Joseph Beuys é considerado um dos artistas mais influentes na segunda metade do século XX, tendo explorados diversas técnicas, dentre escultura, fluxus, happening, performance, vídeo e instalação. Brasília recebe uma grande mostra do artista alemão, de 14 de janeiro a 9 de fevereiro, no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República (MUN).
O público vai conferir mais de cem obras na mostra “Res-Pública: conclamação para uma alternativa global”, onde o fundamento gira em torno de um homem que defendia a elevação de cada pessoa à posição de artista com objetivo de provocar um engajamento político em favor da democracia direta e da participação individual.
A mostra, que já esteve em exibição no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), foi concebida pelos curadores Silke Thomas, Claudia Seelmann, Rafael Raddi, Luiz Guilherme Vergara (diretor do MAC) e Wagner Barja (diretor do MUN). De Brasília, a exposição segue para Buenos Aires.
1 – La rivoluzione siamo Noi, 1972. 2 – Terno de Feltro, 1970.
Wagner Barja acentua a experiência do artista alemão, que quase morreu na II Guerra Mundial quando o avião que pilotava foi alvejado, impressiona pela composição de elementos das ciências políticas e das artes. “Com o artista, esses segmentos nunca ousaram se aproximar tanto, num estatuto paritário de potências, ambos – arte e sociedade – dialogaram com veemência e grande força de expressão sobre suas questões epistêmicas, muitas das quais em oposição: entre a arte e o cientificismo, a crença doutrinária e a opinião política”.
1 – Por quê, 1955. 2 – Gruene Violine, 1974.
“As suas obras, no entanto, não são apenas importantes no campo artístico, mas também têm grande significado social. Beuys defendeu a ampliação da definição de arte com o potencial de mudar a sociedade como um todo”, conta Silke Thomas, curadora da Gallerie Thomas Modern, ao destacar a produção artística multifacetada, que transita entre formas tradicionais de arte, tais como escultura, pintura e desenho, quanto grandes instalações e performances públicas.
“Quase 30 anos depois de sua morte, a vida e obra desse artista continua a instigar um sentimento e análise crítico intenso e passional. Líder carismático e controverso, sempre polarizou opiniões. Sendo para Beuys o ensino sua principal obra, através da arte buscou atingir ao máximo de pessoas com seu ‘conceito ampliado de arte’”. Comenta Rafael Raddi, também curador da mostra e diretor-presidente do Instituto Plano Cultural, ao voltar-se patra o artista provocador, transmissor e comunicador de pensamentos, ideias e conhecimento.
Para ajudar o visitante a compreender a obra do artista, a exposição está dividida em cinco tópicos:
– Criatividade e Liberdade Humanas Tripartidas – Pensamento, sentimento e vontade (“Todo homem é um artista”, “Libertar as pessoas é o objetivo da arte; portanto a arte para mim é a ciência da liberdade”);
– Plástica Social/Escultura Social – Ensino & Educação (Universidade Internacional Livre), Teoria da Escultura;
– Defesa della Natura: Natureza – Energia – Meio Ambiente & Energia (“plantamos árvores e as árvores nos plantam“);
– Cura – Xamanismo – Espiritualismo Material;
– Democracia Direta – Utopia Concreta (filmes e vídeos de Beuys), colaboração e solidariedade.
A equipe do Museu Nacional também preparou um ciclo de atividades múltiplas durante o período da mostra.
No dia 14 de janeiro, (terça), às 20h, performance de Suyan de Mattos, Fernando Villar, Mariana Brites, José Eduardo Garcia de Moraes, Bené Fonteles, Renato Acha e Cirilo Quartim, com duração de 2h30.
No dia 15 de janeiro, (quarta), às 19h30, palestra e mostra de vídeos com Anna Bella Geiger, com duração de 1h30.
O diretor do MUN, Wagner Barja, acrescenta que, paralelamente, as performances de Beuys serão sempre trazidas ao primeiro plano por meio de fotografias e filmes selecionados. “Inspirados pelas ideias de Beuys, o museu está aberto como um lugar de encontro para um fórum permanente sobre criatividade, educação, democracia direta, consciência ambiental e cura por espiritualidade material e energia”.
A mostra Res-pública, no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, revela ao público um extenso repertório desse que, sem dúvida, está entre os maiores ícones do pensamento estético contemporâneo.
Serviço: Res-Pública: conclamação para uma alternativa global
Abertura: 14 de janeiro, às 19h30.
Data: 15 de janeiro a 9 de fevereiro de 2014.
Visitação: de terça a domingo, das 9h às 18h30.
Local: Museu Nacional do Conjunto Cultural da República (Setor Cultural Sul, lote 2)
Entrada franca
Livre para todos os públicos.