A mostra “Zeitgeist – arte da nova Berlim” chega ao CCBB com artes visuais, palestras, performances e festas.

De 27 de julho a 12 de outubro.

Enclosure, de Thomas Florschuetz. Foto: Eduardo Eckenfels. Divulgação.
Enclosure, de Thomas Florschuetz. Foto: Eduardo Eckenfels. Divulgação.

A exposição Zeitgeist – arte da nova Berlim chega ao CCBB de 27 de julho a 12 de outubro. Entre o caos aparente e a febre criativa, Berlim – palco de acontecimentos decisivos na história mundial recente – transborda arte por todos os lados.

A mostra reúne um panorama consistente da produção da respeitada comunidade artística que se concentra na cidade num movimento que começou com o fim da Guerra Fria. Uma palestra com o Sven Marquardt – o mais popular host do famoso Berghain, clube underground de música techno de Berlim – e com o curador da mostra Alfons Hug, agendada para o dia 1 de agosto – será uma das atrações da mostra.

Marcada por duas guerras mundiais e dividida pelo Muro durante quase três décadas, a capital da Alemanha se reergueu das cinzas. Da vida improvisada dos anos 1990, as contradições que caracterizaram a cidade, reinventada a partir de dois mundos, acabaram por formar, pouco a pouco, o Zeitgeist – espírito de uma época, a partir do qual a arte, a cultura e as relações humanas evoluem – que hoje projeta sua influência muito além da Europa Central e atrai artistas do mundo todo com seu magnetismo.

Pintura, fotografia, videoarte, performance, instalações e a cultura dos famosos clubs berlinenses, na visão de 29 artistas dentre os mais destacados da arte contemporânea, compõem o mosaico da exposição Zeitgeist, que aproximará o público brasileiro da realidade artística e cultural de uma Berlim contraditória e fascinante, plural e diversa, que desconhece limites quando se trata de pensar e viver a arte e se reinventar.

Foto: Julia Lanari.
Foto: Julia Lanari.

Isso sem falar das famosas festas dos clubs berlinenses com performances, DJs e VJs que movimentarão o CCBB durante a exposição. Festas essas que tiveram um papel importante no mundo das artes em Berlim, onde os clubs ganharam status de art spaces, onde a música eletrônica divide espaço com performances, vídeos e fotografias, entre outras expressões artísticas. E o público brasiliense poderá vivenciar essas festas nos dias 19 de agosto, 9 de setembro e 12 de outubro, no encerramento da exposição.

O percurso concebido para a mostra Zeitgeist é uma oportunidade de vivenciar alguns dos aspectos que fazem de Berlim um lugar encantado entre extremos, e que são recorrentes no modo de existir da metrópole. Como observadores atentos da vida da cidade, do mesmo modo que o pintor Adolph von Menzel (1815-1905), um dos maiores representantes do realismo alemão, os artistas da mostra exibem aspectos marcantes da capital da Alemanha. E o curador Alfons Hug indica seis “caminhos” conceituais que podem ser percorridos na exposição.

Tempo que corre e tempo estagnado – Aborda questões que transitam entre aceleração e estagnação, tempo-espaço e tempo próprio, presente e futuro. Artistas como Michael Wesely e Mark Formanek aprofundam esses dilemas e lidam com as diferentes noções de tempo
na terra dividida.

A ruína como categoria estética – A busca do sentido de beleza entre marcas de destruição, abandono, deterioração e devastação humana, explorados por Frank Thiel e Thomas Florschuetz (fotografias de grande formato), Cyprien Gaillard (vídeo) e Tobias Zielony (projeção de sete mil fotografias individuais).

Eterna construção e demolição – Remete a esses dois verdadeiros leitmotivs que perpassam o cotidiano de Berlim e permeiam toda a exposição, entre a fúria construtiva que deseja apagar o passado e a melancolia associada ao abandono de muitas construções e espaços em ruínas. É aí que o olhar de artistas como a dupla Julius von Bismarck e Julian Charrière, Thomas Rentmeister, Kitty Kraus e o brasileiro Marcellvs L cria novas possibilidades para tratar essa tensão aparentemente eterna.
O vazio e o provisório – Uma tentativa de elaboração das formas criativas, espontâneas e muitas vezes ilegais de ocupação dos grandes espaços baldios ou semidestruídos que o pós-guerra gerou na cidade. A grande quantidade de usos temporários que foram ocorrendo acabou se mostrando benéfica sobretudo para a cena cultural, pois onde não há nada tudo é possível.

Em sua pintura, Thomas Scheibitz se vale de extremos (formas duras e estruturas claras se mesclam com elementos flexíveis em ousadas colorações), enquanto a melancolia de Sergej Jensen espalha tons de cinza e marrom sobre restos de tecidos puídos e simples panos de saco, usados como base para as pinturas. Norbert Bisky é influenciado por uma variedade de referências, desde imagens de heróis e realismo socialista até mitologia, religião e cotidiano, como na pop art. Franz Ackermann, por sua vez, transforma mapas, anotações e cadernos de viagens em grandes pinturas a óleo.

Hedonismo cruel – Descortina as peculiaridades de Berlin Mitte, espécie de “terra de ninguém” onde surgiu uma curiosa e original cena de clubs, que fez brotar das ruínas as primeiras festas em espaços improvisados e usados temporariamente. Sobre esse segmento se debruçam as fotografias que compõem a sombria série Kubus, de Friederike von Rauch e Martin Eberle. E também as instalações de Marc Brandenburg, criadas a partir de motivos extraídos do cotidiano da área e da vida nos clubs. Os vídeos de Julian Rosefeldt e Reynold Reynolds, ambientados nos anos 20 e 30, resgatam as lendárias noites de Berlim, que naquela época já tinha a fama de “Babel dos pecados”. Completa este segmento a sala “Clube Berlim” com música eletrônica de sete DJs de Berlim e uma instalação visual/sonora com fotografias de Sven Marquardt e música de Marcel Dettmann.

Novos mapas e os outros modernos – Investiga o redesenho da cartografia da cidade e da própria Alemanha, assim como suas relações com o resto do mundo após a queda do Muro, a partir do ponto de vista de uma arte que prefere se manifestar em terreno irregular, esburacado e incompleto. A nova Berlim se distancia do eurocentrismo e fertiliza uma arte plural, que reconhece e abarca a diversidade do mundo. Nesse panorama se insere o vídeo A caça, de Christian Jankowski, que incorpora novos elementos a uma visão diferenciada da arte.

Artistas Sven Marquardt e Marcel Dettmann. Foto: Eduardo Eckenfels.
Artistas Sven Marquardt e Marcel Dettmann. Foto: Eduardo Eckenfels.

Programação:

Abertura para o público: 27/07 (quarta-feira) às 9h

Performance Standard Time: 30 e 31/07 (sábado e domingo) de 9h às 21h

Palestra com o curador Algons Hug e o artista Sven Marquardt: 1/08 (segunda-feira) às 20h no Teatro 1. Retirada de senhas na bilheteria a partir das 19h.

Festa 1: 19/08 (sexta) das 19h às 0h
DJ, VJ, performance Standard Time do artista Mark Formanek e a performance How People are Doing Things do artista Marc Branderburg

Festa 2: 09/09 (sexta) das 20h às 2h
DJ, VJ, Maurício Ianês com sua performance coletiva CÃO, uma apresentação com música eletrônica e Maikon K com a performance DNA de DAN

Festa 3: 12/10 (quarta-feriado) aniversário do CCBB
DJ, VJ, performance Standard Time, além de estrutura de foodtrucks com comidas e bebidas alemãs.

H Milch II, de Thomas Rentmeister.
H Milch II, de Thomas Rentmeister.

Serviço: Zeitgeist – arte da nova Berlim
Local: CCBB (SCES, Trecho 02, lote 22)
Visitação: De 27 de julho a 12 de outubro
De quarta a segunda de 9 às 21 horas
Entrada franca
Classificação indicativa: Livre
Informações: (61) 3108-7600.