Audiodrama traz ao CCBB histórias, dramas e experiências com nomes como Fernanda Takai, John Ulhoa, Fausto Fawcett, Felipe Hirsch e Chelpa Ferro

De 11 de novembro a 12 de dezembro, de terça a domingo.

Chelpa Ferro. Divulgação.

Audiodrama é um projeto dramatúrgico inédito, que revela as potencialidades da experiência da escuta, com o objetivo de estimular os sentidos e a imaginação. Através de experimentos de linguagens estritamente sonoros, Audiodrama vai promover um resgate da oralidade como âmbito de realização estética.

O evento estreia no CCBB Brasília, no dia 11 de novembro e permanece até o dia 12 de dezembro, apresentando criações inventivas assinadas por grandes artistas brasileiros, como Fernanda Takai, Fausto Fawcett, Felipe Hirsch, os Irmãos Guimarães, Jefferson Miranda, Jocy de Oliveira e o grupo multimídia Chelpa Ferro. Eles vão convidar o espectador a deixar-se levar pelo som, pelas palavras, pela invenção.

Joao Ulhoa e Fernanda Takai.

A linguagem é produto da cultura humana. Durante milênios, todo o conhecimento de nossos ancestrais foi transmitido de forma oral. É icônica a imagem dos antepassados do homem moderno relatando a seu grupo fatos e histórias ao redor da fogueira. Ainda hoje, são as histórias narradas pelos pais aos filhos pequenos que primeiro despertam a imaginação das crianças. E nestes singulares tempos de isolamento social, foi ela, a oralidade, que mais uma vez se mostrou insubstituível como veículo de informação, educação, distração, em formatos renovados como podcasts, que inovaram o hábito de escutar. Agora, um projeto realizado pelo Centro Cultural Banco do Brasil Brasília promete recuperar e levar além a escuta na arte. 

A iniciativa tem um formato inédito, idealizado e com curadoria do produtor cultural Cesar Augusto e do diretor artístico e curador de música experimental e de arte sonora Chico Dub.

Audiodrama vai apresentar 4 peças inéditas que utilizam o corpo sonoro (voz, som, efeitos) como principal recurso cênico. Duas das obras serão apresentadas na Galeria 4, alternando-se em horários que vão das 16h às 20h. A lotação da Galeria é de 52 pessoas por sessão. Outros dois trabalhos promoverão experiências individuais, através do uso de players e fones de ouvido, com sessões que percorrem diferentes espaços do CCBB e vão das 11h às 18h.

A entrada é franca, mas será necessário retirar ingressos. Os ingressos devem ser retirados no site bb.com.br/cultura e no site ou app da Eventim, no dia da sessão, a partir das 9h. Todos os equipamentos utilizados durante as apresentações serão devidamente higienizados a cada sessão. Serão respeitadas todas as normas de segurança com relação à pandemia pelo Covid-19, como distanciamento social e uso de máscaras.

Os Fita (Abel Duarte e Cainã Bomilcar). Foto: Marcelo Mudou.

Os trabalhos são desenvolvidos por duplas de artistas que transitam por diferentes formas de expressão artística. A ideia que inspirou o projeto foi misturar profissionais da escrita com artistas sonoros e músicos experimentais, em trabalhos que não incluem encenação dramática ao vivo. A proposta é oferecer conteúdos gravados, em ambientes internos e externos, utilizando recursos sonoros variados, indo desde os alto falantes em ambientes fechados – que irão “espacializar” o som no local, tornando a experiência única de acordo com o lugar de cada membro da plateia –, até propostas para serem experimentadas individualmente, em espaços distintos, convidando o público a percorrer o CCBB e seus jardins enquanto a história é contada

Para tanto, os curadores selecionaram quatro duplas de artistas, que conduzirão o público por diferentes linguagens, trazendo características do rádio, do teatro, da radionovela, da arte sonora, da sonoplastia, da performance e da palavra falada. O compositor, escritor, dramaturgo, jornalista Fausto Fawcett se une ao coletivo artístico multimídia Chelpa Ferro, formado pelos artistas Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler, para compor o universo da obra “Pesadelo Ambicioso”. Outra dupla inclui o cineasta e diretor teatral Felipe Hirsch e o duo de música eletrônica Os Fita (que reúne os produtores Abel Duarte e Cainã Bomilcar) responsáveis pela criação de “Fantasmagoria nº3”.

Os parceiros de dramaturgia Jefferson Miranda e Francisco Ohana se somam à compositora, pianista e escritora Jocy de Oliveira, na criação de “Dura”, sobre uma mulher que se transforma em pedra.E o coletivo Irmãos Guimarães (formado por Adriano e Fernando Guimarães) se encontra com o duo fundador da banda Pato Fu, Fernanda Takai e John Ulhoa, para conceber “O herói como batata”, inspirado em ensaio da célebre autora norte-americana Ursula K. Le Guin.

Fausto Fawcett.

As duplas Fausto Fawcett x Chelpa Ferro e Felipe Hirsch x Os Fita irão apresentar seus trabalhos em sessões diárias na Galeria 4 do CCBB, através de um desenho sonoro formado por 18 caixas de som espalhadas em volta do público e no entorno do Centro Cultural. As outras duplas, compostas por Jefferson Miranda & Francisco Ohana x Jocy de Oliveira e Irmãos Guimarães x Fernanda Takai & John Ulhoa, irão desenvolver histórias site specific, interagindo com o jardim externo do CCBB. Especificamente neste formato, as histórias serão experimentadas individualmente pelo público através de players e headphones que serão distribuídos gratuitamente.

Segundo o idealizador e curador Cesar Augusto, Audiodrama nasce de um impulso anterior à pandemia, mas que está em perfeita sintonia com o momento que a sociedade atravessa. “Sabemos que a arte e a cultura têm o poder de curar, nos dar alento e fôlego em todos os momentos necessários, independentemente das crises que possam surgir. Neste sentido, este encontro entre a cena teatral, sustentada pela dramaturgia e composição cênica, com a música, e suas múltiplas manifestações, se estabelece como um novo horizonte a se descortinar”, justifica. O projeto revela um novo patamar, dotado de muitas possibilidades da experiência artística. “O público poderá vivenciar, entre vozes, cadências sonoras e trilhas sonoras e visuais, um universo em construção, preparado, especialmente, por artistas ícones da cena contemporânea brasileira”, resume Cesar Augusto.

Mesmo sendo essencialmente um projeto de artes cênicas, o projeto aposta no paradoxo da ausência presencial de atores para contar uma história e desenvolver uma dramaturgia. Para Chico Dub, que divide a curadoria e idealização, a proposta traz uma quebra de paradigmas à medida em que apresenta a missão de desafiar a percepção do público. “Vivemos num mundo quase que totalmente visual e por isso acreditamos ser fundamental acordar os ouvidos. Audiodrama, na verdade, reflete uma tendência contemporânea em que o foco do visual para o auditivo vem mudando gradativamente ao longo dos anos”, evidencia.

Dub acredita na tecnologia como aliada para o estabelecimento desses novos parâmetros artísticos, nos quais o som passou a ser reconhecido e exibido como uma forma de arte em si mesmo. “Essa forte tendência na arte recente reflete uma consciência cultural mais ampla de que a visão não domina mais nossa percepção ou entendimento da realidade contemporânea”, diz. Deste modo, Audiodrama se coloca ao lado de outras frentes: instalações de arte sonora, prática que ganha cada vez mais espaço dentro da arte contemporânea, e peças de dramaturgia nas quais o som assume papel de destaque. Sem componentes visuais ou atores em cena, o público dependerá apenas do som para imaginar, entender ou mesmo interagir com a dramaturgia. “É um projeto que traz a arte da imaginação: o que você̂ vai ver é o que sua mente criar”, conceitua Chico Dub.

Felipe Hirsch. Foto: Annemone Taake.

Programação:

Galeria 4

Pesadelo Ambicioso (Fausto Fawcett e Chelpa Ferro)

Sessões de terça a domingo, às 16h e às 19h

Lotação: 52 pessoas por sessão

Classificação: 18 anos

Sinopse: A obra alterna diálogos, narrações, rápidas digressões filosóficas, confissões e devaneios a partir da inquietação que assola nossas relações sociais, onde as expectativas, os sistemas nervosos, os ambientes urbanos e os pensamentos dentro de cada um estão cada vez mais agulhados, atiçados, nublados e provocados por interferências e ruídos mentais e emocionais. “Pesadelo Ambicioso” é um drama lírico, épico, cômico e sonoro.

Fantasmagoria nº3 (Felipe Hirsch e Os Fita)

Sessões de terça a domingo, às 17h e às 20h

Lotação: 52 pessoas por sessão

Classificação: 12 anos

Sinopse: Uma fantasmagoria sonora que se manifesta, acresce e se dissipa; ecos de tempos e espaços distantes; alusão dos constituidores dos sentidos do artista, transformada em composição; rumor e ressonância da história cultural de um país; reminiscências e resíduos.

Jardim

O herói como batata (Irmãos Guimarães com Fernanda Takai & John Ulhoa)

Sessões contínuas, de terça a domingo, das 11h às 18h 

Experimentação individual através de players e fones de ouvido.

Classificação: 12 anos 

Sinopse: Em grande parte, as narrativas ocidentais foram, e são, construídas tendo a figura do herói como grande protagonista. Acompanhamos suas ações, muitas vezes violentas, na conquista de seus objetivos. A partir das ideias da escritora norte-americana Ursula Le Guin, O herói como batata propõe diferentes formas de construir e relatar histórias, ao acompanhar os acontecimentos ocorridos com outras personagens – como as mulheres, as mães e seus filhos.

Dura (Jefferson Miranda & Francisco Ohana com Jocy de Oliveira)

Sessões contínuas, de terça a domingo, das 11h às 18h 

Experimentação individual através de players e fones de ouvido.
Classificação: 12 anos 

Sinopse: Fábula sobre uma mulher que se transforma em pedra. Ao longo do percurso no jardim do CCBB, o público é convidado a acompanhar a trajetória de Aura, passeando por suas emoções, seu encontro com a natureza e com as mudanças inerentes à vida. Árida, mas também ventilada, a experiência quer estimular a imaginação em tempos de doença e desesperança.

Jocy de Oliveira.

Audiodrama
CCBB Brasília
De 11 de novembro a 12 de dezembro, de terça a domingo.
Horário: A partir das 11h, nos jardins, e das 16h às 20h, na Galeria 4 do CCBB Brasília
Ingressos: Devem ser retirados no site bb.com.br/cultura e no site ou app da Eventim, no dia da sessão, a partir das 9h.
Entrada: Gratuita

Galeria 4
Lotação: 52 pessoas por sessão

  • ‘Pesadelo Ambicioso’, de Fausto Fawcett & Chelpa Ferro
    Classificação: 18 anos
    Sessões às 16h e 19h
  • ‘Fantasmagoria nº3’, de Felipe Hirsch & Os Fita
    Classificação: 12 anos
    Sessões às 17h e 20h

Jardim
Experimentação individual através de players e fones de ouvido.
Classificação: 12 anos
Sessões contínuas das 11h às 18h

  • ‘Dura’, de Jefferson Miranda, Francisco Ohana & Jocy de Oliveira
  • ‘O herói como batata’, de Fernanda Takai, John Ulhoa & Irmãos Guimarães