Os curadores Amanda Menezes e Pedro Seiler bateram um papo com o Acha Brasília.
Acha – Falem sobre sua relação com o fazer artístico.
Pedro – Trabalhei seis anos na Biscoito Fino, eu fazia a produção geral da gravadora. Como free lancer, eu era envolvido no curadoria do Festival Indie Rock no Rio, fiz dois anos de Open Air e o programa Experimente no canal Multishow. Tenho duas festas a Calzone e a Dancing Cheetah, onde toco e produzo.
Acha – Como vocês se encontraram?
Pedro – Nós temos amigos em comum no Rio e já devemos nos conhecer há uns sete anos e nós temos muita afinidade e começamos a trabalhar juntos agora no Sai da Rede.
Acha – Como foi o processo de curadoria dos artistas?
Amanda – Eu tinha a idéia de fazer este projeto com jovens artistas que estão surgindo junto a um movimento forte na internet. Quando pensei no conceito do projeto, chamei o Pedro, que é um cara que entende de internet muito mais do que eu. Eu já tinha pensado em alguns nomes mais conhecidos como Tiê, Tulipa e Lulina, que já estavam na minha lista. Daí falei, Pedro, me dá novas idéias e a gente fez uma lista enorme e aí juntos chegamos a estes nomes porque havia um critério de haver uma abrangência geográfica no Brasil, onde a gente mostraria diferentes sotaques. Queríamos ter vários gêneros não ficar só nessa coisa de cantoras da MPB ou só rock. Abrimos o leque e consequentemente fechamos estes nove nomes e acredito que ficou muito rico e diversificado.
Acha – Brasília é bem a cara desta diversidade. Por que abrir o Sai da Rede aqui?
Pedro – Foi o CCBB que aprovou primeiro e que acreditou mais na idéia.
Acha – O projeto segue para São Paulo com a mesma seleção de artistas?
Pedro – A mesma seleção, menos o João Brasil que vai estar em Londres, onde mora.
Amanda – Só que em São Paulo o formato é diferente. Ao invés de serem nove dias seguidos, serão quatro dias com dois shows por dia, no total de oito apresentações, às terças. Para não termos que escolher só quatro artistas, a gente pensou em fazer cada dia com dois artistas em um encontro. Eles dividem o show. Um dia vai ser Tiê com Instituto, no outro Isaar com Burro Morto, Lulina com Letuce e Tulipa com Lucas Santtana (as duplas ainda dependem de confirmação). Então acho que vai ser diferente porque eles vão fazer números juntos.
Acha – Já marcaram as datas?
Amanda – 15, 22, 29 de março e 4 de abril.
Acha – Qual a relação de vocês com as novas mídias e a internet?
Pedro – Eu uso bastante para pesquisa e divulgação de projetos em que estou envolvido. Baixo filmes, discos, coisas novas, curto downloads e streamings.
Amanda – Eu uso as mídias sociais para divulgação, apesar de não ter Twitter.
Pedro – O Queremos é um projeto em que estou envolvido que traz shows internacionais via mobilização popular e estou bastante animado neste ano. A gente já fez dois shows no Rio, o Miike Snow e o Belle and Sebastian e vamos fazer mais quatro neste verão (Mayer Hawthorne, LCD Soundsystem, Vampire Weekend e The Two Door Cinema Club). Nós fizemos uma ferramenta em que levantamos o valor dos shows pelos fãs, então quando chega o valor determinado, confirmamos o show e dependendo da bilheteria, os fãs que apostaram no início vão de graça e são reembolsados, eles viram parceiros do show.
Acha – Iniciativa bem inovadora, podia trazer para Brasília.
Pedro – A gente quer expandir para outras capitais.
Acha – O que vocês têm ouvido ultimamente?
Pedro – Acabei de baixar o disco novo do Burro Morto, que foi lançado há pouco e gostei muito. Tenho ouvido muito os discos que mais gostei em 2010, desde Broken Social Scene, de Erykah Badu, dos nacionais o da Tulipa e Marcelo Jeneci foram os dois melhores do ano, mais o Arnaldo Antunes ao vivo. Tem alguns discos importantes que devem sair neste ano e estou com bastante expectativa, como Radiohead e a própria Tulipa e o Cidadão.
Amanda – A Tiê está lançando disco novo. Eu tenho ouvido tanto os artistas do Sai da Rede, por causa do envolvimento com o projeto. A Lulina também está lançando um segundo trabalho, é um som bem diferente. De fora tem o The Excess e o The National. Aqui no Brasil, tem um grupo do sul que adoro, o Delicatessen com um jazz tradicional delicioso. Por causa do Sai da Rede, tenho recebido CDs de grupos novos, como o Garotas Suecas e outros grupos da nova geração.
Acha – Já vai acontecendo um processo de curadoria para os próximos festivais.
Amanda – Espero que a gente possa fazer este festival todo ano, pois tem muita gente nova surgindo. Quando sugerimos estes nove foi no mês de abril e maio de 2010. De lá para cá já apareceu muita gente nova. A gente quer ter bandas de Brasília no próximo ano e vamos começar a pesquisar. Tem uma cena de rock forte aqui.
Acha – E os próximos projetos?
Amanda – Eu sou produtora de dois musicais, o Sassaricando, que veio para Brasília em 2007 e fez uma temporada na Caixa que bombou. Tem um musical novo, o É com ele que eu vou, que traz sambas de carnaval famosos nos anos 30 a 70 e vem à cidade em setembro na Caixa Cultural. Outro projeto vem pra cá em novembro, o Soy Loco Por Ti América, que é a continuação do Mercosul Musical.
Pedro – A gente quer bolar mais projetos juntos, tanto para o CCBB quanto para outros locais e acabando o Sai da Rede desejo que o Queremos traga mais shows para o Rio e outras cidades. Vou continuar também com as duas festas (Calzone e Dancing Cheetah).