Texto de Renato Acha e Fotos de Marcelo Dischinger.
A mostra “Cinema Indiano Contemporâneo” esteve em cartaz na Caixa Cultural e mostrou a riqueza e diversidade das películas produzidas naquele país. O Brasil tem uma curiosidade extrema para conhecer o cinema feito no local com o maior número de filmes produzidos e ingressos vendidos em todo o planeta. Isto confirma a sede que faz com que platéias brasileiras lotem as salas de exibição em busca de saciar seu conhecimento sobre a sétima arte produzida em um cenário que tem muito em comum com a nossa cultura.
O Acha Brasília foi ao encerramento e conversou com a curadora da mostra, Gisella Cardoso, que ficou encantada com a excelente acolhida que o evento obteve na cidade. O adido cultural da Índia no Brasil, Sr. Surinder Kumar, falou sobre a Semana Cultural Indiana prevista para 2011, bem como sobre os pontos em comum entre estas duas ricas culturas.
Acha – Como foi a receptividade do Festival em Brasilia?
Gisella Cardoso – “A receptividade foi ótima, a gente teve varias sessões lotadas, durante seis dias. Nós exibimos doze filmes e o retorno do público foi muito caloroso, todo mundo sai da sessão muito emocionado querendo saber como ver, como continuar a ver filmes indianos, querendo saber como conseguir os filmes. Hoje, acho que dez pessoas até agora vieram me perguntar: “Por favor, como eu consigo?”. Então realmente é um sucesso total, e para nós, como realizadores, este é o melhor tipo de retorno e este pedido do público para que a mostra continue, para que seja realizada mais vezes é gratificante. Já tem pessoas perguntando quando vai ser a próxima. A bilheteira já me falou: “Olha, você precisa me deixar o seu contato“.
Acha – Isso se deve ao sucesso de Bollywood?
Gisella Cardoso – “Não só de Bollywood. A intenção da mostra é apresentar não só Bollywood mas também outros filmes de outros núcleos cinematográficos da Índia, que tem o mesmo peso e despertam o mesmo interesse. A gente mostrou toda uma diversidade de filmes, são filmes de Bollywood, de Tollywood, os art movies da região de Calcutá e Kerala e com todos eles a gente teve um ótimo retorno“.
Acha – Esta mostra já circulou por outras cidades?
Gisella Cardoso – “Sim, ela veio do Rio de Janeiro onde foram exibidos dezenove filmes durante duas semanas, foi um pouco maior. Foi um fenômeno também, foi a mostra que mais lotou a Caixa, tivemos que fazer várias sessões extras, havia uma fila enorme que rodava todo o saguão“.
Acha – Então acho que o retorno em 2011 está garantido!
Gisella Cardoso – “É impressionante, foi surpreendente até para nós“.
Acha – Como você vê o público de Brasília?
Gisella Cardoso – “Não é a primeira mostra de cinema indiano que eu faço aqui, já havia feito uma outra no CCBB há dois anos, sobre a nouvelle vague indiana e foi bem maior, durou três semanas. O público da cidade é muito interessado, o retorno foi muito bom. Na verdade foi o que mais me despertou para fazer esta mostra aqui, porque aqui as sessões lotaram e o público perguntava. Foi diferente do CCBB que tem um cinema menor, Muita gente perguntava o que está sendo feito na Índia hoje“.
Acha – E você tem outro projeto no forno para trazer para a cidade?
Gisella Cardoso – “Há um projeto que é “A Poesia do Eu”, uma mostra sobre filmes autobiográficos e tem uma mostra do Clint Eastwood que vai para o Rio e para São Paulo mas que não está confirmada para Brasília“.
O adido cultural da Índia é muito amigável e parece um brasileiro, apesar de ter preferido conceder a entrevista em inglês. Ele comentou sobre o sucesso da mostra e as semelhanças entre os dois países continentais:
Surinder Kumar – “Fizemos o Festival no Rio de Janeiro, aqui em Brasília e em novembro será realizado em Salvador“.
Acha – Quais são os próximos projetos culturais da Embaixada da Índia?
Surinder Kumar – “No próximo ano teremos a Semana Cultural Indiana em Brasília, provavelmente entre maio e junho de 2011. Vários artistas virão da Índia para se apresentarem no palco, e além da dança e música haverá um mostra de pinturas“.
Acha – Há quanto tempo você está em Brasília?
Surinder Kumar – “Há três anos“.
Acha – Como você vê a vida cultural da cidade?
Surinder Kumar – “É muito agradável. As pessoas aqui são realmente amigáveis e vejo muitas similaridades entre a Índia e o Brasil. É interessante observar semelhanças nos idiomas, por exemplo, nós falamos mes e vocês mesa, ou camis e vocês camisa“.
Realmente as similaridades transcendem o idioma. As gargalhadas ao final da conversa com o adido revelaram que o bom humor é intrínseco a ambas as nacionalidades. Que venham mais filmes indianos pois o público exigente de Brasília anseia por este cinema tão peculiar.