor Jaroslaw Iwaszkiewicz (1894-1980) estão entre as mais ricas da literatura polonesa moderna. Ao longo de seus 60 anos de incansáveis produções, Iwaszkiewicz se interessou por diversas áreas e estilos literários. Por toda a vida praticou a lírica, escreveu romances e novelas, dramas, ensaios, biografias, reportagens e críticas. Os romances ocupam um lugar muito especial entre as suas criações. Uma de suas características mais comuns é o realismo envolvido em termos psicológicos. Problemas comuns de cada ser humano, questões sobre a vida e a morte, sentimentos e amor, são observados através do prisma de um tempo que não para.


O MAESTRO / DYRYGENT

Polônia, 1979, 102 min, cor, legendas em português

Direção: Andrzej Wajda

Roteiro: Andrzej Kijowski

Fotografia: Sławomir Idziak

Direção de Arte: Allan Starski

Música: Ludwig van Beethoven

Elenco: Ilona Ostrowska, Maciej Marczewski, Robert Więckiewicz, Danuta Szaflarska, Agnieszka Sienkiewicz, Sylwia Dziorek, Inga Pilichowska e outros.

Formato da projeção: Digital

Gênero: Drama psicológico

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 ANOS

Sinopse:

Uma história dramática de três pessoas fascinadas pela música. Marta, uma jovem e talentosa violinista, durante seus estudos nos EUA, conhece John Lasocki, maestro conhecido internacionalmente, que antigamente fora um grande amor de sua mãe. O choque causado por esse encontro, desperta no velho mestre o desejo de voltar ao passado. Lasocki rompe contratos, descuida de seus compromissos e horários, e viaja para a Polônia até a pequena cidade onde nasceu há mais de setenta anos. Lá, ele quer dirigir a “V Sinfonia” de Beethoven.  No entanto, o diretor da orquestra local é o marido de Marta, Adam – pessoa ambiciosa e um pouco absorta. Adam repara a fascinação de Marta pelo grande maestro. Nasce, então, um sentimento de ameaça que se transforma em raiva…

Descrição:

Quando pediram a Ingmar Bergman que apresentasse uma lista de onze filmes que mais o impressionaram. Na segunda posição, o diretor sueco indicou um filme polonês – “O Maestro” de Andrzej Wajda. Sem dúvida “O Maestro” foi mais bem recebido no exterior do que na Polônia. Após o lançamento do filme, a crítica polonesa provocou Wajda afirmando que não aproveitou suficientemente o papel da música de Beethoven. Escreveram que a “V Sinfonia” poderia ser um comentário metafórico do intrincado destino dos personagens, mas serviu somente como um belo acessório adicional. Mesmo assim, “O Maestro”, ficou como uma gravação minuciosa das relações “trêmulas” entre as pessoas; sobre a insegurança de atitudes e ideais, padrões culturais passageiros e relativos.

 

O HOMEM DE MÁRMORE / CZŁOWIEK Z MARMURU

Polônia, 1976, 153 min, cor, legendas em português

Direção: Andrzej Wajda

Roteiro: Aleksander Ścibor-Rylski

Fotografia: Edward Kłosiński

Direção de Arte: Allan Starski

Música: Andrzej Korzyński

Elenco: Jerzy Radziwiłowicz, Krystyna Janda, Tadeusz Łomnicki, Jacek Łomnicki, Michał Tarkowski, Piotr Cieślak, Wiesław Wójcik, Krystyna Zachwatowicz, Magda Teresa Wójcik e outros.

Gênero: Drama político

Formato da projeção: Digital

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos

Sinopse:

Polônia, anos 70. Uma iniciante diretora de cinema, Agnieszka, tenta realizar um filme para o seu diploma de graduação através da televisão estatal. O argumento toca no tema tabu da época: o stalinismo. A equipe tenta ajudá-la da melhor maneira possível, porém, o diretor de edição, fiel ao poder comunista, quer que o filme da iniciante não passe de uma propaganda do sistema. Agnieszka não se rende… Considerado o filme da vida de Andrzej Wajda, “O Homem de Mármore” é um clássico e uma lenda.  

Descrição:

O enredo principal do filme está entrelaçado a outro, retrospectivo, que nos leva ao início dos anos 50, aos tempos de Stalin. Esta inclusão no filme das cenas que contam a realidade da época do stalinismo fez com que “O homem de mármore” se tornasse uma obra não somente artística, mas também sócio-política. As retrospectivas mostram o conteúdo do filme de Agnieszka: o destino de um simples pedreiro, Mateusz Birkut (comovente papel de Jerzy Radziwilowicz), um dos tantos assim chamados “trabalhadores superprodutivos” que alimentados pela propaganda ideológica estavam dispostos a sacrificar-se para ajudar a erguer o país emergente das ruínas da guerra.

“O Homem de Mármore” também nasceu no sacrifício. Foram necessárias muitas tentativas e intervenções para convencer as autoridades responsáveis pela cultura na época de que o filme não atacaria o governo comunista. Mas atacou. E de forma tão eficaz e minuciosa que gerou pânico. Esta obra de Wajda constitui uma combinação perfeita da arte com uma crítica aberta sobre a mentira, violência e escravidão, tendo em si uma força singular de influência. “O Homem de Mármore” tornou-se um grande evento, não apenas cultural. As mídias oficiais tentaram adulterar o seu sentido, alegando que “O Homem de Mármore” era somente uma voz útil em um construtivo debate socialista sobre “o tempo dos erros e distorções” já condenado pelo partido comunista. Mas “a vontade do partido” se desencontrou com “a vontade do povo”. A vida dramática da personagem principal do filme foi, com razão, percebida pelos espectadores como uma metáfora da luta de uma unidade contra o totalitarismo. Através do filme Wajda diz que a luta do personagem Birkut pela verdade não acabou nos anos 50. Essa luta continua, e uma prova é a desesperada luta de Agnieszka contra os burocratas nomeados pelo partido que administravam a televisão estatal.

 

TUDO À VENDA / WSZYSTKO NA SPRZEDAŻ

Polônia, 1968, 94 min, cor, legendas em português

Direção: Andrzej Wajda

Roteiro: Andrzej Wajda

Fotografia: Witold Sobociński

Direção de Arte: Wiesław Śniadecki

Música: Andrzej Korzyński

Elenco: Beata Tyszkiewicz, Elżbieta Czyżewska, Andrzej Łapicki, Daniel Olbrychski, Witold Holtz, Małgorzata Potocka, Elżbieta Kępińska, Bogumił Kobiela e outros.

Gênero: Filme psicológico

Formato da projeção: Digital

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos

Sinopse:

A obra foi criada sob influência da morte trágica do famoso ator polonês da época, Zbigniew Cybulski, que se atirou do trem em 8 de janeiro de 1967. Este filme, construído ao redor do tema da procura do ator que não apareceu para as gravações, é uma imagem de paixão e fraqueza do ambiente cinematográfico. “Tudo à venda” fala sobre um homem que, de repente, partiu. Sua morte força a refletir sobre quem ele foi de verdade, o que ele deixou para trás, o que ficará na memória dos que o amavam, quanto tempo a lenda dele sobreviverá. Mas a morte de Zbigniew Cybulski foi somente um dos motivos para realização desse filme. Esse é, também, um conto sobre as pessoas que fazem filmes: sobre os diretores, atores, assistentes, ajudantes. Os atores do filme representam eles mesmos, falam seus próprios textos, em seus próprios nomes.

Descrição:

Zbigniew Cybulski era um dos atores preferidos de Wajda, que já havia atuado em “Cinzas e diamante”, “Os inocentes charmosos” e na famosa co-produção internacional “O Amor aos vinte anos”. Quando veio a notícia de sua morte, Wajda estava elaborando um roteiro de um filme não somente com Cybulski no papel principal, mas também sobre Cybulski – uma lenda viva do cinema polonês. Entendeu que nunca iria realizar esse filme. Portanto fez outro: “Tudo à venda”, construído ao redor do tema da procura do ator desaparecido. O roteiro foi apenas esboçado. Os intérpretes dos papeis principais improvisaram os diálogos.  A ficção de um filme se mistura com a realidade. A intitulada “venda” refere-se ao descobrimento dos próprios pensamentos, emoções e impressões destes homens de cinema, uma espécie de exame de consciência.


O MESCLADO / PRZEKŁADANIEC

Polônia, 1968, 35 min, preto e branco, legendas em português

Direção: Andrzej Wajda

Roteiro: Stanisław Lem

Fotografia: Wiesław Zdort

Direção de Arte: Teresa Barska

Música: Andrzej Markowski

Elenco: Bogumił Kobiela, Ryszard Filipski, Anna Prucnal,  Jerzy Zelnik, Piotr Wysocki, Tadeusz Pluciński, Gerard Wilk, Marek Kobiela e outros.

Formato da projeção: Digital

Gênero: Comédia negra

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 ANOS

Sinopse:

“O mesclado” foi a única viagem na carreira de Wajda na direção da ficção científica. O roteiro foi escrito pelo mundialmente conhecido autor polonês desse gênero literário, Stanislaw Lem.  Realizado no final dos anos 60, é um filme de curta-metragem cuja ação se desenrola no início do século XXI. A personagem principal é o piloto de carros de corrida Richard Fox. Múltiplo medalhista e ganhador de vários prêmios, fazsucesso junto com o seu irmão, Thomas, um ótimo copiloto. Em uma corrida, os irmãos sofrem um grave acidente com sérios ferimentos e são levados para a clínica dirigida por um médico genial, especializado em transplantes de órgãos humanos. As vítimas da terrível catástrofe são submetidas aos complexos procedimentos cirúrgicos. Infelizmente, apenas um sobrevive ao tratamento…

Descrição:

Esta comédia negra, realizada para a televisão polonesa, mostra as consequências do transplante da identidade sexual e jurídica do ser humano.

 

OS INOCENTES CHARMOSOS / NIEWINNI CZARODZIEJE

Polônia, 1960, 83 min, preto e branco, legendas em português

Direção: Andrzej Wajda

Roteiro: Jerzy Andrzejewski, Jerzy Skolimowski

Fotografia: Krzysztof Winiewicz

Direção de Arte: Leszek Wajda

Música: Krzysztof Komeda

Elenco: Tadeusz Łomnicki, Krystyna Stypułkowska, Wanda Koczeska, Kalina Jędrusik, Teresa Szmigielówna,  Zbigniew  Cybulski, Roman Polański, Krzysztof Komeda, Jerzy Skolimowski e outros.

Formato da projeção: Digital

Gênero: Filme psicológico

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 anos

Sinopse:

Um estudo psicológico de um casal. Ele, um jovem médico de atletas, que em “seu tempo livre” toca jazz no porão. Não tem grandes ambições, sonha com uma casa e um carro, e não liga muito para emoções. Ela, uma moça que o encontrou por acaso em um clube de música. Não se sabe muito sobre ela. O casal passa a noite junto, flertando, num jogo de aparências e poses, mas os dois ficam cada vez mais fascinados um pelo outro. Com o passar do tempo, um sutil jogo erótico se transforma em um streap poker. A aposta é alta e se a moça perder deverá se entregar… Cinismo, indiferença e a atitude libertina dos personagens são apenas uma máscara, atrás da qual se escondem emoções humanas normais ou a nostalgia destas. O filme causou um amplo debate social.

Descrição:

As críticas depois de sua estreia foram radicalmente diferentes: desde as agressivas até as positivas. Isso não fez com que “Os Inocentes Charmosos” deixassem de conquistar o diploma no Festival Internacional de Filmes em Edimburgo em 1961. Andrzej Wajda disse sobre a sua obra: “… provavelmente um dos filmes mais politicamente neutros que realizei, porém foi avaliado de outra maneira pelo poder comunista da época. Um tema inocente – sobre um jovem médico, que gosta de meias elásticas e de bons cigarros, que tem um gravador e fica gravando as suas conversas com as mulheres, e o seu único passatempo é tocar bateria na banda de jazz de Krzysztof Komeda – verificou-se ser um tema mais delicado para os educadores da ideologia comunista de que o próprio Exército Nacional ou o Levante de Varsóvia”.

Serviço: Festival de Cinema Polonês 

Data: de 6 a 16 de dezembro de 2011
Local: Auditório 1 do Museu Nacional da República

Horários: 19h e 21h – exceção para o dia de abertura, com sessão única, às 20h

Entrada Franca.