Ao Festival interessa pouco a ideia fechada de gênero. “Elegemos o documentário e o experimental como lugares da invenção, tradições do desvio, mas consideramos todo aquele filme que desafia os limites do gênero, propondo novos modos de percepção, entendendo o cinema como prática política e artística”, explica Marcela Borela, uma das diretoras artísticas do festival, ao lado de Rafael Castanheira Parrode e Henrique Borela.
Serão aceitos filmes de todas as metragens. A curadoria está sob a responsabilidade de Rafael Parrode, que é crítico e programador, Ewerton Belico (BH), pesquisador e curador e Toni D’Angela (Itália), professor e editor da revista multilíngue La Furia Umana.
Filmes na fronteira
Para Marcela Borela, há duas perspectivas de fronteira em produções cinematográficas que o festival tem interesse em selecionar. A primeira é a da linguagem do cinema, que vai além do modelo tradicional da ficção e contação de estória.
“Nos interessa o que foge do modo de produção industrial que tem a visão do filme como produto. Aquele em que não pode ter erro, conta com amplo planejamento, controle, deve ser feito no menor tempo possível com a garantia de um roteiro previamente definido e que esteja ligado a diretrizes do fluxo de capital e não estético,” explica. São bem vindos projetos singulares que busquem novas invenções e relações com a imagem em movimento.
A outra perspectiva de fronteira que define a filosofia do festival é de ordem político-ideológica. “Estamos interessados em filmes que abordem enfrentamentos às formas dominantes do capitalismo. Todas as formas de lutas sociais e de resistência nos interessam”, pontua.
Haverá seis premiações para as melhores produções: três para longa-metragens e três para curta-metragens. Recebem os troféus as seguintes categorias: o melhor longa-metragem, de acordo com júri popular, o melhor longa de acordo com o júri oficial, que também elege a melhor produção de longa para o prêmio especial.
Os curta-metragens são premiados de acordo com as mesmas categorias. Há o melhor curta de acordo com o júri popular, outro eleito pelo júri oficial que também julga o melhor curta para levar o troféu de prêmio especial.
A premiação acaba por conferir um peso especial para os realizadores brasileiros. Ao contrário da maioria dos festivais internacionais no Brasil, o Fronteira não distingue a premiação nacional da internacional. Desta forma, os filmes brasileiros acabam entrando na mesma disputa que os estrangeiros, conferindo uma chancela internacional aos possíveis vencedores.
Além dos filmes que serão selecionados para a Mostra Competitiva Internacional, o Festival ainda promete outras mostras especiais, oficinas e residência. O Fronteira é realizado pela Barroca Produções Artísticas e Cinematográficas e tem patrocínio da Lei Goyazes e Ministério da Educação.