Um oásis cultural no Setor Comercial Sul.

Museu Nacional dos Correios. Foto: Renato Acha.

Renato Acha

O Museu Nacional dos Correios foi reaberto na última quarta (25 de janeiro) e contou com a presença do presidente dos Correios, Wagner Pinheiro de Oliveira, do secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (MinC), Henilton Parente de Menezes e do presidente do IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus, José do Nascimento Júnior.

Na mesma ocasião aconteceu o lançamento do edital que disponibiliza cerca de R$ 10 milhões em patrocínio para apoio a projetos nas áreas de Artes Cênicas – Dança e Teatro, Artes Visuais, Artes Integradas, Audiovisual, Humanidades e Música nas cidades que possuem unidades culturais dos Correios (Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Fortaleza, Juiz de Fora e Brasília). As inscrições ficarão disponíveis até o dia 1º de março no site www.correios.com.br e os selecionados apresentam seus projetos no período que vai de julho de 2012 a março de 2013.

Mestres da Gravura - Coleção Fundação Biblioteca Nacional. Foto: Renato Acha.

O novo espaço apresenta três exposições: “Mestres da Gravura – Coleção Fundação Biblioteca Nacional” ocupa o segundo e terceiro andares e apresenta 171 obras de grandes artistas. Todas são provenientes da coleção da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), que contabiliza mais trinta mil itens em seu acervo, em uma rara exibição ao público, que não ocorre desde o século XIX.

Fernanda Terra e Mônica Rizzo. Foto: Renato Acha.

A curadora, Fernanda Terra e Mônica Rizzo, representante da Biblioteca Nacional, conversaram com o Acha Brasília:

Acha – Como surgiu a ideia de realização desta exposição?

Fernanda Terra – “O contato começou a partir da Biblioteca Nacional mesmo. Eu já tinha o conhecimento deste acervo há algum tempo e sabia que era preciosíssimo e apresentei o projeto para eles, que ficaram imediatamente animados. Daí começamos o processo de seleção das imagens, dentre trinta mil itens”.

Mônica Rizzo – “Como conjunto é a primeira vez que eles são expostos. É a primeira vez que eles viajam em um grupo tão grande desde que vieram de Portugal há 200 anos”.

Acha – Qual a espectativa em relação ao contato com a juventude por meio do Programa Educativo?

Mônica Rizzo – “Os mediadores estarão aqui durante toda a semana para receber as escolas e os visitantes  e esclarecer detalhes sobre o acervo”.

Acha – Como aconteceu o processo de seleção das obras dentre um acervo tão vasto?

Fernanda Terra – “Foi um processo complexo. A seleção veio a partir do conhecimento deste acervo mais antigo da Real Biblioteca. Fiz um recorte desta coleção europeia porque ela é super preciosa, mas não incluí as gravuras dos séculos XIX e XX, que em grande parte foram provenientes de um processo de aquisição”.

Mestres da Gravura - Coleção Fundação Biblioteca Nacional. Foto: Renato Acha.

A exposição é uma oportunidade rara de contactar grandes nomes da História da Arte, como Dürer, Goya, Hogarth, Piranesi e Rembrandt e Hogarth, dentre outros. Vale a pena reservar um bom tempo para uma visita mais apurada. Os visitantes poderão contar com lupas para observar detalhes interessantes, como o pontilhismo, uma técnica em que se constrói a imagem ponto a ponto em um jogo de claro e escuro.

"A natureza em selos: O meio ambiente somos nós". Foto: Renato Acha.

No quarto andar está em cartaz a mostra “A natureza em selos: O meio ambiente somos nós”, em uma compilação de alguns selos lançados pelos Correios com o tema da flora e a fauna brasileiras, que figuram ao lado de algumas das pinturas originais que serviram de base para sua confecção.

A beleza conduz à sensibilização do fruidor para a questão ambiental aliada ao hábito do colecionismo, uma tradição comum em muitas famílias, mas que hoje tem se tornado algo raro. Em uma era em que a internet domina, o Projeto Escola propõe uma vivência onde os estudantes podem escrever um postal, selar e enviar para qualquer lugar via correio postal.

Silvia Robalinho. Foto: Renato Acha.

A curadora Silvia Robalinho revelou mais detalhes sobre esta mostra:

Acha – Como foi entrar em contato com este acervo e organizar esta mostra?

Silvia Robalinho – “Partimos do princípio de que o selo é um documento que hoje praticamente não usamos devido a todos avanços tecnológicos, principalmente a juventude. No entanto ele é um documento histórico, um recorte que traz o patrimônio cultural, ambiental e literário. A partir disto resolvemos montar uma exposição que tivesse como foco a natureza, fazendo todo o caminho e mostrando toda a preocupação que a gente tem com o planeta desde a década de 40 até os dias de hoje, com a responsabilidade ambiental que cresce cada vez mais.

Sala do Projeto Escola. Foto: Renato Acha.

Nós propomos esta viagem ao público infanto-juvenil que não conhece o selo, para que venha a se encantar com os selos em primeiro lugar. A exposição não tem um rigor filatélico, ela tem uma proposta de você apreciar o selo e compreender que dentro de uma noção de um movimento mundial de preocupação ambiental, este selos vêm, ou denunciar um bichinho que está em extinção ou chamar a atenção para a preservação, então isto termina sendo uma ação de educação ambiental dentro da exposição como um todo.

Painel Interativo. Foto: Renato Acha.

A gente fecha com uma proposta que esta moçada tão acostumada a lidar com a tecnologia, venha a lidar com um painel interativo em uma mata. Quem sabe no futuro eles venham a interagir de forma sustentável com o nosso meio ambiente”.

"Correios: um diálogo com Vilém Flusser". Foto: Renato Acha.

No quinto andar está a exposição  “Correios: um diálogo com Vilém Flusser”, inspirada no texto “Cartas” do pensador da comunicação Vilém Flusser. A mostra propõe um percurso que revela o funcionamento dos Correios ao longo dos tempos, em uma montagem apurada que traz veículos utilizados no transporte de correspondências, diversas caixas de Correios que apresentam uma influência estética advinda de cada época, uma parede repleta de belos relógios de madeira, além de materiais de expediente e objetos utilizados em agências dos Correio ao longo do tempo.

O Museu ainda conta com  um auditório com capacidade para cem pessoas, pronto para receber mostras de cinema e espetáculos teatrais e musicais, uma cafeteria e um terraço panorâmico, que também poderá abrigar para eventos culturais.

Serviço: Museu Nacional dos Correios

Endereço: SCS Qd 4 Lote 256 – Edifício Apolo

Funcionamento: De terça a sexta (de 10 às 19 horas) e sábado e domingo (de 10 às 18 horas).

Entrada franca.