
Nara Leão (1942-1989) é um nome incontornável para se entender a música, a cultura e a sociedade brasileira dos anos 1960, 70 e 80. Suas atitudes pioneiras e revolucionárias se refletem em um repertório absolutamente singular e marcam uma trajetória que reverbera mesmo após três décadas e meia de sua partida.
‘Nara’, é fruto do arrebatamento causado pela cantora em Zeze Polessa, que partilhou o desejo de revivê-la nos palcos tendo ao seu lado, na autoria e direção do espetáculo, o amigo Miguel Falabella, parceiro em uma série de projetos teatrais desde 1979.
O espetáculo tem o patrocínio exclusivo da Petrobras | Programa Petrobras Cultural, viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, e assinado pela Quintal Produções. A peça entra em turnê pelo país depois de enorme sucesso no Rio de Janeiro. Reunindo memórias, fatos e curiosidades sobre essa grande mulher, a produção chega a Brasília para curta temporada de 30 de maio a 02 de junho na Caixa Cultural.
Zezé Polessa cresceu ouvindo e acompanhando a carreira de Nara através dos discos e os muitos sucessos tocados nas rádios. Durante a pandemia, ela começou a ler uma biografia da cantora e – a partir de então – enfileirou uma série de entrevistas e livros sobre o período, quando, intuitivamente, começou ali a fazer uma pesquisa daquela que seria a sua próxima personagem. Ao falar sobre a vontade de interpretar Nara, em uma conversa informal com Miguel Falabella, ele na mesma hora avisou que criaria o texto do espetáculo e, após uma semana juntos, ainda no período pandêmico, a primeira versão da obra começava a ganhar forma.
No espetáculo, Nara aparece como se estivesse vindo de algum lugar do futuro – ou do passado – para compartilhar com o público algumas lembranças e reflexões. Através de um grande fluxo de consciência, o texto relembra momentos e canções da cantora sem preocupação com cronologias, datas ou qualquer outra formalidade, bem no estilo Nara, uma intérprete que sempre foi ‘fora da caixa’, quando esta expressão nem era tão usada assim.
“Logo no início, ela mesmo diz que está de volta graças ao privilégio do teatro. Quando eu tive vontade de fazer a Nara, falei com Miguel que sabia não ter mais a idade dela, mas ele logo disse que isso não tinha a menor importância. Eu não procuro imitar o seu jeito de falar ou cantar, existe uma liberdade em todo este processo, não poderia ser diferente com alguém que sempre foi tão livre”, reflete Zeze, que interpreta ao vivo alguns dos muitos sucessos da intérprete, como ‘A Banda’, ‘Corcovado’, ‘Marcha da Quarta-feira de Cinzas’, entre outros.
Com direção musical de Josimar Carneiro, o espetáculo perpassa os diversos estilos e movimentos dos quais Nara participou. Em constante mutação, ela nunca se deixou rotular ou ficar presa a um determinado gênero: esteve no coração do nascimento da Bossa Nova, flertou com o Tropicalismo, participou dos festivais da canção, protagonizou o lendário show ‘Opinião’, com João do Vale e Zé Ketti (e foi quem escolheu a estreante Maria Bethânia para substitui-la) resgatou antigos compositores, cantou samba-canção, músicas de protesto, rock’n’roll e jovem guarda. A liberdade e a inquietação de Nara se refletiam, sem amarras, na sua criação artística.
No palco, as canções surgem para pontuar alguns dos momentos de uma vida que se confunde com a história do Brasil daquela época. Ao longo das cenas, alguns temas vêm à tona, como a repressão sofrida no período da ditadura militar, o exílio, o avanço do debate feminista, a revolução comportamental das décadas de 60 e 70, a maternidade, os célebres casos de amor e as demais paixões da cantora.
Não é a primeira vez em que Zeze vai cantar em cena. Sua trajetória foi pontuada por alguns musicais, inclusive chegando a protagonizar uma versão de ‘A Noviça Rebelde’, em 1992. “As canções de Nara me acompanham há muito tempo, eu já sabia as letras de uma boa parte do repertório e agora o desafio foi justamente selecionar quais as músicas que entrariam na peça, já que ela produziu muito ao longo da vida e gravou sempre canções muito pertinentes e necessárias”, conta a atriz.
Nara
De 30 de maio a 02 de junho / Quintas e sexta, 19h – sábados e domingos, 18h
Caixa Cultural Brasília (SBS – Quadra 4 – Lotes 3/4)
Ingressos: R$30 e R$15 (meia)
Vendas: a partir de 25 de maio: às 9h, na bilheteria do teatro; às 13h, no site da Bilheteria Cultural (bilheteriacultural.com)
Meia-entrada: empregados e clientes CAIXA, estudantes, professores, pessoas acima de 60 anos e outros casos previstos em lei
Horário de funcionamento da bilheteria: de terça a sexta e domingo, das 13h às 21h; sábado, das 9h às 21h. / Contato: (61) 3206-6456
Estacionamento gratuito para visitantes aos finais de semana e feriados, de terça a sexta disponível a partir das 18h.
Bate-papo com o público no dia 31 de maio, após o espetáculo
Sessões com intérprete de libras: dias 01 e 02 de junho
Classificação indicativa: Livre
Duração: 80 minutos.