Espaço Cultural Zumbi dos Palmares realiza três mostras, sarau e festival gastronômico em homenagem ao Dia da Consciência Negra.

O Espaço Cultural Zumbi dos Palmares da Câmara dos Deputados realiza, no mês de novembro, três exposições em homenagem ao Dia da Consciência Negra: as internacionais de fotografia “Benin-Bahia, reflexos do oceano“, de Patrícia Giancotti (Itália) e “Herança africana: retratos das mulheres africanas e afrocolombianas“, de Angèle Etoundi Essamba (Camarões), e as exposições “Pano de Alaká – a tecelagem africana na Bahia“. Outra mostra vem em forma de homenagem. Trata-se de uma pequena, mas significativa exposição em homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus intitulada “Carolina vive“. Também o Núcleo de Literatura do Espaço Cultural apresentará um sarau lítero-musical que exaltará o negro no samba de enredo e na cultura brasileira. No conjunto das comemorações consta ainda um festival gastronômico, preparado pelo restaurante do Senac instalado na Câmara, no 10º andar do Anexo IV, com comidas de matrizes africanas.

Benin-Bahia: semelhanças

A exposição BENIN-BAHIA, Reflexos no oceano, sintetiza, através de 60 fotos, o espírito da pesquisa fotográfica e antropológica que a italiana Patrícia Giancotti desenvolveu durante vários meses sobre a tradição religiosa e os intercâmbios culturais com o Brasil. Patrícia morou quase dez anos na Bahia para desenvolver sua tese de antropologia, na Itália, sobre as mulheres no candomblé. Durante este período produziu vários ensaios fotográficos sobre a cultura afrodescendente. Por sugestão do escritor Jorge Amado e a convite do presidente do Benin, Soglò, Patrizia expôs seus trabalhos no Palácio do Rei de Oyo, durante o 1o. Festival de Arte e Cultura Vodum. Patrizia estuda e fotografa o Brasil há quase trinta anos. Atualmente, é um tipo de embaixadora cultural entre o Brasil e a Itália e repórter fotográfica especializada em temas brasileiros para as maiores revistas da Europa.

Além das palestras em universidades, programas em rádios e televisões italianas para divulgar a cultura brasileira, fez mais de cem reportagens e cinquenta exposições fotográficas sobre o Brasil na Europa. Suas fotos já foram publicadas nos livros fotográficos “Bahia”, editado pela A&A de Milão, com textos de Jorge Amado; “Bahias”, edição Corrupio, e “Amazzonia labirinto verde”, edição Giunti. Patrizia foi premiada pela Prefeitura de Salvador, com o “Abébé de Oxum” em prata, “pelo trabalho de divulgação da cultura baiana“. Na Embaixada do Brasil em Roma, recebeu a condecoração da Ordem do Cruzeiro do Sul, “como agradecimento pela atividade cultural desenvolvida sobre o Brasil“.

Local: Corredor de acesso ao Plenário.

Visitação: 16 a 26 de novembro de 2010, das 9h às 18h.

Mulheres afrocolombianas: herança

O trabalho de Angèle Essamba demonstra uma confiança inabalável de que as imagens visuais ainda são poderosos instrumentos para comunicar valores emocionais e espirituais, além de qualidade estética formal. Suas imagens mostram o diálogo entre homens e mulheres, forma e conteúdo, corpo e alma, na África e no mundo. As palavras-chave de sua obra são: orgulho, força e consciência. A mostra “Herança africana: retratos das mulheres africanas e afrocolombianas” é um recorte social e antropológico das matrizes africanas de grande impacto visual.

Etoundi Essamba, nasceu em Douala, Camarões, e morou na França e Holanda. Ganhou reconhecimento internacional, com exposições individuais e coletivas em todo o mundo. Sua primeira mostra em 1985, na Maison Descartes, em Amsterdam, foi seguida por muitas outras em Camarões, África do Sul, Mali, Senegal, Argélia, Espanha, Itália, França, Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Cuba, México e Nova York, nos Estados Unidos, só para citar algumas. Seu trabalho tem aparecido em inúmeras publicações. A exposição é uma iniciativa da Fundação Palmares.

Local: Sala de Exposições do Espaço Cultural Zumbi dos Palmares.

Visitação: 10 de novembro a 02 de dezembro de 2010, das 9h às 17h.

Pano de Alaká – a tecelagem africana na Bahia

A Exposição “Pano de Alaká – a tecelagem africana na Bahia” apresenta toda a riqueza estética e ritualística dos panos da costa criados e produzidos na Casa do Alaká, espaço de memória e arte localizado na comunidade-terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá, bairro de São Gonçalo do Retiro na cidade de Salvador, Bahia.

Pano de alaká ou pano da costa, como é conhecido e chamado no Brasil, é uma tecelagem tradicional de povos e culturas da África Ocidental, mais especificamente dos povos Yoruba e Fon/Ewe. Segundo o antropólogo Raul Lody, curador da exposição, o ato de tecer panos para vestir o corpo e marcar identidades com seus variados padrões, cores e texturas, sempre caracterizou as produções artesanais: “O ato de tecer cada pano da costa traz as mais legítimas memórias, ao mesmo tempo em que salvaguarda as culturas africanas e torna possível experimentar a tradição por meio dos conhecimentos transmitidos de geração em geração“, afirma. A exposição é uma iniciativa da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Local: Galeria do 10º andar do Anexo IV da Câmara dos Deputados.

Visitação: 10 de novembro a 22 de dezembro de 2010 das 10 ás 17 horas.

Festival gastronômico

No Espaço Mesa Brasileira, instalado dentro do Restaurante-Escola SENAC, poderá ser provada uma culinária de matriz africana especialmente preparada para acompanhar a exposição sobre os panos da costa. Todos os dias da semana no horário de almoço, a partir do dia 10 de novembro, o cardápio promete deliciar os visitantes com pratos que referenciam as muitas influências africanas na culinária nacional. Será cobrado R$ 30 por pessoa pelo buffet, incluindo a sobremesa. A iniciativa é também da Confederação Nacional do Comércio.

Local: Espaço Mesa Brasileira – Restaurante Senac – 10º andar do Anexo IV da Câmara dos Deputados.

Carolina de Jesus: homenagem

Negra e favelada Carolina de Jesus vivia perambulando pelas ruas de São Paulo catando papéis para sobreviver. No Canindé, favela onde morava, tinha o hábito de escrever sobre as dificuldades que vivia no dia-a-dia. Carolina foi descoberta em 1958 pelo repórter Audálio Dantas que havia sido pautado para retratar o cotidiano nas favelas. O repórter encantado com o que leu, principalmente por vir de uma pessoa sem instrução, conseguiu a publicação dos escritos de Carolina resultando no best-seller “Quarto de Despejo” que vendeu mais de um milhão de cópias, foi traduzido para 14 idiomas e vendido em 40 países. Carolina de Jesus representa um símbolo da luta pela emancipação feminina e pela ascensão social das classes menos favorecidas. A mostra traz o diário origial, fotos e documentos da escritora que, embora tenha conhecido a fama, morreu muito pobre.

Local: Hall da Taquigrafia – Anexo II Câmara dos Deputados.

Data: 22 a 26 de novembro de 2010, das 9h às 18h.

41º Sarau

O negro no samba de enredo e na cultura brasileira” é o tema do 41º sarau que o Espaço Cultural Zumbi dos Palmares apresenta no próximo dia 22, às 20 horas, no Teatro Sesc Sílvio Barbato em comemoração ao Dia da Consciência Negra.  A entrada é franca.

Local: Teatro Sesc Sílvio Barbato – SCS Qd.02, Edifício Presidente Dutra.

Data: 22 de novembro de 2010, às 20 horas.