Mostra reúne sociedade secreta de artistas gravadores.

Marco Pitteri. Divulgação.
Marco Pitteri. Divulgação.

A mostra A Sociedade Cavalieri, em exibição na Caixa Cultural, teve temporada prorrogada até o dia 28 de fevereiro. Uma sociedade secreta de gravadores atuou por mais de trezentos anos nos ateliês da Europa Ocidental. A Sociedade Cavalieri foi fundada em homenagem ao gravador italiano Giovanni Battista de’ Cavalieri (1526-1597), contemporâneo de Michelangelo, Raphael e Caravaggio e que, ao contrário destes, não foi celebrizado pela história.

No entanto, Cavalieri criou um estilo artístico vigoroso, caracterizado por gravuras com imagens de monstros imaginários e criaturas antropomórficas. Um trabalho tão forte que acabaria influenciando grandes mestres da arte. Teriam sido membros desta sociedade, gravadores como Rembrandt (1606-1669, para muitos o maior nome da arte holandesa), o notável espanhol Goya (1746-1828), o pintor e gravador inglês Hogarth (1697-1764), Giovanni Battista Tiepolo (mestre da pintura italiana, 1696-1770), o pintor e ilustrador francês Honoré-Victorien Daumier (1808-1879), o mestre do simbolismo francês Odilon Redon (1840-1916), entre outros. Todos eles, de alguma maneira e em alguma obra, reproduziram o simbolismo de Cavalieri.

Rembrandt.
Rembrandt.

A exposição divide-se em duas partes. Na primeira está uma biografia de Giovanni B. Cavalieri, acompanhada de sua série de gravuras de monstros, que de acordo com o curador Menard, teria influenciado a história da arte até o começo do século XX. A segunda parte exibe a obra de renomados gravadores, membros da sociedade, influenciados diretamente pela produção de Cavalieri. De Brasília, a exposição segue para a Caixa Cultural Curitiba.

As gravuras dos outros 24 artistas membros dessa sociedade secreta foram modificadas para que pudessem ter alguma semelhança com o trabalho de Cavalieri. Cada uma das gravuras dos artistas participantes é acompanhada de um texto, que além de informações falsas sobre as obras, apresenta a argumentação do curador (fictício) sobre a ligação entre o artista e a Sociedade Cavalieri. Também não são verdadeiros os créditos e as instituições de apoio à exposição.

Para Felipe Prando, que assina o texto crítico do catálogo, “Estamos diante de uma ficção construída pelo artista Pierre Lapalu. Baseado em fatos reais, o artista recria a presença do gravador Giovanni Battista de Cavalieri na história da arte. A partir da série de gravuras ‘Obra na qual se veem monstros de todas as partes do mundo antigo e moderno’, publicada em 1585, o artista inventa uma sociedade secreta e dá vida a novos monstros, colocando à prova um método até então inexistente”.

A mostra lida com ficções através de apropriações. Apropria-se de obras de artistas do passado e se apropria também de uma estética discursiva das instituições e da história da arte, a fim de criar sua própria narrativa. Caberá ao público desvendar esta ficção e encontrar verdades ou mentiras nesta fábula de história da arte.

Principe Rupert do Reno.
Principe Rupert do Reno.

Serviço: Exposição ‘A Sociedade Cavalieri’
Local: Caixa Cultural (SBS Quadra 4 Lotes 3/4)
Visitação: Até 28 de fevereiro
Horário: de terça a domingo das 9h às 21h
Informações: (61) 3206-9448 | 61 3206-9449
Entrada franca
Classificação indicativa: Livre.