A mostra Gerhard Richter – Sinopse, com curadoria de Gerhard Richter e Götz Adriani, fica em cartaz na Caixa Cultural de 05 de maio a 12 de junho e apresenta uma rara oportunidade de contactar a obra de um dos maiores artistas contemporâneos em uma exposição itinerante que passou por Curitiba e Salvador e agora chega à capital por meio da realização do ifa (Instituto de Relações Culturais com o Exterior) em parceria com oGoethe-Zentrum Brasília e a Embaixada da Alemanha no Brasil, com patrocínio da Caixa e do Governo Federal.
Trata-se de uma retrospectiva sintética com 27 obras que retratam suas quase cinco décadas de atuação nas artes visuais. Richter começou a pintar oficialmente em 1962, com suas fotografias-pinturas. Experimentou diversos suportes, de óleos sobre tela a fotografias, incluindo as referências históricas de fotos.
O artista é um dos responsáveis pelo resgate da pintura no século 21. Ele trata a linguagem como auto referente, uma prática que fala por si mesma e sempre mereceu visibilidade na história da arte. A cor é um elemento determinante de seu trabalho, algo que dialoga com seu profundo envolvimento com a natureza. A diversidade de expressão vai das primeiras pinturas figurativas com cores turvas, com a presença ou ausência como elementos conceituais. Depois adota pinturas abstratas, com uma paleta de cores por vezes brilhante em outras moderada.
Este leque diversificado de trabalho sempre foi alvo de discussão da crítica, especialmente devido ao descaso de Richter em relação ao que dizem sobre a progressão “tradicional” de estilo e seu uso de fotografias. Gerhard criou um extenso acervo de imagens públicas e privadas, de 1945 até hoje. Este suporte se celebrizou em sua série Atlas, de 1971.
As fotos são utlizadas em ampliações ou reduções transpostos para suas obras de pintura. As pinturas da década de 60 são reduções das cores a tons da escala cinza, na transposição da fotografia para a pintura, que fica reduzida e irreconhecível. Nesta série Richter separa a pintura do objeto que desaparece na cor cinza, na sua opinião a cor que representa o indiferente e o nada. Posteriormente retorna o uso de cores numa pintura complexa de camadas, durante os anos 80. Ele não pretende se encaixar em nenhum rótulo ou classificação. Sua pintura é uma metáfora da vida e possui vida e manifestação próprias.
“Eu não sou seguidor de sistemas, de vertentes ou de intenções. Eu não tenho nenhum programa, nenhum estilo, nenhuma razão especial”, comentou em 1966.
Esta falta de vínculos talvez seja advinda de suas origens. Gerhard Richter nasceu em Dresden em 1932 em uma família de classe média. Como muitos alemães de sua geração, tinha parentes envolvidos com o movimento nazista. Seu tio Rudi, um jovem oficial nazista, morreu jovem enquanto sua tia com problemas mentais estava presa em um campo de concentração. A ideologia rigorosa e a morte tem assombrado Richter desde criança, talvez causando a sua forte aversão à ideologia de qualquer espécie. Ele prefere se sustentar na força indiscriminada que a natureza detém.
“O que eu via como a minha grande fraqueza, ou seja, a incapacidade de criar uma imagem, não é de fato uma incapacidade, mas sim uma instintiva busca de uma verdade mais moderna, que já estamos vivendo”, afirmou em novembro de 1989.
Ao contrário de artistas americanos, Richter não estava interessado na pureza da arte. O idealismo o desiludira desde a tenra idade. Em vez disso, pintou imagens sem glória, as imagens que se tornaram o ridículo, o belo e o trágico em elementos corriqueiros. Ao longo de sua carreira, Richter escolheu dar um contexto psicológico a sua arte, deixando admiradores e críticos por vezes confusos.
Gerhard Richter simplesmente cria sua obra a partir de estruturas e idéias que o cercam, nada mais profundo que isso.
Serviço: Exposição “Gerhard Richter- Sinopse”
Visitação: de 05 de maio e 12 de junho de 2011
Local: CAIXA Cultural Brasília – Galeria Vitrine (SBS Quadra 4 Lote 3/4, edifício anexo da Matriz da Caixa)
Horário de visitação: diariamente, das 9h às 21h
Informações: (61) 3206-9448/49 Classificação etária: Livre
Entrada Franca.