Musical faz uma viagem através poesia popular do Sertão Nordestino.

2, 3 e 5 de março.

Paulo Matrico Chico Assim e Joao Santana Creditos Poesia do Sertao
Paulo Matrico Chico Assim e Joao Santana Creditos Poesia do Sertao

O espetáculo Poesia do Sertão leva ao público as Artes do Repente, da Literatura de Cordel e da Poesia Matuta com uma roupagem musical genuína, dando ao brasiliense a oportunidade de ter contato com essas artes e divulgando conhecimento acerca de alguns de seus artistas pioneiros e que são reverenciados no espetáculo – o repentista Domingos Fonseca, o cordelista Leandro Gomes de Barros e o poeta matuto Patativa do Assaré. O musical irá circular por três RAs do DF nos dias 2, 3 e 5 de março.

As artes representadas no espetáculo, Repente, a Literatura de Cordel e a Poesia Matuta, constituem parte significante do vasto Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira, e estão presentes, em maior número, na região Nordeste do Brasil, em especial nas localidades regionalmente chamadas de sertão, cariri e agreste.

O fio condutor do espetáculo é a trilha musical, pesquisada e produzida sob a influência das raízes da música sertaneja nordestina, numa releitura de melodias das toadas do Repente, da tradição popular – violeiros improvisadores, bandas de folguedos, aboiadores, rodas de coco – e das vertentes ascendentes na hereditariedade da musicalidade universal que desaguam no Sertão Nordestino – clássica, barroca, sefardita, magrebina, árabe, ameríndia e Africana – e fazem da música sertaneja nordestina, ao mesmo tempo, regional e universal.

Harmonizações e timbragens contemporâneas adornam o repertório com recursos sonoros de pedais e sintetizadores agregados a instrumentos como o pífano e a rabeca. A percussão vai do triângulo ao cajón e elementos da bateria e a base harmônica e melódica conta com violoncelo, flauta transversal, rabeca, pífano, violas e violões. Canções de Paulo Matricó, João Santana e Chico de Assis, especialmente compostas ou selecionadas para o contexto do espetáculo, são inseridas harmoniosamente no decorrer da narrativa, fazendo deste uma homenagem rica e autêntica aos mestres da poesia do Sertão.

O espetáculo terá sua abertura com música instrumental proveniente da pesquisa relatada e, em declamação poética serão evocadas as “Musas da Poesia”. Daí por diante, são intercaladas estrofes imortalizadas dos grandes mestres do Repente e composições de Chico de Assis, João Santana, Fabiano Medeiros e Paulo Matricó, que retratam a vida dos sertanejos e cantadores nordestinos, o cenário natural e ambiente social de surgimento e de ocorrência atual da arte do Repente.

Num dado momento, os repentistas Chico de Assis e João Santana atenderão a solicitações da plateia, interagindo com o público de modo espontâneo e descontraído em diversas modalidades do Repente ao som das violas nordestinas e declamarão poemas matutos, além de discorrer em homenagem aos mestres da cultura popular.

Os artistas homenageados, in memoriam, neste Projeto foram peças fundamentais para a consolidação dessas modalidades artísticas. Graças à memória popular conservada pela oralidade, à renovação das gerações de artistas devotos das mesmas vertentes, aos adoradores fiéis e a pesquisadores, esses artistas do sertão tiveram seus nomes e versos imortalizados, porém, ainda pouco conhecidos por grande parte de seus conterrâneos da geração atual.

O espetáculo proposto no projeto é, sobretudo, uma homenagem a esses “guerreiros” da cultura nordestina que bravamente persistiram em suas expressões e são ídolos de milhares de artistas da poesia nordestina, não apenas por sua arte, mas também por seus ideais de igualdade. Dentre os homenageados no projeto estão o repentista Domingos Fonseca (1913 – 1958), o cordelista Leandro Gomes de Barros (1865 – 1912) e o poeta matuto Patativa do Assaré (1909 – 2002).

Domingos da Fonseca fundou a primeira associação de cantadores do Nordeste, com Sede em Fortaleza, com o apoio de companheiros de profissão captou recursos financeiros e adquiriu o terreno onde foi construída a Casa do Cantador em Fortaleza, na década de 50. O seu sonho de igualdade passava pelo desejo de erradicação da pobreza ao conferir dignidade aos artistas sertanejos de regiões pobres e descriminadas pelas populações dos centros urbanos desenvolvidos.

Patativa do Assaré, como poeta matuto, defendeu os direitos humanos e condenou a corrupção e as injustiças sociais. Seu nome foi popularizado ao lado de artistas como Luiz Gonzaga e Fagner. Sua obra poética e musical tem sido intensamente reproduzida por artistas da vertente popular nordestina.

Leandro Gomes de Barros rompeu as dificuldades da vida e se consagrou como o único escritor brasileiro de sua época que vivia exclusivamente de sua criação literária, a hoje chamada Literatura de Cordel, forma de literatura esta que foi ardilosamente alvo de preconceito por parte de membros da elite literária acadêmica da época que frustrada com a alta receptividade dos folhetos em todo o País tentava desclassificar os “poetas de bancada”.

Serviço: Poesia do Sertão
Temporada três apresentações:
Data: 2 de março (quarta) às 20 horas
Local: Casa do Cantador (QNN 32 AE Mód G, Ceilândia Sul)
Data: 3 de março (quinta) às 20 horas
Local: Teatro da Praça (QNB 01 AE 01, Biblioteca Pública Machado de Assis, Taguatinga)
Data: 5 de março (sábado) às 20 horas
Local: Espaço Pé Direito (Rua 1 casa 23 – final da L4 Sul, Vila Telebrasília)
Duração: 90 minutos
Entrada franca
Classificação indicativa: Livre
Informações: poesiadosertao.com.br