Theodoro Cochrane fala sobre a mostra “Clodovil Hernandes” em cartaz no ParkShopping.

Texto e Fotos de Renato Acha.

A exposição “Clodovil Hernandes” foi aberta na última quinta (23 de setembro) no ParkShopping. Com curadoria de Marisa de Macedo-Soares e cenografia de Theodoro Cochrane, a mostra recria o universo de um dos maiores representantes da história da alta costura brasileira com vestidos, saias e acessórios que levaram sua assinatura.

Theodoro Cochrane falou sobre o Clodovil estilista, a tradição dos ateliês e a inspiração vintage e conceitual para a cenografia:

Theodoro Cochrane. Foto de Renato Acha.

A gente tem uma tradição de costureiros de ateliê, que são os que mais se aproximam de alta costura no Brasil, porque não temos alta costura no Brasil. A gente tem costureiros incríveis de ateliês, como o Dener e o Clodovil nos anos 60 e 70 e o Conrado Segreto mais tarde. O Brasil tem a ideia, em todos os âmbitos, de não conhecer muito a sua história. Tem gente que acha que a moda começou no país com o São Paulo Fashion Week, com o Herchcovitch, com o Reinaldo Lourenço, mas o país tem uma história anterior.

Foto de Renato Acha.

“Nós tínhamos uma tradição parecida com a francesa, com muita influência dela. Mas acho que o Clodovil pegava muito essa moda francesa rebuscada e botava toques inusitados brasileiros e transformava em vestidos muito bonitos e muito bem feitos, de gente que fez curso de corte e costura, que hoje em dia é uma coisa que ninguém mais faz. As pessoas fazem faculdade de estilismo, mas gente que sabe costurar e fazer detalhe, acabamento e caimento é algo muito raro“.

Foto de Renato Acha.

Acha – Esta cenografia é bem diferente da que foi feita para a exposição do Dener em 2009. Como surgiu a ideia?

Eu pensei primeiro na história dos costureiros e do ateliês, aí eu lembrei dos provadores dos anos 60 e 70, da Chanel, das lojas da Rua Augusta em São Paulo, que eram circulares e tinham essas cortinas. Eu pensei: Vou fazer como se fossem provadores. E as características do Clodovil são bem diferentes das do Dener, que já era uma silhueta mais seca mais próxima do corpo, com cores mais sóbrias. Clodovil tem uma característica mais romântica, mais flamboyant, mais over, muito babado e isso fez muito sucesso nos começo dos anos 80.

Foto de Renato Acha.

Depois ele parou e começou a enveredar por aquela carreira que não interessa em nada pra gente nesta exposição. A gente só quer saber do costureiro, não queremos saber de TV, de política, a gente só quer saber do costureiro. Ele trabalhava muito com camadas de saias, daí eu pensei: Vamos fazer um provador que é na verdade uma grande saia, como se fosse uma das camadas dessa saia. Aqui você pode ver que esse vestido tem umas oito saias dentro ou aqueles dois que são saia balão, ou aqui, quantas camadas de tule tem aqui? Ou ali dentro daquela saia para dar volume. Ele sempre usou muita saia para dar esta forma e eu queria remeter ao passado de alguma maneira, criar um provador criativo que fosse ao mesmo tempo um provador e uma saia do Clodovil“.

Foto de Renato Acha.

Serviço: Exposição “Clodovil Hernandes”

Local: ParkShopping – Primeiro Piso próximo à Portaria E (SAI/SO Área 6580 CCCV)

Data: Até 12 de outubro de 2010.
Horário: de segunda a sábado, das 10h às 22h, e domingo, das 14h às 20h
Entrada franca
Telefone: (61) 3362-1300