A mostra “As Matérias Vivas de Antônio Poteiro: Barro, cor e poesia” chega ao Museu Nacional da República com curadoria de Divino Sobral e produção de Malu da Cunha. O público vai conferir obras de Antônio Poteiro, obras de seu pai, Américo Batista de Souza e de seu filho, Américo Batista de Souza Neto.
A exposição reúne o conjunto de 53 obras pertencentes ao acervo do Instituto Antônio Poteiro, colocando 39 pinturas e 8 esculturas de autoria de Antônio Poteiro (Santa Cristina do Pousa, Portugal, 1925 – Goiânia, 2010) em convivência com 3 esculturas de seu pai, Américo Batista de Souza (Barcelos, Portugal, 1902 – Araguari/MG. 1978), e com 3 esculturas de seu filho, Américo Batista de Souza Neto (Araguari/MG. 1954). Ao agregar trabalhos de três gerações, oferece ao público a oportunidade de ver como a arte de Antônio Poteiro é herdeira, continuadora e transformadora da tradição ancestral presente em sua família, originada na região que há séculos é conhecida pela cerâmica.
Antônio Batista de Souza veio para o Brasil com cerca de um ano e meio de idade. Com sua família, morou em São Paulo e Minas Gerais. Em 1955, mudou-se para Goiás, residindo em Nerópolis, onde ganhou o apelido de Poteiro. Em 1967, fixou residência em Goiânia e, aos 42 anos de idade, passou a criar peças autorais e a assinar sua obra em cerâmica como Antônio Poteiro. A partir de 1972, passou a pintar e seu imaginário transitou da materialidade do barro para o universo vibrante da cor.
Gerado no seio das tradições portuguesas e crescido no meio do povo brasileiro, sem instrução formal, Poteiro descobriu o universo de possibilidades oferecido pela arte e com sua fértil imaginação elaborou um grandioso conjunto de obras, revelando o grau elevado do seu pensamento plástico que gere e ordena sistemas de composição e cria harmonias no manuseio da cor pura, que opera com a abundância das figuras e preza pela estruturação equilibrada, simétrica e ritmada das formas e do espaço, demonstrando um procedimento racional de elaboração.
A substância poética de Antônio Poteiro é ligada à sua própria experiência de vida, e, nesse sentido, sua obra guarda conteúdo autobiográfico, manifesto nos assuntos extraídos do seu cotidiano ou da sua memória de homem simples, trabalhador por excelência, que viveu próximo ao ambiente rural, à natureza, à cultura e à religiosidade populares, que esteve envolvido na radical experiência de viver entre os indígenas. Na origem da obra de Antônio Poteiro, junto ao registro autobiográfico, está o aspecto fantástico, que tem origem no sonho, nas manifestações do folclore, na religiosidade, na vitalidade da natureza exuberante.
O fantástico produzido por Antônio Poteiro é definido por ele mesmo como como mistura de barroco com Karajá. O artista conviveu com o povo Iny Karajá e sofreu influências de suas esculturas, buscando algo semelhante a elas e criando uma forma compacta. O aspecto barroco era reconhecido por Poteiro como fruto da influência da obra do mestre Aleijadinho, absorvida durante suas andanças pelo interior de Minas Gerais. O barroco Karajá pode ser apreciado na ocupação saturada do espaço, no fascínio pela riqueza da matéria plástica, no apreço pelo ornamento que brota em qualquer lugar, no gosto pela exuberância e pela abundância, na fusão do sacro com profano, no sotaque regionalista entoado pelo artista para atender sua necessidade de fazer uma obra que representasse o Brasil e Goiás.
Seu mundo fantástico é profundamente musical e construído pela linguagem narrativa, criando fabulações desobedientes à lógica predeterminada, explorando a liberdade e a fantasia para contar seus próprios relatos, para desviar e recriar histórias há muito assentadas, como aquelas das escrituras sagradas ou do folclore, que são transfiguradas por sua subjetividade.” Divino Sobral.
A exposição foi contemplada pelo Programa Estadual de Incentivo à Cultura – Goyazes – do Governo de Goiás e patrocinado pela Enel Distribuição Goiás.
As Matérias Vivas de Antônio Poteiro: Barro, cor e poesia
De 16 de dezembro de 2022 a 12 de fevereiro de 2023
Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul, Lote 2, próximo à Rodoviária do Plano Piloto)
Horário de visitação: sextas, sábados e domingos das 9:00 às 18:30
Informações: (61) 3325-5220
Curador: Divino Sobral
Produção: Malu da Cunha
Coordenação: Instituto Antônio Poteiro
Projeto aprovado no Programa Goyazes
Patrocínio: Enel Distribuição Goiás
Classificação Indicativa: Livre
Entrada gratuita
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