O Julho das Pretas que Escrevem no DF chega à segunda edição com a novidade de compor a programação do Festival Latinidades e ocorre no sábado, 23 de julho, de 16 às 19 horas, no Espaço Literário Maria Firmina dos Reis, no Museu Nacional. O tema deste ano é: “Existimos. Você nos vê, nos lê?”.
A ideia é reunir as escritoras para exaltar sua produção literária e/ou editorial, em um encontro informal, que prevê sarau, rodas de conversa, exposição e venda de livros. As participantes também vão conhecer o projeto Caminhos de Maria Firmina (1822 – 1917), autora de Úrsula, que será apresentado em tempo real, como cortesia do Instituto da Cor ao Caso. Firmina, considerada a primeira romancista brasileira, teve sua obra desconhecida por décadas e em 2022 completa bicentenário.
O encontro busca aproximar as pretas que escrevem no DF, propiciando a oportunidade de que se conheçam, se reconheçam e às suas obras e projetos, fomentando as trocas e as atividades em rede. Por outro lado, propõe uma visibilidade maior do seu trabalho para o grande público, para evitar novos apagamentos, silenciamentos e esquecimentos, a exemplo do que aconteceu com a própria Maria Firmina dos Reis.
No ano passado, quando estreou na Banca da Conceição, em Brasília, três artistas negras vivas e residentes no DF foram homenageadas. Desta vez, na perspectiva de uma linha do tempo, as laureadas são Cristiane Sobral, Tatiana Nascimento e Nanda Fer Pimenta.
A idealizadora do encontro, a escritora e jornalista paraibana radicada em Brasília, Waleska Barbosa, explica que as três participaram da primeira edição do evento e respondem por produções profícuas, além de terem uma vida dedicada à palavra e à militância antirracista por meio da literatura.
“As mulheres pretas, de variadas faixas etárias e identidades de gênero, sabem que honram as ancestrais ao exercer sua arte, singrando os caminhos abertos pelas que vieram antes, alimentando o presente e construindo o futuro para quem vai chegar, afinal, nossos passos vêm de longe e irão mais longe ainda”, afirma.
Waleska também exalta a parceria com o Festival Latinidades, ao dizer que é uma grande honra poder estar em um espaço construído com tanta beleza, entrega e coletividades, pelas mãos condutoras de Jaqueline Fernandes.
“Ainda temos as datas simbólicas, que são os 15 anos do Latinidades e os trinta da instituição do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Sem contar que, no Brasil, temos instituídos o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. São muitos motivos para comemorar no sentido do bem viver, do existir, para além do resistir”, completa.
Em 2021, cerca de vinte escritoras participaram do encontro e a ideia é que o número aumente ano a ano. A participação é voluntária e interesse em compor o encontro pode ser manifestado no perfil do Instagram. Um chamamento público também está aberto para facilitar que as interessadas possam fazer parte.
Escritoras pretas já se juntaram ao compromisso de participar do encontro. De gêneros literários variados, de poesia a romance, passando por textos acadêmicos, literatura infantojuvenil, roteiro, crônica e dramaturgia, elas já representam, além do Plano Piloto, as regiões administrativas do Guará, Samambaia, Varjão, Taguatinga, Riacho Fundo II, Ceilândia, Santa Maria, Planaltina, Jardim Botânico, Lago Norte, Águas Claras.
Alguns dos nomes confirmados são Conceição Freitas, Meimei Bastos, Likidah, Cleudes Pessoa, Daniela Luciana, Ana Rossi, Adelaide Paula, Nega Lu, Claudinha Nascimento, Hosana Santos, Marina Andrade, Poeta Kaju, Jovina Teodoro, Maíra de Deus Brito, Maíra Luciana, Elisa Mattos, Ramíla Moura, Ilka Teodoro, Mestra Martinha do Coco e Waleska Barbosa.
Em suas Redes Sociais, a professora de Teoria Literária/Literatura Brasileira e pesquisadora pelo CNPq/UNB, Adelaide Paula afirmou que “passei a vida circulando por lugares onde eu era a única. Universidade e trabalho. Rodas de convívio. Mas o tempo do reencontro chegou e podemos saber umas sobre as outras, compartilhar nossas experiências e saberes”.
Ela é autora dos livros infanto-juvenis “Depois do arco-íris tinha uma escola” e “As aventuras de Bonitona e a vida secreta dos bichos”. Seu primeiro romance “Mãe – o silêncio atrás da porta” foi finalista do Prêmio Maria Firmina dos Reis, em 2020. No ano seguinte, em 2021, lançou a coletânea de contos ” Você fica tão linda vestida de contos”. Dedica-se ao ensino da Escrita Criativa com o projeto ” Ler ou não ser”.
II Julho das Pretas que Escrevem no DF
23 de julho (sábado) de 16 às 19 horas
Local: Espaço Literário Maria Firmina dos Reis do Festival Latinidades (Anexo II do Museu Nacional)
Formulário de Inscrição
Instagram: @julhodaspretasqueescrevemdf