Cyndi Lauper surpreende plateia brasiliense.

Ícone dos anos 80, Cyndi Lauper não parou no tempo e provou que uma grande artista se renova e se aprimora com o tempo. A cantora apresentou a turnê do disco Memphis Blues neste domingo (27 de fevereiro) no Auditório Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Perto de completar sessenta anos, ela reafirmou que tem voz afiada e energia para distribuir aos fãs hipnotizados, que ficaram de pé logo na primeira música.

A plateia se encantou com os primeiros acordes de uma noite que deslocou tempo e espaço em direção ao Tennessee, local onde foram realizadas as gravações do disco. O mais interessante é que Cyndi incorpora influências de ícones como BB King,  Muddy Waters e John Lee Hooker com muita personalidade, com seu timbre peculiar, que ficou caracterizado por hits da música pop.

A peculiaridade das apresentações no Brasil ficaram por conta do convite feito à Lan Lan Moreira para integrar a trupe. O toque da percussionista veio em arranjos únicos que provaram que a música negra advinda da África dominou o mundo, do delta do Mississipi ao Recôncavo Baiano. Cyndi Lauper sabe das coisas e devorou tudo isto e devolveu ao público com sua característica vivacidade.

A cantora cumprimentou a todos em português por diversas vezes, graças a ajuda de Lan Lan, nitidamente feliz em um momento único de sua carreira. As duas pareciam crianças, brincando e se divertindo ao lado de uma banda não menos poderosa, que era regida por Lauper, como uma orquestra. Os hits não ficaram de fora da apresentação e vieram sob nova roupagem. Time After Time e True Colors levantaram o coro em versões marcadas pelo forte atabaque de Lan Lan, como em Girls Just Wanna Have Fun, na melhor versão até o momento.

A cantora interagiu e se aproximou da plateia em nítida troca mais do que bem vinda. A prova de que a alma negra do blues tem tudo a ver com a musicalidade brasileira não poderia ter oportunidade melhor de ser manifestada em uma noite pra lá de inesquecível.