Espaço Cultural Marcantonio Vilaça reabre após reforma.

Avant et après la lettre, Marilá Dardot, 2011 (instalação com papel picado e livro).
Avant et après la lettre, Marilá Dardot, 2011 (instalação com papel picado e livro).

O Espaço Cultural Marcantonio Vilaça passou por um período de reformas e tem reabertura marcada com a exposição “Pela superfície das páginas…”, em cartaz de 25 de junho a 13 de agosto. A mostra funciona como um desdobramento da exposição “Through the surface of the pages … ”, realizada em 2012 na Universidade de Harvard, em Cambridge, MA (EUA), com a curadoria do mineiro Júlio Martins.

A coletiva reúne artistas brasileiros que trabalham com o espaço da página, em termos formais e poéticos, a partir das mais diversas linguagens artísticas. Há diversos tratamentos e concepções que giram em torno da página, questão emergente no cenário da arte brasileira contemporânea. Mais do que um espaço para se escrever sobre arte, a página como plataforma tem se mostrado uma instância significante e muito recorrente na produção artística brasileira.

Natureza morta com frutas e pão, Ralph Gehre (esmalte sobre tela).
Natureza morta com frutas e pão, Ralph Gehre (esmalte sobre tela).

São 36 nomes de todo o Brasil e 54 obras selecionadas. O primeiro estímulo ao trabalho de curadoria de Júlio Martins são os livros de artista, livros-objeto que extrapolam a função e o conceito tradicional de um livro e se assumem como peças de arte. As obras se caracterizam como suporte de representação da ideia do artista e possibilitam a aproximação tátil e visual com a criação. Além da exibição de um conjunto de livros de artista, a exposição reúne, também, obras em fotografia, desenho, objeto, vídeo e áudio, numa compreensão ampliada da página em relação à sua função primária.

Na abertura, a artista Mariana Rocha apresentará a performance “Solo”. Entre as obras, um dos destaques da exposição é “Réquiem” (desenho sobre papel, 2011), da mineira Sara Lambranho, que atrai os olhares do público ao transformar as partituras musicais em espaço de subversão de padrões. Além desta, chamam atenção a instalação “Avant et après la lettre” (instalação com papel picado e livro, 2011), da paulistana Marilá Dardot e a obra “Natureza morta com frutas” (esmalte sobre tela), do brasiliense Ralph Gehre.

Perspectiva para linhas paralelas, Bruno Cançado, 2012 (papel, dimensões variáveis)Réquiem, Sara Lambranho, 2011 (desenhos sobre papel de partitura,montados em 2 tripés de 110 x 50 cm cada)

 

1 – Perspectiva para linhas paralelas, Bruno Cançado, 2012 (papel, dimensões variáveis) 2 – Réquiem, Sara Lambranho, 2011 (desenhos sobre papel de partitura,montados em 2 tripés de 110 x 50 cm cada)

A artista mineira Laís Myrrha apresenta vídeo em looping, com as tentativas de capturar o passar do tempo de um relógio digital em desenho, que leva o nome de “Compensação de erros” (vídeo em looping e desenho 56 x 65 cm, 2007). Há também a instalação “Perspectiva para linhas paralelas”, do mineiro Bruno Cançado (papel, dimensões variáveis, 2012), na qual os papéis ganham dimensões distintas a partir de traços acentuados. Completam a lista os seguintes artistas: André Burian, Bill Lühmann, Carolina Cordeiro, Cinthia Marcelle, Fábio Morais, Gabriel Borem, Jimson Vilela, Marco Antonio Mota, Pablo Lobato, Paulo Climachauska, Raquel Stolf e Yuri Firmeza.

De Brasília foram convidados os artistas Allan de Lana, André Valente, Dani Dumoulin, Felipe Cavalcante, Felipe Sobreiro, Gabriel Góes, Iris Helena, Léo Tavares, Lucas Gehre, Luciana Bastos, Luciana Paiva, Matias Monteiro, Paulo Vega Jr., Pedro Ivo Verçosa, Ralph Gehre, Rafael Godoy, Renato Rios, Silvino Mendonça e Virgílio Neto.

Nos anos recentes, se intensificaram iniciativas, publicações, estudos e exposições dedicadas ao tema. Também se difundiram por todo o país selos editoriais criados por artistas e feiras de publicações de artistas. Entre os últimos trabalhos de destaque, o terreiro “Longe daqui, aqui mesmo” de Fabio Morais e Marilá Dardot, que reuniu livros de artistas de vários autores de todo o mundo para o acervo do Arquivo Wanda Svevo, na 29ª Bienal de São Paulo; e a proposta de exibir um núcleo exclusivamente dedicado aos livros de artista brasileiros dentro da importante exposição “Imagine Brazil”, um panorama da arte contemporânea brasileira no Astrup Fearnley Museet , em Oslo, 2013, com curadoria de Hans-Ulrich Obrist.

Entre os livros de artista apresentados na exposição coletiva, estão Fábio Morais com “Artoday”, Allan de Lana com “Dente” e “E unidos caíram todos na solidão”, Cinthia Marcelle e Marilá Dardot em “Irmãs”, Ralph Gehre em “Caderneta”, dentre outros.

Solo, Mariana Rocha (fotografia)

Serviço: Exposição “Pela superfície das páginas… ”
Visitação: De 25 de junho a 13 de agosto
Horário: 9 às 19 horas (segunda a sexta) e 14 às 18 horas (sábados)
Local: Espaço Cultural Marcantonio Vilaça (Setor de Administração Federal Sul (SAFS), Quadra 4 Lote 1, Térreo. Edifício Sede do Tribunal de Contas da União)
Classificação indicativa: Livre
Informações e visitas agendadas pelo telefone: (61) 3316-5221
O Espaço Cultural Marcantônio Vilaça é fechado aos domingos, feriados e em dias de jogos da Copa do Mundo.

Foto: Solo, Mariana Rocha (fotografia).