A diversidade do Brasil presente simultaneamente em poucos metros quadrados arrepiava quem se dirigia ao auditório lotado por cerca de mil pessoas, com representantes de todas as áreas. Artistas como a cantora Sandra de Sá, o ator José de Abreu, Ricardo Ohtake, a cantora Rosemary, Marcelo Gentil do Olodum, representantes governamentais brasileiros e estrangeiros, como o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, Fernando Haddad (Educação) Márcio Meira (Funai), o senador Eduardo Suplicy, que não perdeu a oportunidade de causar e sambou com a Aruc e atraiu todos os flashes. Haviam muitos funcionários do MinC e artistas locais, todos presentes para prestigiar um momento histórico para o país.
GOG foi o mestre de cerimônias e iniciou a apresentação com um agradecimento ao ministro Juca Ferreira e seu predecessor, Gilberto Gil. “Que Brasil pegamos e que Brasil temos hoje!”, bravou o rapper seguido de aplausos de agradecimento da plateia que ficou de pé.
Em seguida, Juca Ferreira se despediu e destacou os avanços e conquistas nestes oito anos de governo Lula. A emoção permeou o discurso que foi interrompido por duas vezes com lágrimas seguidas de aplausos efusivos dos presentes. Leia trechos de destaque:
“Despeço-me do MinC com a certeza do dever cumprido. Fomos além dos deveres e das obrigações. Nesses oito anos, nós, dirigentes e servidores, nos dedicamos de corpo e alma a fazer de um ministério inexpressivo, como o que pegamos dos governos anteriores, um poderoso instrumento de apoio aos artistas e às políticas culturais.
A cultura em nosso país, na gestão do governo Lula, passou a ser tratada como primeira necessidade de todos, tão importante quanto comida, habitação, saúde etc. Esta foi uma grande vitória. Talvez a maior de todas, na nossa área. Colocamos a cultura no patamar das políticas públicas mais importantes no Brasil. Contribuímos para que a cultura fosse incorporada ao projeto de desenvolvimento do país. E fomos além: federalizamos, democratizamos e descentralizamos as ações do Ministério da Cultura; procuramos seguir rigorosamente a orientação do presidente Lula, de atuar dentro dos padrões de um Estado democrático, republicano e responsável com o desenvolvimento cultural do país.
Deixamos como legado um novo marco institucional e legal para a cultura brasileira. Um marco em construção, com peças importantes que foram amplamente debatidas e consensuadas pela sociedade. Os projetos de lei que ainda tramitam no Congresso – a quem agradeço pela parceria, compreensão e apoio -, tais como o Procultura e o Vale Cultura, entre outros, complementam essa nova institucionalidade favorável ao desenvolvimento cultural do país. A modernização da legislação do direito autoral no Brasil é uma necessidade para garantir tais direitos aos criadores e possibilitar o desenvolvimento de uma economia cultural saudável, capaz de conviver com o ambiente criado pelas novas tecnologias.
Desejo muito boa sorte e sucesso ao novo governo que agora começa e à ministra, e me coloco disposto a colaborar com tudo que estiver ao meu alcance para que conquistemos o Brasil que queremos”.
Em sua fala, Ana de Hollanda reconheceu os resultados:
“O que recebemos hoje aqui é um legado positivo de avanços democráticos. É uma herança de um governo que se compenetrou de sua missão de fomentador, incentivador, financiador e indutor do processo de desenvolvimento cultural do país”.
A ministra garantiu manter a ampliar as conquistas durante a gestão de Dilma Rousseff na presidência e mais, ir além ao buscar a inovação:
“É claro que vamos dar continuidade a iniciativas como os Pontos de Cultura, programas e projetos do Mais Cultura, intervenções culturais e urbanísticas já aprovadas ou em andamento.
Quando queremos levar um processo adiante, a gente se vê na fascinante obrigação de dar passos novos e inovadores. Esse será um dos nortes da nossa atuação no Ministério da Cultura: continuar e avançar”.
Com a plateia repleta de representantes do Congresso Nacional, Ana de Hollanda não vacilou e pediu apoio para a aprovação do Vale Cultura:
“E aproveito a ocasião para pedir uma primeira grande ajuda ao Congresso, aos senadores e deputados agora eleitos ou reeleitos pela população brasileira: por favor, vamos aprovar, este ano, nesses próximos meses, o nosso Vale Cultura, para que a gente possa incrementar, o mais rapidamente possível, a inclusão da cultura na cesta do trabalhador e da trabalhadora. Cesta que não deve ser apenas “básica” – mas básica e essencial para a vida de todos. Em suma, o que nós queremos e precisamos fazer é o casamento da ascensão social e da ascensão cultural. Para acabar com a fome de cultura que ainda reina em nosso país”.
O incentivo a áreas em expansão vai estar aliado ao apoio à criatividade e aos criadores:
“A criatividade brasileira chega a ser espantosa, desconcertante, e se expressa em todos os cantos e campos do fazer artístico e cultural: no artesanato, na dança, no cinema, na música, na produção digital, na arquitetura, no design, na televisão, na literatura, na moda, no teatro, na festa.
Pujança – é a palavra. E é esta criatividade que gira a roda, que move moinhos, que revela a cara de tudo e de todos, que afirma o país, que gera emprego e renda, que alegra os deuses e os mortais. Isso tem de ser encarado com o maior carinho do mundo. Mas não somente com carinho. Tem de ser tratado com carinho e objetividade. E é justamente por isso que, ao assumir o Ministério da Cultura, assumo também a missão de celebrar e fomentar os processos criativos brasileiros. Porque, acima de tudo, é tempo de olhar para quem está criando”.
A ministra garante pulso firme e sensibilidade em um jeito pessoal de lidar e incentivar o fazer artístico:
“O que interessa, agora, é saber fazer. Mas, também, saber escutar. Quero que a minha gestão, no Ministério da Cultura, caiba em poucas palavras: saber pensar, saber fazer, saber escutar. Mas tenho também o meu jeito pessoal de conduzir as coisas. E tudo – todas as nossas reflexões, todos os nossos projetos, todas as nossas intervenções –, tudo será feito buscando, sempre, o melhor caminho. Com suavidade – e firmeza. Com delicadeza – e ousadia.
Mas, volto a dizer, e vou insistir sempre: com a criação no centro de tudo. A criação será o centro do sistema solar de nossas políticas culturais e do nosso fazer cotidiano. Por uma razão muito simples: não existe arte sem artista.
Muito obrigada”.