Exposição “O Grito!” propõe reflexão sobre os 200 anos de Independência do Brasil

“Yes” Gina Dinucci. Foto da artista.

A Galeria Principal da Caixa Cultural Brasília recebe a exposição coletiva O Grito! de 18 de outubro a 17 de dezembro. São 30 obras de sete artistas visuais brasileiros que refletem em suas criações o bicentenário da Independência do Brasil. Exposição inédita, O Grito! conta com trabalhos de Evandro Prado, Paul Setúbal, Yara Dewachter, Élcio Miyazaki, Moara Tupinambá, Gina Denucci e Marília Scarabello, nos quais, em diferentes técnicas, abordam aspectos da realidade nacional ao longo desses 200 anos e suas implicações no presente.

A exposição propõe narrativas construídas sobre o 7 de setembro que traduzem olhares multifacetados para além do discurso oficial da história sobre a Declaração da Independência do Brasil. Em linguagens como pintura, desenho, fotografia, escultura, colagem, videoarte e instalação, as obras evidenciam a atuação dos artistas como pensadores visuais e se caracterizam por uma análise dos acontecimentos, provocando leituras críticas acerca do legado do período colonial na construção da identidade nacional brasileira.

“Proposta para o Monumento” de Paul de Setúbal.

Evandro Prado, por exemplo, provoca estranhamento ao interferir sutilmente em representações sacralizadas de figuras históricas, evidenciando seu aspecto humano, falível; enquanto Paul Setúbal lança uma mirada às avessas sobre as disputas por poder e glória. Yara Dewatcher, por sua vez, traz à luz figuras femininas cujos papéis nos eventos eternizados do país foram ofuscados. Já Élcio Miyazaki compõe narrativas visuais a partir de personalidades que ocuparam posições de decisão durante períodos marcantes do século XX, por outro lado, Moara Tupinambá recupera as histórias dos povos originários, alheados das decisões sobre o território. Gina Dinucci exercita ludicamente o olhar crítico sobre as estruturas de poder e Marília Scarabello compila o imaginário das pessoas sobre o que significa ser brasileiro.

Desta feita, O Grito! busca ampliar o debate sobre referido tema, incluindo outras chaves de leitura e colocando em pauta personagens usualmente não contemplados pela narrativa central, como pessoas comuns, mulheres, negros e indígenas, a fim de dar visibilidade à outras narrativas, que vão ao encontro da historiografia contemporânea que privilegia uma história decolonial.

“Moeda – Pedro I” de Evandro Prado.

Também faz parte da programação da exposição uma oficina gratuita, em 28 de outubro (sábado), das 14h às 18h, intitulada “Arte, ativismo, colagem e ancestralidade”, conduzida por Moara Tupinambá, cuja proposta é a imersão na ancestralidade utilizando a técnica da colagem. A oficina tem como público-alvo professores, arte-educadores e artistas.

A exposição foi idealizada pelo artista Evandro Prado, que vem se destacando no cenário de arte contemporânea, principalmente na vertente arte e política, e conta com a curadoria assinada por Sylvia Werneck, profissional com diversas exposições realizadas, autora do livro De dentro para fora – a memória do local no mundo global (Ed. Zouk, 2011), contemplado pelo I Prêmio para publicações sobre arte em língua estrangeira da Fundação Bienal de São Paulo, e do livro Pensamentos sobre arte (Alter Edições, 2023), contemplado pelo ProAC Expresso Lei Aldir Blanc 50/2021. A coordenação do projeto é da antropóloga e produtora cultural Iara Machado, doutora em arte e cultura da América Latina e especialista em estudos da descolonização da arte e da cultura.

A exposição conta com placas em braile em todas as obras e o projeto ainda propôs, para ampliar a acessibilidade, a consultoria para o Educativo da Caixa, Gente Arteira, sobre formas de acolhimento do público TEA (transtorno do espectro autista), com Ana Navarro, especialista em Inclusão da Pessoa com Deficiência – Aspectos Psicossociais, pela PUC – Rio de Janeiro.


O Grito!
Caixa Cultural Brasília (SBS Quadra 4 Lotes 3/4), Galeria Principal
De 18 de outubro a 17 de dezembro de 2023
Horário: 9h às 21h (de terça-feira a domingo)
Entrada gratuita
Classificação: Livre.