Renato Acha
Todo mundo sabe que nossa avós são repletas de histórias para contar. Muitas vezes pregam lições de vida e acariciam seus netos com doçuras politicamente corretas.
Só que no caso de Gabriela Leite, o contexto vai além da caretice e traz à Brasília um espetáculo que retrata fortes experiências de vida. Este é o cenário da montagem “Filha, Mãe, Avó e Puta – Uma Entrevista“, em cartaz no CCBB em janeiro, sob direção de Guilherme Leme, com Alexia Dechamps e Louri Santos no elenco, em uma adaptação de livro homônimo lançado em 2009.
A pré-estreia lotou o Teatro II e abriu os trabalhos teatrais do CCBB em 2012. O público estava obviamente curioso diante de uma trajetória de uma mulher que saiu da alta sociedade para levantar uma bandeira a favor de melhores condições de vida e trabalho para as prostitutas.
Uma vitória ainda não completamente vencida no que concerne às leis brasileiras, ainda arcaicas diante da realidade e que se vê diante de uma regulamentação que almeja maiores voos, mas que já prescinde de grandes conquistas, graças à uma grande mulher que levantou sua voz e peitou o mundo sem medo.
A história de Gabriela Leite ganhou repercussão mundial graças às ações à frente da ONG Da Vida e da grife Daspu, uma crítica inteligentíssima à grifada Daslu, que gerou inclusive um processo judicial, que só deu mais visibilidade à uma causa justa.
A montagem retrata estes e outros fatos marcantes da vida desta mulher de fibra, que se tornou um baluarte pela luta em prol dos direitos humanos.