O dia 4 de junho marca o 30º aniversário da morte de Burle Marx, data escolhida para promover um encontro de gigantes no Jardim Burle Marx, localizado no Eixo Monumental de Brasília. A obra pública inaugurada recentemente vai receber 30 esculturas de grandes dimensões do renomado artista Amilcar de Castro. Os trabalhos permanecerão no local por dois anos, criando um marco significativo ao evidenciar a importância da arte e da natureza na vida urbana.
Este evento, parte do projeto ‘Amilcar de Castro na Praça Burle Marx’, é uma realização do Instituto de Pesquisa e Promoção à Arte e Cultura (IPAC) em parceria com o Banco de Brasília (BRB), que disponibilizou o espaço para a instalação das esculturas.
O projeto promove um diálogo entre as poéticas do paisagista Burle Marx e do escultor Amilcar de Castro, dois dos mais celebrados nomes da arte brasileira do século XX. A interação das esculturas de Amilcar de Castro com a paisagem, arquitetura e urbanismo de Brasília nos jardins projetados por Burle Marx representa uma experiência inédita. As obras de Amilcar, conhecidas por sua presença em praças e parques ao redor do mundo, geralmente aparecem isoladas ou em diálogo com outras criações. No centro de Brasília, o público terá a oportunidade de apreciar este conjunto em um espaço público.
Amilcar de Castro e Burle Marx compartilharam uma profunda afinidade estética, focando na busca por novas formas de expressão além da representação figurativa. Ambos se inspiravam na natureza e concebiam suas obras em relação ao espaço em que seriam inseridas, criando dinâmicas entre escultura, arquitetura e paisagem.
Roberto Burle Marx é considerado por muitos o criador do paisagismo moderno, foi parceiro de Lucio Costa e de Oscar Niemeyer desde a primeira metade do século 20. Até 2022, no Plano Piloto de Brasília, existiam nove jardins públicos criados por ele (todos tombados como patrimônio histórico e artístico do DF); Em setembro do ano passado foi inaugurado o décimo – o Jardim de Burle Marx. Esboçado pelo paisagista em 1975, o projeto foi realizado pelo escritório Burle Marx, junto com Haruyoshi Ono, paisagista, arquiteto e discípulo de Burle Marx, e sua filha Isabela Ono. Agora, o jardim recebe, também, a arte de Amílcar de Castro.
As esculturas de Amilcar são obras pertencentes a um pensamento que se constitui em um dos mais conhecidos movimentos artísticos brasileiros no mundo: o neoconcretismo – assim como a arquitetura modernista da cidade nova. Esse encontro entre Brasília e as obras de arte construtivas brasileira originou muitos debates, além de diversos artigos e ensaios.
A proposta curatorial do projeto, assinada por Marilia Panitz, traz como ideia central oferecer ao público um espaço de contemplação e debate sobre a obra de Amílcar de Castro em diálogo com a perspectiva urbana da capital. – Brasília é contemporânea das pesquisas neoconcretas; é contemporânea do nascimento das obras do mestre do corte e da dobra. Mas as grandes esculturas em aço de Amílcar, curiosamente, não pousaram na capital – destaca a curadora.
A abertura acontece em 4 de junho, às 17 horas, e vai contar com shows de Good Time e Carol Dias (17:30), Toque de Salto (18:30) e Teresa Lopes (19:30).